Conhecido pelo ritmo acelerado de contratações e pela falta de profissionais capacitados, o mercado de tecnologia começa a dar sinais de desaceleração.
Segundo levantamento da Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro Nacional), em 2014, o mercado apresentou o segundo aumento consecutivo no número de empresas que demitiram pessoal. O ritmo de contratações também caiu no ano passado. Apesar desse cenário, o setor ainda apresentou um saldo positivo na geração de empregos.
De acordo a Assespro, na média, as empresas brasileiras de tecnologia contrataram 33 profissionais e demitiram 31 ao longo de 2014. O saldo médio de duas vagas geradas foi muito menor que o apresentado em 2013, quando as contratações ficaram em 39 e as demissões em 29.
A Assespro também detectou que o número de empresas que dispensou funcionários ao longo do ano passado chegou a quase um quinto do mercado (18%). No fim de 2013, esse percentual havia chegado a 12%. Tradicionalmente, ele ficava na faixa dos 10%.
O mercado brasileiro de tecnologia empregava 454 mil pessoas em dezembro, um crescimento de 4% na comparação com o mesmo período de 2013, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Serviços (CNS). Deste total, 70,36% dos profissionais estavam concentrados nos Estados de São Paulo (45,2%), Rio de Janeiro (9,9%), Santa Catarina (7,9%) e Minas Gerais (7,4%). O salário médio do setor cresceu 4% abaixo da inflação , para R$ 3.588,03. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, acumulou alta de 6,4% no ano passado.
Considerado "imune" aos efeitos da crise, o setor de tecnologia tem sofrido com a redução dos pedidos e a dilatação dos prazos de negociações de novos contratos como efeito das incertezas na economia brasileira. De acordo com a empresa de pesquisa IDC, o crescimento do mercado ficará em 5% em 2015, com receita de US$ 165,6 bilhões. O ritmo é praticamente a metade do registrado pelo setor no ano passado.
De acordo com Roberto Mayer, vice-presidente de relações públicas da Assespro, as demissões de 2014 aconteceram em um ritmo mais acelerado entre as empresas que registraram um crescimento abaixo de 25%. O cenário, que também foi sentido em 2013, demonstra que o mercado de TI vive duas realidades distintas.
De um lado, está um grupo de empresas que tem avançado de forma acelerada, conquistando novos negócios mesmo em meio à desaceleração econômica. De outro, estão empresas que passam por dificuldades. "Está se separando o joio do trigo. Quando você tem um momento de crescimento, empresas mal administradas vão bem. Quando a situação muda, elas apresentam dificuldades", disse Mayer
Como resultado, o número de empresas médias de tecnologia no país está caindo. No levantamento realizado pela Assespro, que ouviu 434 empresas, 66% tinham porte médio em 2014, contra 76% no ano anterior. O segmento que apresentou maior crescimento foi o de startups, que representava 12% do total em 2013 e chegou a quase 18%. Impulsionadas pelas aquisições, as grandes companhias avançaram quatro pontos percentuais, para uma fatia de 16%.
Site: Valor Econômico
Data: 22/04/2015
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Gustavo Brigatto
Link: http://www.valor.com.br/empresas/4015896/mais-companhias-de-ti-demitem-em-2014