Internet deve ser direito humano básico

27/11/2014

Dois terços dos usuários de internet, em todo o mundo, estão mais preocupados hoje com a privacidade on-line do que há um ano, quando esta preocupação atingia pouco mais da metade (64%). Quanto ao modelo de governança ideal para a rede, a maioria (57%) aponta com ideal o multi-stakeholder, que reúne empresas de tecnologia, engenheiros, organizações e instituições não governamentais unidas em prol dos interesses e  dos anseios dos cidadãos comuns. Para 86% dos usuários de Internet no Brasil, e 83% no mundo, o acesso barato à Internet deve ser um direito humano básico.

Os dados fazem parte da mais nova pesquisa publicada pelo instituto Ipsos, desenvolvida a pedido do  CIGI (Centre for International Governance Innovation, ou Centro para Governança Internacional de Inovação). A pesquisa foi realizada em 24 países, da África, da Ásia, da Oceania, da Europa e das Américas, incluindo Brasil e Estados Unidos.

De acordo com o estudo, entre as principais áreas de preocupação dos usuários da Internet no mundo, estão a pirataria criminosa em contas bancárias pessoais (78%), que aparece em primeiro lugar,  seguida de informações pessoais roubadas, tais como mensagens privadas e fotografias, através de pirataria (77%).

O temor também é grande quanto ao monitoramento de empresas privadas e das atividades dos usuários da Internet para a venda dessas informações sem o consentimento explícito (74%). Quando se trata de questões de privacidade e governança da Internet, os entrevistados no Brasil demonstram uma preocupação maior com relação à privacidade on-line (83%), em comparação com as atitudes globais.

Fen Hampson, diretor CIGI’s Global Security & Politics Program, afirma que as descobertas marcantes deste levantamento sobre as atitudes globais ressaltam fortemente que os temores sobre a segurança se deslocaram do mundo físico para o mundo virtual.

“Há um déficit de confiança escancarado na Internet entre os usuários, em todo o mundo. Cada vez mais, eles se preocupam que suas identidades e comunicações on-line possam ser roubadas por aqueles que operam nas trevas da Internet ", diz Hampson. "A menos que a confiança seja restaurada na Internet por meio de inovações de governança criativas, seu potencial real para promover o desenvolvimento humano e prosperidade global estará seriamente comprometido”, completa.

Outra preocupação diz respeito à defesa da privacidade de governos e  instituições. A pesquisa mostrou que a maioria absoluta dos usuários da Internet está preocupada com o fato de instituições importantes em seus respectivos países serem atacadas por um governo estrangeiro ou uma organização terrorista. Dois terços dos usuários de internet se declaram temorosos com questões relacionadas à censura na internet e com o  fato de haver agências governamentais de outros países monitorando secretamente suas atividades online.

Segundo Hampson, o apoio esmagador do público mundial para a idéia de que o acesso à Internet deve ser um direito humano também mostra o quão importante é a relação da rede com a liberdade de expressão, a liberdade de associação, a comunicação social, a geração de novos conhecimentos e às oportunidades econômicas e crescimento.

"Neste momento, um terço da população mundial está online, mas dois terços da população do mundo não. Esta situação não só contribui para a desigualdade de renda, mas sufoca todo o potencial do mundo para a prosperidade e inovação”.

Site: Convergência Digital  
Data: 26/11/14
Hora: 12h26
Seção: Internet
Autor: -----
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=38502&sid=4#.VHYtMtLF_EU