Ex-diretor diz que segurança cibernética do governo está nas mãos de dois "vampiros e um "zumbi"

01/04/2015

Ao falar no painel "Ataques cibernéticos mundiais: Medidas preventivas e repressivas", do Congresso Nacional de Segurança Cibernética, promovido pela Fiesp, nesta terça-feira, 31/03, o ex-diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações (DSIC), Raphael Mandarino, criticou duramente as ações do Governo Dilma Rousseff, para quem trabalhou nos últimos quatro anos, tendo se demitido no início de 2015.

"Há cinco anos, eu dizia que não devíamos nada a ninguém. Hoje não sei se isso é verdade", disparou. Segundo ele, o governo não produziu nenhuma ação para se proteger da espionagem. Considerou como "patético" o discurso da presidenta Dilma na ONU, se queixando do escândalo Edward Snowden e das ações do governo norte-americano, por considerar que não tinha nenhuma informação relevante vazada pelo ex-espião da NSA.

Mandarino acusa ainda que as atuais infraestruturas críticas estão vulneráveis e nas mãos de empresas que comprovadamente usariam backdoor em seus sistemas e equipamentos de rede referindo-se às operadoras de Telecomunicações. "Nós não temos controle sobre as telecomunicações, o controle sobre a energia perdemos ao privatizar a última milha, praticamente nas mãos de um grande grupo(referindo-se à mexicana América Móvil, dona da Embratel, Claro e Net e à Telefônica) ",disse.

Sobre as estatais, Mandarino afirmou que elas não passariam de "vampiros (Serpro e Dataprev) e um "zumbi" (Telebras) que voltou depois ter sido extinto. Criticou também o e-mail considerado seguro pelo Serpro. Segundo o especialista, a ferramenta possui brechas para invasões. Entretanto, Mandarino não explicou como o governo fazia antes dos últimos quatro anos, quando ele também era servidor público, para conter possíveis vazamentos de informações nos mesmos equipamentos e sistemas das mesmas empresas que trabalhavam para o governo.

Para Mandarino, a legislação brasileira vem com "uma certa ideologia" para atender a um governo e não necessariamente ao Estado brasileiro. "Vamos falar de uma simples (lei) aqui, o Marco Civil da Internet, fantástico, vamos proteger o usuário. Protege tanto que protege até o usuário quando ele é bandido, porque ninguém consegue atacar nada na Internet se não for usuário", afirmou.

A CDTV do portal Convergência Digital gravou o depoimento de Raphael Mandarino no Congresso da Fiesp, assistam:

Site: Convergência Digital
Data: 31/03/2015
Hora: ------
Seção: Segurança
Autor: Luiz Queiroz            
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=39293&sid=18#.VRsDyfnF-WF