Segundo os especialistas em segurança da informação, não se discute "se" uma empresa sofrerá um ataque cibernético capaz de causar prejuízos, mas "quando". Em países como os EUA, os problemas têm sido graves, como foi o caso da Sony: a empresa estimou em US$ 35 milhões o valor necessário para reparar as perdas descobertas em dezembro com a invasão de seus sistemas por hackers supostamente ligados à Coreia do Norte.
Aqui, os prejuízos estão crescendo, segundo a pesquisa "2014 Cost of Data Breach 2014: Brazil", do Ponemon Institute. Cada invasão descoberta no país resultou num prejuízo médio de R$ 3,6 milhões para as empresas. E o campo de ação dos cibercriminosos vem se ampliando, já que é cada vez maior o número de pessoas que acessam seus bancos pela internet, conforme a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2014: 50% das contas utilizaram internet banking nos últimos seis meses e 25% delas utilizaram dispositivos móveis para acessar algum serviço bancário.
As pesquisas, porém, não trazem uma boa estimativa dos prejuízos causados pelas ameaças cibernéticas no Brasil, explica Fabio Assolini, analista de Segurança do Kaspersky Lab: "Essa é uma tarefa praticamente impossível de fazer com exatidão. Primeiro, porque a maioria das pessoas físicas não registra o incidente? geralmente ela só faz um boletim de ocorrência quando o prejuízo é grande, como na clonagem de cartões de crédito ou débito ou furto de identidade bancária". No caso das empresas, é pior: "No Brasil não existe nenhuma lei que obrigue as empresas a informar que sofreram um ataque, ainda que isso possa ter comprometido dados pessoais de seus clientes. Nos EUA, elas são obrigadas a informar. E as nossas empresas não informam". O número mais recente e confiável, diz, é o da Febraban, que em 2012 estimou em R$ 1,2 bilhão o prejuízo dos bancos com o cibercrime.
Esses problemas representam oportunidades para as empresas de segurança como a própria Kaspersky e para muitas outras: o mercado brasileiro de segurança da informação é estimado em US$ 1 bilhão anuais pela consultoria EY. Uma das mais novas no mercado, especializada em combate a fraudes digitais, a americana Easy Solutions chegou em junho do ano passado atraída entre outras coisas pelo crescimento das vendas de soluções de segurança da informação Brasil, da ordem de 23% ao ano até 2018, segundo a consultoria Markets&Markets. "O Brasil é um mercado com extrema necessidade de tecnologias de navegação segura, soluções de autenticação de email, detecção e prevenção de ataques de phishing e tecnologias que protejam as pessoas contra a fraude de boleto", diz David Lopez, diretor de vendas da empresa para a América Latina. No ano passado, segundo ele, o faturamento global da empresa cresceu 187% e a expectativa para 2015 é crescer 123% inclusive no Brasil.
Site: Valor Econômico
Data: 28/04/2015
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Paulo Brito
Link: http://www.valor.com.br/empresas/4023718/ameaca-cibernetica-e-constante