A internet móvel — acessada por celulares inteligentes, laptops e tablets — contribuiu com US$ 13 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2013. E pode chegar a US$ 37 bilhões em 2017, segundo o estudo “O crescimento da economia da internet móvel global”, realizado pela consultoria Boston Consulting Group (BCG). Smartphones e conexões mais baratas podem ajudar a manter o peso da internet móvel na economia em expansão.
O PIB brasileiro em 2013 somou R$ 4,8 trilhões e cresceu 2,3% em relação a 2012, segundo dados do IBGE levantados pelo ValorData. Desde o ano passado, porém, a economia mudou de rumo, desacelerando fortemente. Há projeções no mercado financeiro que indicam uma retração em torno de 1,5% neste ano e estagnação em 2016. Mesmo com a economia fraca, especialistas têm dito que há espaço para o mercado da internet móvel — smartphones, em especial — continuar crescendo.
O Brasil tem mais de 51 milhões de smartphones em uso, o equivalente a 37% dos 137 milhões de aparelhos celulares do país, segundo a Nielsen Ibope. Até 2017, este número pode chegar a 70 milhões. O número de aparelhos em uso é um pouco menor que o de linhas em serviço divulgado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), de 280,7 milhões, porque muitas pessoas usam mais de uma linha em um mesmo aparelho.
Nos 13 países pesquisados pelo BCG, que representam 70% do PIB global, a internet móvel gera US$ 700 bilhões em receitas anuais e cerca de 3 milhões de empregos. Até 2017, as receitas devem chegar a US$ 1,55 trilhão, com alta de 23% a cada 12 meses. A maior contribuição individual virá de aplicativos, conteúdo e serviços, como reflexo de mais compras e publicidade online.
“Não é exagero dizer que os consumidores de todos os lugares passaram a depender da internet móvel. Seja para comunicação, consumo, comércio ou informação, eles não querem abrir mão das capacidades oferecidas”, diz Wolfgang Bock, um dos autores da pesquisa. O Brasil é citado no estudo como exemplo de como a internet móvel pode influenciar toda a economia.
O rápido crescimento da internet móvel em mercados em desenvolvimento é reflexo das rápidas taxas de penetração de smartphones e da expansão da cobertura de redes 3G e 4G, que impulsionam aplicativos, conteúdo e serviços. As receitas com internet móvel aumentam mais de 25% ao ano no Brasil e na China.
“A grande questão é que, para esse ambiente continuar se desenvolver, a maior penetração de smartphones e a redução de preço são pontoschave”, diz Julio Bezerra, sócio da BCG.
O estudo aponta que os preços de aparelhos recuaram 25% no mundo entre 2011 e 2013. Até 2017, é esperada queda de mais 19%. As razões incluem menores custos de desenvolvimento e fabricação, a saturação de aparelhos em algumas economias desenvolvidas, e ciclos prolongados de modernização.
No Brasil, a maior parte da receita com internet móvel (58%) é destinada a plataformas de habilitação, aparelhos móveis e sistemas operacionais. O acesso por meio de operadoras responde por 19% dos gastos, seguido por aplicativos, conteúdo e serviço (14%) e despesas com rede e infraestrutura operacional (8%). “Isso significa que há muito espaço para o mercado de aplicativos domésticos”, diz Bezerra, da BCG. Os serviços de corridas de taxi estão entre os mais populares entre os aplicativos nacionais, exemplifica.
Os 13 países analisados no estudo são Brasil, Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, Coreia do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.
Site: Valor Econômico
Data: 16/03/2015
Hora: 19h46
Seção: Empresas
Autor: Tatiane Bortolozi
Link: http://www.valor.com.br/empresas/3957218/peso-da-web-no-pib-depende-de-smartphones-e-conexoes-mais-baratas