Cisco observa industrialização do cibercrime

11/12/2014

Cidades inteligentes, carros conectados, smart grids, comunicação entre máquinas. À medida que um número cada vez maior de dispositivos ganha capacidade computacional e passam a ser conectados, as superfícies de ataques se expandem. O contexto deve, na visão da Ciscos, levar o mundo a um movimento de industrialização do cibercrime.

“Hacking virou algo pervasivo”, comenta Marty Roesch, líder do grupo de arquitetura de segurança da fabricante, direcionando algumas preocupações da companhia quanto a ameaças em um contexto orientado à internet das coisas (IoT), conceito que aparece no radar de 71% das empresas latino-americanas.

O futuro das máquinas, dos dispositivos e das estruturas faz com que consultorias de mercado e provedores de TI alertam o mercado. "[ITO] é uma realidade em ambiente industrial, coletando informações sensíveis e expondo infraestruturas físicas que podem abrir portas para ataques a um governo ou empresa", classificou a fabricante de antivírus Eset.

Descobriu-se recentemente que um grupo hacker iraniano teria comprometido computadores e infraestruturas críticas de redes de 50 organizações espalhadas por 16 países. A lista de atacados contempla companhias aéreas, empresas de segurança e defesa, universidades, instalações militares, hospitais, aeroportos, empresas de telecomunicações, agências de governo e provedores de serviço de energia.

A Cisco estima que chegaremos a marca de 50 bilhões de dispositivos conectados em 2020. De acordo com a fabricante, atualmente, apenas 1% “das coisas” do mundo se comunicam. Companhia aponta para oportunidades de negócio da ordem de US$ 19 trilhões com IoT (manufatura investirá nada menos que US$ 3,9 trilhões no contexto; varejo, US$ 1,5 trilhão; finanças, US$ 1,3 trilhão; saúde, US$ 1,1 trilhão e óleo e gás US$ 504 bilhões).

Agora, por outro lado, há de se pensar o que pode ocorrer em termos de segurança quanto tivermos 5%, 10% ou 50% de máquinas inteligentes. “É preciso se antecipar para que a internet das coisas não seja um problema antes de ser uma oportunidade”, defende Roesch, para adicionar: “Há problemas interessantes que precisam ser resolvidos”.

Na visão do executivo, a proliferação da internet das coisas tende a criar uma “indústria” do cibercrime. Um hacker (empreendedor) desenvolve novas técnicas (startup) e parte rapidamente em uma busca para monetizar sua ideia, intensificando e automatizando processos ataques. “As pessoas que fazem isso [cibercrime] não são estupidas e sabem que há muito dinheiro para roubar”, adiciona.

A infraestrutura rede tem um papel importante na segurança da IoT e, muito possivelmente, a necessidades de evolução e troca de abordagens para responder a demandas que emergirão a partir desse novo contexto de dispositivos conectados. Na opinião de Roesch, uma das únicas alternativas reside em estabelecer parcerias que fortaleçam mecanismos de defesa. “Há muitas peças nesse quebra-cabeças”, resume, dando a dimensão de que há ainda muito para evoluir no tema.

*O jornalista participa do Global Editors Conference 2014, nos Estados Unidos, a convite da Cisco.

Site: Computerworld
Data: 10/12/14
Hora: 14h10
Seção: Segurança
Autor: Felipe Dreher
Link: http://computerworld.com.br/seguranca/2014/12/10/cisco-observa-industrializacao-do-cibercrime/