O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, reagiu às considerações de entidades de defesa do consumidor sobre a baixa qualidade dos acessos à Internet pelo celular. Para o ministro, ainda que não se possa comparar com as conexões fixas, os telefones móveis permitem a conectividade.
“Li ontem que alguém falou que celular não é inclusão digital (o ministro referiu-se à matéria divulgada no portal Convergência Digital - Para Proteste, Facebook não é inclusão digital). Quando a gente conseguir colocar fibra óptica na casa de todo mundo será um estágio superior, mas não reconhecer o smartphone como inclusão digital é um equívoco extraordinário”, afirmou Paulo Bernardo, que nesta quarta, 5/11, participou das comemorações pelos 17 anos de criação da Anatel.
Bernardo tem sustentado que os acessos 4G, particularmente a partir do uso da faixa de 700 MHz, permitirão um salto de qualidade na experiência de navegação. Ele reconhece, no entanto, que acessos móveis ultrarrápidos ainda são algo distante da maioria dos usuários. “Já tem empresa vendendo pacote de 1Gbps, mas cobra R$ 1.350. Ainda não dá”, disse.
A crítica de entidades como Proteste e Idec, no entanto, tem relação com o fato de os números gerais de acessos móveis sugerirem uma inclusão digital maior do que a real. “Se 132,2 milhões acessam pelo celular e cerca deles 80% são pré-pagos, com recargas de R$ 7 por mês, aproximadamente, essa é uma navegação muito limitada”, avaliou a advogada da Proteste, Flávia Lefèvre, durante audiência no Senado sobre o Plano Nacional de Banda Larga, na terça, 4/11.
Para Veridiana Alimonti, do Idec, seria importante que dados mais completos sobre os planos de acesso pelo celular fossem conhecidos. “Os dados de banda larga móvel são divulgados com entusiasmo, mas seria interessante que fossem divulgadas também as franquias mais contratadas dentro desses planos de Internet de celular”, disse a também advogada, na mesma audiência pública.
Para Flávia Lefèvre, pacotes de dados nessas condições não permitem aos usuários desfrutar várias aplicações da rede. “Acessar o Facebook pode ser muito bom, muito divertido, mas está longe de se constituir em inclusão digital”, disse. As entidades são contumazes defensoras da oferta de conexões à rede em regime público – ou seja, em modelo de obrigações de universalização semelhante ao que existe na telefonia fixa.
Há, ainda, um ponto raramente mencionado quando se trata de números de acessos móveis. Segundo as próprias operadoras, são considerados como acessos à Internet pelo celular quando os aparelhos utilizados têm condições de fornecerem conexões à rede, independentemente de existirem efetivamente planos de dados associados a eles.
Site: Convergência Digital
Data: 05/11/14
Hora: 16h04
Seção: Inclusão digital
Autor: Luis Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=38336&sid=14#.VFp9m_nF92E