Cidades inteligentes são cidades melhores?

06/02/2015

O termo foi descrito pela primeira vez em 1999 por Kevin Ashton e contempla sua visão – agora realidade – sobre sensores, dispositivos e cidadãos conectados pela internet.

Ao longo destes anos, tanto a Internet quanto outras tecnologias continuaram sendo desenvolvidas e amadurecidas, sendo que uma enorme quantidade de soluções de grandes corporações tornaram a ‘IoT’ (“Internet of Things”) não apenas uma opção factível para um bom número de cidades e metrópoles do presente, mas também um elemento crítico para torná-las as ‘Cidades Inteligentes’ no futuro.

Um resumo ilustrativo pode ajudar a entender o que é a Internet das coisas:



Ao longo destes anos, tanto a Internet quanto outras tecnologias continuaram sendo desenvolvidas e amadurecidas, sendo que uma enorme quantidade de soluções de grandes corporações tornaram a ‘IoT’ (“Internet of Things”) não apenas uma opção factível para um bom número de cidades e metrópoles do presente, mas também um elemento crítico para torná-las as ‘Cidades Inteligentes’ no futuro.



As luzes da cidade espanhola são de alta eficiência e se conectam a rede de fibra subterrânea. Diversas características foram atreladas, como circuito fechado de monitoramento (“CCTV”), sensores da qualidade de ar e Wi-Fi, capazes de gerenciar dinamicamente o nível de iluminação de acordo com as condições do entorno e com resultados significativos na economia de energia.

Até o momento, a cidade já economizou mais de 58 milhões de dólares por ano, além de 33% de receitas adicionais com estacionamentos (cerca de 50 milhões de dólares); e criou mais de 45 mil empregos relacionados exclusivamente às iniciativas de Cidades Inteligentes e Internet das Coisas.

De fato, algumas das cidades ‘IoT-powered’ estão pesquisando e criando iniciativas visando melhorias na qualidade de vida de suas populações em uma variedade de formas, incluindo desde medidas que promovem ambientes ecologicamente corretos e sustentáveis até a entrega de serviços ‘conectados’ de saúde, segurança e tráfego.

Existem vários dispositivos e aplicativos de fitness (como o Microsoft Band, Mio Fuse, Runtastic Orbit) que são bons exemplos da visão de saúde e bem-estar ‘conectados’ implementados com tecnologias de IoT e com conceitos de ‘gamificação’, com funcionalidades similares às dos jogos.

Outra iniciativa que reforça a relevância e importância deste tema para as cidades e população em geral é a rede formal de Cidades Saudáveis (“Healthy Cities Network”) da Organização Mundial de Saúde (OMS) da ONU, com centenas de membros em todo mundo que, além de se beneficiarem destas tecnologias, estão desenvolvendo iniciativas específicas para melhoria da qualidade de vida e bem-estar das populações locais.

Big Data e Internet das Coisas

Muito do ‘Big Data’ é continuamente gerado por sensores, dispositivos, sistemas e serviços geoidentificados ou geolocalizados. Sendo assim, a estruturação de sistemas analíticos robustos e com inteligência geoespacial para processar e compreender estes dados em tempo real não pode ser superestimada.

Serviços de IoT originam enormes quantidades de dados em tempo real e geralmente têm implicações de privacidade e segurança. As cidades serão realmente ‘inteligentes’ mediante um sistema robusto, confiável e com inteligência nos processos para integrar e consolidar dados e filtrar os ruídos para a melhoria da eficiência, sustentabilidade e qualidade de vida.

Internet das Coisas e Cidades Inteligentes

O tema é uma das principais abordagens entre pesquisas emergentes e temas de negócio para o século 21. Reconhecendo sua importância, a University College London (UCL) lançou recentemente um mestrado científico (MSc) e em pesquisa (MRes) sobre  Smart Cities.

Durante a Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas, o CEO da Cisco estimou a oportunidade de IoT combinada para o setor público e privado em cerca de 19 trilhões de dólares na próxima década; e também, como cidades ‘hiper-conectadas’ poderiam transformar a indústria do varejo com carrinhos inteligentes e atendentes virtuais; redução dos custos de energia das cidades para iluminação pública; gestão e coleta de lixo através de lixeiras conectadas e a forma como as cidades gerenciam estacionamentos através de mecanismos de busca em tempo real que se comuniquem com estacionamentos (públicos ou privados).

Cidades inteligentes são cidades melhores

Existem vários exemplos de cidades inteligentes que estão utilizando tecnologias de Internet das Coisas e de Big Data, além de técnicas e ferramentas de analytics. Muitas destas aplicações são replicáveis às cidades brasileiras, inclusive em projetos da iniciativa privada

Em Barcelona, por exemplo, há os pontos de ônibus inteligentes, que conectados à rede de fibra óptica oferecem aos usuários previsões em tempo real da chegada do ônibus, informações turísticas e anúncios digitais com plugues de carga USB para dispositivos móveis, além de pontos gratuitos de Wi-Fi. Já os estacionamentos identificam a presença de carros por meio de uma combinação de luzes e detectores de metais, através de uma rede WiFi, e possibilita ao cliente saber a disponibilidade de vagas e fazer o pagamento.

Sensores distribuídos em vários pontos na cidade fornecem dados em tempo real de fluxo de cidadãos, barulho e outras formas de poluição ambiental, assim como tráfego e condições climáticas. Isso permite que autoridades otimizem as operações da cidade, incluindo melhor gestão ambiental, sustentabilidade econômica e social.

As luzes da cidade espanhola são de alta eficiência e se conectam a rede de fibra subterrânea. Diversas características foram atreladas, como circuito fechado de monitoramento (“CCTV”), sensores da qualidade de ar e WiFi, capazes de gerenciar dinamicamente o nível de iluminação de acordo com as condições do entorno e com resultados significativos na economia de energia.

Outro ponto interessante: as latas de lixo são conectadas por redes sem fio e equipadas com sensores que monitoram o volume de lixo nas mesmas – futuras versões dos sensores poderão detectar, inclusive, a presença de materiais perigosos no interior das latas. Os dados chegam às secretarias e empresas de limpeza e permitem melhor planejamento das rotas de coleta, atualizando os motoristas dos caminhões em tempo real em relação aos percursos, o que resulta na otimização do custo do serviço de gestão de detritos.

Até o momento, a cidade já economizou mais de 58 milhões de dólares por ano, além de 33% de receitas adicionais com estacionamentos (cerca de 50 milhões de dólares); e criou mais de 45 mil empregos relacionados exclusivamente às iniciativas de Cidades Inteligentes e Internet das Coisas.

São Paulo atravessa uma das piores secas das últimas décadas. O governo e setores de serviços e tecnologia têm a oportunidade de oferecer soluções tecnológicas ao problema. A conexão virtual de dados, processos e pessoas cria um mundo de novas oportunidades econômicas e benefícios aos cidadãos. No próximo mês, vamos falar sobre gestão da água e IoT.

(*) Por: Daniel Lázaro é líder da prática de Big Data da Accenture na América Latina

Site: CIO
Data: 06/02/2015
Hora: 8h15
Seção: Tecnologia
Autor: Daniel Lázaro
Link: http://cio.com.br/tecnologia/2015/02/06/cidades-inteligentes-sao-cidades-melhores/