Internet das coisas desencadeará novo ciclo econômico, defende Michael Porter

04/12/2014

A internet das coisas talvez seja o vetor mais significativo de remodelamento do cenário competitivo. O conceito trará uma nova era de prosperidade graças ao seu potencial de entregar novos modelos de negócio. Esse é um argumento de um ensaio escrito pelo economista Michael Porter, em parceria com James Heppelmann, presidente e CEO da PTC, e publicado recentemente na Harvard Business Review.

Ao longo dos últimos 50 anos, a tecnologia passou por duas transformações gigantescas, movimento que alguns chamam de “ondas”, como definem os autores. A primeira ocorreu entre 1960 e 1970, quando a TI habilitou a automação de processos. A segunda etapa versa sobre o advento da internet. A terceira, no caso, é a própria IoT.

O conceito, defendem os autores, torna a TI como parte integral dos próprios produtos. Isso ocorre a partir da aplicação de sensores, processadores e softwares em qualquer dispositivo imaginável e abastecendo recursos analíticos. A combinação mudará a maneira como empresas operam, vão ao mercado e interagem com seus consumidores.

“A terceira onda de transformação da tecnologia trará um potencial superior ao das anteriores, potencializando ainda mais inovações, ganhos de produtividade e crescimento econômico sem precedentes”, argumentam Porter e Heppelmann.

Alfonso Velosa, diretor de pesquisas sobre internet das coisas no Gartner, acredita que um momento de mudança fundamental está a caminho, mas em um horizonte ainda distante, podendo levar algo como 10 ou 20 anos. O interesse em IoT ocorrem por o mercado começa agora a alinhar ingredientes como sensores, softwares, estruturas de comunicação. “Estamos apenas tocando a superfície de mercado, por enquanto”, observa.

O conceito se baseia no fato de que praticamente qualquer produto pode ser um produto inteligente, comunicando-se entre si. Esses dispositivos integram um serviço com base em uma rede de ferramentas tecnológicas, detalha Fiona McNeill, líder global de marketing de produtos da SAS.

Para ilustrar sua visão, a executiva cita um projeto que a provedora de ferramentas de análise realiza em um fabricante de caminhos que utiliza o conceito de IoT para mitigar eventuais falhas com 30 dias de antecipação e 90% de precisão.

Esse tipo de capacidades que vem sendo adicionadas em indústrias de equipamentos de alto valor, como transporte ferroviário, hospitalar e utility. Eventualmente, o conceito abarca também tecnologia vestíveis (wearables).

Transformar o pleno potencial da IoT em realidade pode ser uma tarefa difícil de executar, uma vez que exigirá altos níveis de imaginação para compreender que produtos podem ser criados ou habilitados com uso de recursos computacionais. O que fazer com os dados? Quais serviços criar? De onde emergem novos produtos? Essas são apenas algumas questões a serem respondidas.

Avanços recentes – como computação em nuvem, mobilidade e big data – amplificaram as possibilidades de transformarem operações de negócio, observa Seth Robinson, diretor sênior de tecnologia da associação CompTIA. Mas, com a internet das coisas “há uma grande oportunidade para empresas fazerem algo realmente novo”, acrescenta.

Não existe um mapa detalhado sobre como isso irá se desenvolver, o que deixa algumas pessoas hesitantes com relação a real efetividade do conceito.

Site: Computerworld
Data: 03/12/14
Hora: 16h30
Seção: Negócios
Autor: ------
Link:  http://computerworld.com.br/negocios/2014/12/03/internet-das-coisas-desencadeara-novo-ciclo-economico-defende-michael-porter/