O novo governo da presidenta Dilma Rousseff está sendo definido e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica Eletrônica -Abinee - se posiciona. Entidade comemora a indicação de Armando Monteiro, para o Desenvolvimento. "O novo ministro sabe o que é a Lei de Informática. Ele sabe o que é um PPB", frisou o presidente da Abinee, Humberto Barbato. Preocupação reside no futuro do BNDES. "Há programas essenciais como o PSI que não podem parar", acrescentou.
Nesta quinta-feira, 04/12, em almoço com a imprensa, em São Paulo, para fazer um balanço do ano de 2014, os diretores da Abinee falaram sobre suas expectativas para o segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff. A grande expectativa é que os novos ministros do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e das Comunicações - que formam o tripé da indústria eletroeletrônica com o do Desenvolvimento - tenham interlocução com a presidenta Dilma e possam sentar à mesa em condições de igualdade de negociação com a Fazenda, que será conduzida por Joaquim Levy, e o Planejamento, que terá Nélson Barbosa.
"Esses ministros devem entender muito do setor. E têm de ter força para conversar com a Fazenda e colocar as necessidades de TIC. Esse é um trabalho que precisamos muito para acelerar os projetos", pontuou Humberto Barbato. Sobre a possível recondução Virgílio Almeida na Secretaria de Política de Informática (SEPIN), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o mercado, acredita a Abinee, reagirá de forma positiva.
"Virgílio Almeida foi um interlocutor importante nesses quatro primeiros anos de governo Dilma. Ele se posicionou sobre o setor diante da Fazenda, em questões importantes para a indústira de TIC. O importante, mesmo, é que o MCTI venha a ser conduzido por quem entenda as nossas necessidades e tenha força para sentar à mesa com a Fazenda e com o Planejamento", reforçou Barbato, sem querer citar nomes para os cargos.
Para o presidente da Abinee, a maior preocupação, neste momento, está com o futuro do BNDES. "Ele é um banco crucial para a indústria. Se houve erros, e até houve, porque algumas empresas receberam muito dinheiro e outras não receberam nada, é preciso revisar os critérios. Mas há programas essenciais como o PSI e o Cartão BNDES que não podem parar. Se pararem, a indústria desaba ainda mais", colocou Barbato.
Questionado sobre a possível criação do Banco FINEP, entidade de inovação, do MCTI, Barbato foi cauteloso, mas disse não enxergar necessidade de se criar 'mais armários'. "O BNDES não poderia fazer esse papel. Por que criar mais uma instituição? Não seria melhor simplificar e usar o que já existe. A máquina governamental já é suficientemente grande", pontuou.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, foi bastante elogiado pelo diretor de Telecomunicações da Abinee. "Foi sem dúvida o melhor ministro da pasta nos últimos 12 anos", enfatizou Paulo Castelo Branco. Com as reiteradas declarações de Paulo Bernardo que deixará o cargo, o diretor da Abinee fez uma reivindicação: a manutenção da equipe técnica. "Temos um trabalho muito estreito. Eles têm um conhecimento profundo das nossas necessidades. Se por ventura tiver mudanças, que elas respeitem o conhecimento técnico", pediu o executivo.
Enxugando gelo com toalha quente
As políticas industriais feitas no governo Dilma foram também elogiadas, entre elas, a da desoneração da folha, que pouco impacto produziu na indústria eletroeletrônica, segundo a Abinee. "Mas ela foi decisiva no setor elétrico". Mas Humberto Barbato foi duro ao bater na política cambial. "A indústria está pagando o preço de uma política cambial desfavorável. Estamos enxugando gelo com uma toalha quente", disparou.
Para o presidente da Abinee, o dólar, hoje, deveria estar na casa dos R$ 3,00. "Sei que vou ser criticado por setores da própria Abinee que podem querer a moeda americana um pouco mais baixa, mas a verdade é que temos de ser mais produtivos e competitivos. Não estou pedindo proteção, mas condições de disputar em igualdade no mundo globalizado. O câmbio está fora do lugar há muitos anos. Que ele venha ficar mais próximo da nossa realidade", completou.
A Abinee divulgou que o faturamento nominal do setor eletroeletrônico deverá crescer 2% em 2014 em relação a 2013, chegando a R$ 159,4 bilhões. Mas se for descontada a inflação do setor - 6% - o faturamento real apresentará uma queda de 3%, ocasionada pela redução de consumo no mercado interno e das exportações.
Mais uma vez os smartphones e os tablets fugiram à regra e compensaram as perdas de outros setores. Com mercado interno mais retraído, as importações também diminuíram. E por conta disso, o déficit da balança comercial do setor deverá ficar em US$ 35,2 bilhões, 3% abaixo do registrado no ano passado. Para 2015,as previsões são de um ano muito semelhante a 2014, com um crescimento nominal esperado de apenas 2% em relação a 2014.
Site: Convergência Digital
Data: 04/12/14
Hora: 15h45
Seção: Governo
Autor: Ana Paulo Lobo
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=38579&sid=11#.VICwSTHF-WE