Avanço da nuvem coloca grandes empresas na mira do Google Brasil

A computação em nuvem deixa de ser mistério e avança de forma consistente no Brasil. A proliferação de casos de sucesso estimula novas empresas a partirem rumo a cloud. O modelo se aprofunda, deixa a camada de early adopters e atinge camadas mais conservadoras das organizações. O Google quer aproveitar essa nova leva de novos usuários e proliferar suas ferramentas, especialmente entre as grandes organizações.

“Agora existe uma adoção em massa”, sintetiza Fernando Teixeira, líder de Sales Engineering da companhia para a América Latina, sobre as possibilidades de negócio. Ele prossegue: “chegamos a segunda leva de empresas que entram nesse campo. Companhias que perceberam que ir para cloud é fundamental para manter competitividade. É nesse ponto que estamos no Brasil”.

O fato é que os fornecedores identificaram que, passada quase uma década desde que se cunhou o termo “cloud computing”, o conceito se solidificou. Dessa forma, as empresas perderam o medo, e rumar para nuvem não se trata mais do “se devo ir ou não”, mas “quando irei” e “o que levar”.

Uma das estratégias do Google considera a ampliação de sua rede de revendas. De acordo com Teixeira, o movimento considerará, inclusive, alianças com “parceiros de grande porte e representatividade”, que ajudariam a companhia a atingir um nível de maior envergadura. “Há uma mudança fundamental na forma como entendemos a colaboração”, resume Mauro Rezende, líder de operações do Google for Work para a América Latina.

Há de se considerar ainda que acabou a era que a empresa reinava praticamente soberana no campo de soluções em nuvem. Uma postura mais agressiva da provedora também viria para barrar o avanço da concorrência, afinal, não foi apenas a gigante de buscas que percebeu o avanço da nuvem em um universo muito maior de clientes em potencial.

A Microsoft passa por um período de aceleração de suas ferramentas cloud, a AWS saiu da oferta especifica de infraestrutura para lutar no campo de mensageria/colaboração com seu WorkMail e a IBM tenta adaptar seu portfólio para não perder terreno tanto com o Verse quanto com SoftLayer.

Consumerização

No fundo, o que essas empresas parecem ter assimilado é que a consumerização chegou para ficar e não impacta apenas questões como dispositivos móveis. Os sistemas sofrem influencia brutal a partir do momento que a colaboração se torna mais presente e os sistemas devem proporcionar experiências mais amigáveis.

Há um reflexo no campo do ciclo de vida das aplicações, com novidades chegando sem grandes estardalhaços e ocorrendo de maneira incremental e quase diária. “O mercado hoje é muito ágil. (O período de) dois anos passou a ser uma janela muito grande para apresentação de novidade", comenta Teixeira, citando que o Google trabalha e praticamente introduziu o modelo de inovação contínua.

Faz algum tempo a companhia trocou o nome Apps for Enterprise por Google For Work. Segundo o executivo, a troca na marca veio justamente para mostrar essa aproximação do mundo de consumo com o corporativo. “Caiu a barreira de que a pessoa está limitada pelo escritório. As barreiras começaram a cair”, comenta Teixeira.

Novas ferramentas

Aos poucos, a provedora começa a trazer novas ferramentas corporativas para a América Latina. Rezende menciona que também está chegando na região o Android For Works, sistema que torna o sistema operacional mais aderente a demandas empresariais e alinhado a políticas de bring your on device (Byod).

Além disso, o executivo cita “uma adoção grande” de aparelhos como o Chromebook e enxerga o potencial dos aparelhos vestíveis por organizações como suporte e apoio a atividades empresariais. A empresa, contudo, não comenta seus planos para wearables como o Glass por organizações na região. “Ainda não está no mercado latino-americano”, ressaltam.

Apesar de desconversarem sobre o tema e não apontaram para disponibilidade local, o produto já encontra-se em uso por companhias como Tecnisa, por exemplo, enquanto organizações como Totvs já adaptam seus sistemas para estarem aptas a explorar a tecnologia. Pelo visto, a consumerização é uma estrada de múltiplas vias.

Site: Computerworld
Data: 10/02/2015
Hora: 8h40
Seção: Negócios
Autor: Felipe Dreher
Link: http://computerworld.com.br/negocios/2015/02/10/avanco-da-nuvem-coloca-grandes-empresas-na-mira-do-google-brasil/