O diretor financeiro ou CFO como é chamado nas empresas americanas, é o executivo que "pilota" a organização do ponto de vista operacional. Estão em suas mãos os orçamentos de cada área, ele conhece muito bem de onde vem as receitas, quais os produtos mais rentáveis, qual margem ele tem em cada um, como é a composição do custo, os custos fixos, de aluguel, viagens etc. E principalmente, ele sabe muito bem o custo do dinheiro que a companhia utiliza para investir. Enfim, ele tem todo funcionamento da empresa em sua cabeça. Com essas informações ele regula o funcionamento da organização. Podendo acelerar em momentos de crescimento ou ainda frear a empresa em momentos de recessão.
Por esse e outros motivos em muitos segmentos o CFO está na linha direta de sucessão do presidente da empresa. Em momentos de crise também é comum bons CFOs assumirem o comando das empresas, para torná-las financeiramente mais eficientes.
Para manter a empresa dentro dos eixos o CFO utiliza algumas premissas que são vitais para que possa empregar bem o dinheiro da empresa. Uma delas, largamente difundida e repetida pelo empreendedor Jorge Paulo Lemann é a seguinte : “Na empresa há o dinheiro que trabalha e o dinheiro que não trabalha. É preciso reduzir ao máximo o orçamento para o dinheiro que não trabalha”.
O “dinheiro que trabalha” – também chamado de custo - é o dinheiro empregado em produtos e serviços que vão para fora da empresa. Esses por sua vez são percebidos e desejados pelos clientes, e posteriormente são convertidos em receita trazendo dividendos para os acionistas e caixa para que a empresa possa fazer novos investimentos.
Do outro lado está o “dinheiro que não trabalha” – também chamado de despesa ou overhead - que é empregado para manter o funcionamento interno dos departamentos da organização. Não irá fazer parte do produto ou serviço que é vendido para o cliente, ou seja, esse dinheiro fica dentro da empresa. Quanto mais dinheiro for gasto internamento, menos lucro a empresa terá.
Nessa mesma linha de Lemann no livro Dobre Seus Lucros , Bob Fifer, também define muito bem esses conceitos e dá diversas dicas de como a companhia pode lidar com as despesas.
Quem não entende essa lógica e aumenta muito o gasto com "o dinheiro que não trabalha" fica muito pesado para enfrentar a concorrência e, em geral, não sobrevive.
A maioria dos gestores de áreas de apoio, como tecnologia da informação, suprimentos, jurídico, entre outros, não se dá conta que o sucesso de suas carreiras, e também de suas áreas ou divisões depende dessa mesma lógica de alocação de dinheiro.
Nas áreas de apoio o “dinheiro que trabalha” é o recurso empregado na entrega de serviços para que as áreas de negócio possam prestar serviços para os clientes finais da empresa.
Dando um exemplo para ficar mais didático, se um gestor de tecnologia da informação tiver que escolher entre priorizar um dos seguintes projetos:
a) Projeto cuja necessidade foi identificada internamente pela equipe de TI: implantação do processo de gestão do inventário dos ativos de TI.
b) Projeto solicitado pela área de negócio: atualização tecnológica para melhoria de desempenho dos terminais dos vendedores nos pontos de venda da companhia.
Ele deve sem dúvida alguma priorizar o projeto B, pois em primeiro lugar ajuda a companhia a ser mais eficiente tendo impacto direto no desempenho do processo de negócio de venda, além disso foi um pedido das áreas de negócio, e por fim é um projeto percebido por todos dentro da empresa.
O projeto A por sua vez é pouco percebido pela companhia, tem pouco ou nenhum efeito em ganho de eficiência para os processos de negócio da companhia e tem retorno financeiro na maioria das vezes não mensurável.
A decisão de priorização exposta parece bastante simples, mas é surpreendente como nós erramos nesse tipo de escolha, simplesmente porque não estamos gastando horas de qualidade nessa tarefa. Somos capturados pela urgência de iniciar logo a tarefa, mesmo que ela nos leve para direção errada.
Assim como no mercado, a área de apoio que não concentra seus recursos para agradar o cliente perde espaço.
Muitas áreas de apoio vivem na ilusão de que tem o monopólio na prestação de serviços internos e são surpreendidas com terceirizações ou pela adoção do business process outsourcing, mais conhecido pela sigla BPO. O que costumamos chamar de “demissão” da área de apoio ou de parte dela. SIM, a área de negócio pode demitir a área de apoio. Não estou falando de terceirizar parte da área de apoio, o que é muito assertivo quando o responsável pela área de apoio percebe que aquele serviço é mais eficiente se for feito fora. Estou falando de terceirizar inclusive o diretor da área. E a principal justificativa do CFO ou CEO para tomar essa decisão é a falta de alinhamento entre a área de TI e o negócio. Eles tomam essa decisão na esperança de que seus anseios sejam atendidos por quem está oferecendo o BPO. Normalmente o resultado não é bem esse.
Se você é um profissional de TI, o que fazer após ler esse artigo?
Corra até uma sala, chame seu time e liste todas as ações que sua área está tocando: projetos, melhorias, mudanças. E priorize as que tem impacto direto e mensurável para as áreas de negócio.
Como determinar se a iniciativa é custo - dinheiro que trabalha - ou despesa - dinheiro que não trabalha?
1. O impacto da ação pode ser facilmente percebido pelos usuários ? Em outras palavras, tirando uma foto do antes e do depois é possível notar que houve uma melhora na vida do usuário, permitindo que ele execute seus tarefas de maneira mais eficiente?
2. Melhora o desempenho de algum processo de negócio, como venda, compra, distribuição de produtos?
3. No longo prazo reduzir a exposição da companhia ao risco?
4. É a nova tendência nas áreas de Tecnologia, todos estão adotando e só se fala nisso no mercado de TI?
Se você respondeu sim nas questões 1 e 2 a ação deve ter prioridade máxima.
Caso tenha respondido sim apenas para a questão 3 ela deve ser muito bem avaliada e se for conduzida deve ter menor prioridade.
Se respondeu sim apenas para questão 4, descarte essa iniciativa ou aguarde até poder mensurar os benefícios dessa tecnologia para o negócio.
Outras ações importantes que você pode tomar:
1. Crie pesquisas de satisfação para saber o que seu cliente está pensando de você.
2. Desenvolva a cultura de atendimento ao cliente em sua área de apoio, há muitas palestras e muito material boa a esse respeito disponível na internet gratuitamente.
3. Faça sua equipe entender onde deve empregar os recursos.
Entender o que seus clientes esperam é o primeiro passo para prosperar como profissional. Não é simples, mas o resultado é bastante recompensador.
Site: Administradores
Data: 27/05/2015
Hora: ------
Seção: Artigos
Autor: Silvano Lago
Link: http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/o-que-o-profissional-de-ti-deveria-aprender-com-o-cfo/87554/