Depois do beiço da “comunidade” da Internet e de três cartas públicas de entidades que se recusaram a participar do projeto, a NetMundial Initiative, ou simplesmente NMI, anunciou algumas mudanças em sua estrutura, notadamente o enterro dos assentos permanentes ao trio fundador – ICANN, Fórum Econômico Mundial e o Comitê Gestor da Internet no Brasil.
Mais do que isso, conforme divulgado em nova sessão de esclarecimentos realizada nesta quinta-feira, 4/12, esse mesmo trio vai tentar se reunir com os autores dos manifestos anti-NMI. Desde que a Internet Society – um dos grupos a reunir parte do que se convenciona chamar de “comunidade técnica” – divulgou uma carta recusando fazer parte da Iniciativa, a rejeição aumentou.
Nesta mesma quinta, o Internet Architecture Board (o comitê de arquitetura da Internet, parte da Isoc) foi na mesma linha e alegou que “o esforço não incentiva o tipo de engajamento da comunidade que acreditamos ser fundamental”, e também pulou fora. Segue não apenas a Isoc, mas também a Câmara Internacional de Comércio (ICC na sigla em inglês).
A turma do business questionou “inconsistências” no projeto, além da duplicação de esforços com o Internet Governance Forum (IGF ou Fórum de Governança da Internet) ou mesmo com a Comissão de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento, da ONU. Também lamentou que os participantes tenham que aderir aos princípios do NetMundial, a reunião realizada no Brasil este ano.
Resumidamente, a NMI se coloca como uma plataforma para discussões online sobre governança. É mais ou menos como a 1net, criada para a preparação do NetMundial, ou mesmo como a plataforma online criada pelos organizadores do encontro no Brasil por onde foram encaminhadas as propostas discutidas no fim de abril, em São Paulo.
Para os idealizadores, essa plataforma teria capacidade de avançar em discussões, sem a necessidade de reuniões presenciais dos interessados. O sonho é que dos debates sejam propostas soluções para diferentes dilemas da governança da Internet e, até mesmo, o surgimento de financiadores dessas soluções, como nas plataformas de crowdfunding.
As críticas se concentram no Conselho de Coordenação proposto. Colocado como uma forma de secretariado do NMI, deve ser formado por 25 integrantes – sendo cinco deles permanentes: ICANN, CGI.br e o Fórum Econômico, além da Isoc (que recusou) e o IGF. Outros 20 assentos são indicados pela “comunidade” entre técnicos, governos, sociedade civil e setor privado.
“Ouvimos claramente a comunidade e concordamos que o melhor a fazer seria remover qualquer ideia de manter assentos permanentes”, disse o presidente da Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números, ICANN, Fadi Chehadé, nesta quinta. “Há uma percepção errada do que estamos tentando fazer”, emendou o diretor do Fórum Econômico Mundial, Richard Samans.
Até aqui, há 16 nomes indicados – além de outros três pendentes de confirmação, sem contar os três “fundadores”, ICANN, Fórum Econômico Mundial e CGI.br. O prazo inicial de indicações terminaria nesta sexta, 5/12, mas foi prorrogado até 15/12. Uma nova prorrogação está sendo discutida, mas antes devem ser realizadas (ou tentadas) as mencionadas reuniões com Isoc, IAB e ICC.
Site: Convergência Digital
Data: 05/12/14
Hora: 8h15
Seção: Internet
Autor: Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=38584&sid=4#.VIGZ_tLF_EU