Indústria discute padrões e tecnologias para o 5G

06/11/2014


RIO — Enquanto o 4G ainda engatinha — são 346 milhões de usuários no mundo, sendo 3,7 milhões no Brasil —, a indústria começa a planejar a próxima geração de redes móveis, já batizada como 5G. Testes realizados recentemente pela Samsung alcançaram taxas de 7,5 Gbps, contra “meros” 300 Mbps dos sistemas atuais mais avançados, mas a alta velocidade é apenas um dos aspectos da tecnologia prevista para ser implantada a partir de 2020.

— O tempo é agora. Precisamos discutir as tecnologias, definir os padrões, conversar com reguladores para planejar o lançamento de redes a partir de 2020 — disse Chris Pearson, presidente da 4G Americas, que representa 18 das principais empresas de telecomunicações que atuam no continente. — Velocidade e capacidade formam apenas uma das dimensões a serem debatidas frente às mudanças que enfrentaremos nos próximos anos.

Segundo Kris Rinne, vice-presidente de Planejamento, Redes e Produtos da operadora americana AT&T, a expectativa é que o número de dispositivos conectados cresça entre 10 e 100 vezes nos próximos anos por causa, principalmente, da Internet das Coisas. O tráfego de dados deve aumentar entre mil e 5 mil vezes na próxima década e as redes 5G deverão ser capazes de suportar esse crescimento.

— No futuro, o acesso sem fio irá além dos humanos, para a Internet das Coisas. Serão smartgrids, carros conectados, casas e cidades inteligentes, telemedicina... As redes terão que suportar o streaming de vídeos e jogos em alta definição e realidade virtual. A exigência por banda será muito maior — afirmou Kris.

Com mais objetos conectados, cada antena deverá suportar um número maior de conexões sem que a qualidade do serviço seja afetada, o que representa outro desafio para a tecnologia. A questão de cobertura ainda precisa ser definida pelo espectro a ser explorado (quanto mais alta for a faixa de operação, menor será o alcance de cada antena), mas de antemão, a 4G Americas recomenda maior flexibilidade na infraestrutura da rede.

O uso de small cells e femtocells (pequenas antenas para ambientes fechados, como escritórios, lojas e residências) e da conexão “device to device” (entre aparelhos, para aumentar a área de cobertura) é apontado como saída para tornar a rede mais eficiente.

As mudanças prometidas pelo 5G são tão profundas que cientistas prenunciam o surgimento da World Wide Wireless Web (WWWW, em referência à World Wide Web), com capacidades de rede móveis tão potentes ou até superiores às ofertadas para desktops.

Site: O Globo
Data: 05/11/14
Hora: 16h57
Seção: Tecnologia
Autor: Sérgio Matsuura
Link: http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/industria-discute-padroes-tecnologias-para-5g-14474517