Discussões sobre computação em nuvem, invariavelmente, começam com a taxonomia "IPS": Infraestrutura como serviço (IaaS), Plataforma como um serviço (PaaS) e Software como Serviço (SaaS). Esta taxonomia tem a virtude de ser compreensível e deparar perfeitamente os requisitos de avaliação:
Quer uma aplicação? Olhe para um provedor de SaaS para aplicações dedicadas (HR, finanças, impressão, etc).
Quer escrever sua própria aplicação? Olhe para um provedor de IaaS que lhe permite criar seu próprio aplicativo personalizado.
Quer entender o conceito de dar aos usuários o poder de gerenciar a entrega de serviços ligados aos aplicativos. Olhe para algo como o Google App Engine para ter uma ideia do que pode ser o PaaS.
Esta última categoria nunca foi uma preocupação premente, por não ter concorrentes muito fortes. No entanto, isso está mudando.
Provedores de nuvem de todos os matizes estão convergindo para o que será o campo de batalha desenvolvimento de amanhã - PaaS. Eles identificaram claramente um mercado crucial, no qual os vencedores poderão desfrutar recompensas enormes. O mesmo mercado que vai apresentar desafios significativos para os usuários.
A evidência dessa convergência está ao nosso redor. O efeito disso é que a taxonomia IPS está com os dias contados, e o mundo da computação em nuvem ficando muito mais complicado, com cada provedor procurando oferecer uma solução que cubra todas as necessidades de computação dos clientes. Seu provedor de SaaS quer ajudar você a escrever seus próprios aplicativos. Seu provedor de IaaS quer cercar sua infraestrutura com uma funcionalidades úteis capazes de tornar os desenvolvedores mais produtivos.
Neste mundo da computação em nuvem onde a combinação de serviços impera é muito mais difícil de discernir facilmente apenas o que um provedor oferece, e essa ambiguidade apresenta novos desafios para as empresas. Principalmente no que diz respeito a PaaS, já que o poder inquestionável dessas plataformas impõem questões para as empresas que elas só perceberão, muitas vezes, depois de terem implementado uma série de aplicações.
Aqui estão algumas dessas questões nas quais os líderes de TI deverão pensar ao começarem a avaliar as suas opções de PaaS:
1. Lock-in - Cada provedor implementa seu próprio conjunto de APIs e muitas vezes seu próprio banco de dados e ambiente de programação. O resultado é que o usuário acaba ficando aprisionado na nuvem deste provedor, uma vez que o trabalho de mover suas aplicações para outras nuvens não será muito simples e nem será barato.A produtividade que você ganha, aproveitando as ofertas do provedor de PaaS, pode ir pelo ralo frente à dependência que você sofre por conta das especificidades da oferta. Mas, estou menos disposto do que muitos a ver o lock-in como uma questão puramente negativa. Acho que até pode fornecer benefícios significativos. Mas é importante estar de olhos abertos para isso.
2. Complexidade - Cada provedor PaaS coloca seu conjunto de funcionalidades de forma diferente, com o seu framework construído de acordo com sua visão de como os aplicativos devem ser projetados. Determinar a melhor forma de escrever e executar o aplicativo em um ambiente PaaS não é trivial. Com certeza, bem distante da prática tradicional no ambientes locais.
3. Diferenciação do provedor dos serviços de cloud - Como observado acima, uma série de frameworks PaaS fornece uma camada de abstração que esconde do desenvolvedor de aplicativos os detalhes do provedor de nuvem. Quanto maior o nível de abstração da nuvem, maior seu potencial de lock-in.
4. Novas habilidades - Seus desenvolvedores terão que aprender um novo framework e como desenvolver aplicativos para ele. Muitos dos primrieos usuários a adotarem cloud computing foram abençoados com o pessoal de desenvolvimento altamente qualificado capaz de absorver rapidamente novas habilidades. mas isso não é comum. Aqui temos, sem dúvida, um desafio de recursos humanos.
5. Mapeamento de práticas existentes - A maioria das organizações já tinha frameworks, metodologias e práticas operacionais. Eles terão que ser reavaliadas à luz de um novo framework e modificada em conformidade. Este problema já existe na adoçào de IaaS. Vai apenas ser exacerbado.
Esta lista pode parecer um rol de lamúrias cheio de razões para levá-lo a recusar-se a abraçar a computação em nuvem. Na verdade, nada poderia estar mais longe da verdade. A realidade é que questões significativas apresentam-se com cada nova plataforma, seja ela um servidor, um computador pessoal, um computador em nuvem ou um computador móvel. É crucial reconhecer que os desafios veem sempre acompanhados de benefícios associados a cada nova plataforma. E que é preciso estar preparado para enfrentá-los. Também é importante ter em mente as tensões - e soluções - que ocorreram no passado. Para citar o escritor George Santayana: "Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo."
(*) Bernard Golden é CEO da empresa de consultoria HyperStratus
Site: Computerworld
Data: 27/01/2015
Hora: 8h33
Seção: Tecnologia
Autor: Bernard Golden
Link: http://cio.com.br/tecnologia/2015/01/27/como-avaliar-os-servicos-de-paas/