Acompanhando a velocidade da evolução tecnológica nos grandes centros urbanos, o termo Comunidades Inteligentes surge como um novo conceito que define a ampliação da integração do cidadão, o ambiente e o poder público, por meio de inovações tecnológicas. “O conceito de Comunidades Inteligentes rompe com a visão de Cidades Inteligentes baseada na internet das coisas, e constitui-se numa nova forma de organização e integração do território onde o cidadão se torna o principal ator na produção, gestão e usufruto do conhecimento e dos benefícios das novas tecnologias, garantindo o direito de acesso universal à informação, ao conhecimento e à comunicação”, afirma o secretário de Ciência e Tecnologia da Prefeitura do Rio de Janeiro Franklin Coelho, que coordena seminário sobre o tema durante o Rio Info 2015.|
Segundo o secretário, a Prefeitura tem realizado uma série de projetos para implantação do conceito de Comunidade Inteligente no Rio de Janeiro, como as Naves do Conhecimento, o portal de dados abertos Data.Rio, o portal de serviços Carioca Digital, a logo Rio 450 Anos, Lab Rio (laboratório de participação), e os programas Rio Ideias e Rio Apps, concurso que terá a premiação realizada durante o Rio Info 2015.
Confira a seguir a entrevista exclusiva com o secretário:
O senhor anunciou que este ano o seminário “Cidades Inteligentes”, realizado no Rio Info, ganha novo nome e passa a se chamar “Comunidades Inteligentes”, qual o motivo da mudança? Qual a diferença conceitual entre “cidades” e “comunidades”, neste caso?
Existe um debate conceitual em torno de cidades digitais e inteligentes, no qual a Prefeitura entra com uma definição que nos permite uma visão estratégica e ações estruturantes. Acompanhando a experiência de tecnologia aplicadas à cidades, as primeiras grandes experiências foram trabalhadas em termos de infraestrutura de telecomunicações. Estas primeiras experiências conceituadas como cidades digitais, identificando uma ação mais no campo das conectividades, o que também permitiria a utilização dos termos de cidades conectadas ou cidades tecnológicas. Esta última, utilizada pelo acordo assinado recentemente entre a China e o Governo Brasileiro. Podemos dizer que Cidade Digital, determinada pela capacidade e abrangência de sua rede de telecomunicação, é uma pré-condição para uma cidade inteligente.
O conceito de cidade inteligente surge na ampliação da visão de cidades digitais, indicando como as inovações tecnológicas podem melhorar os serviços públicos e o engajamento da população. Desta forma, o conceito de cidades inteligentes tem significado a utilização da internet das coisas, da nuvem, dos sensores, do big data, da web semântica, fazendo com que a cidade tenha maior controle de sua infraestrutura, de mitigar os desastres climáticos, de agilização de informação, de garantia de mobilidade, de capacidade de gestão, de equipamentos e mobiliários urbanos.
Entretanto, cabe perguntar como o cidadão se apropria desta tecnologia. Neste sentido, o conceito de comunidades inteligentes rompe com a visão de Cidades Inteligentes baseada na internet das coisas, e constitui-se numa nova forma de organização e integração do território onde o cidadão se torna o principal ator na produção, gestão e usufruto do conhecimento e dos benefícios das novas tecnologias, garantindo o direito de acesso universal à informação, ao conhecimento e à comunicação; assumindo a visão estratégica de uma Sociedade do Conhecimento construída de forma interativa, cognitiva, democrática e cidadã.
Quais são os exemplos de apropriações tecnológicas que podem ser caracterizadas a partir do conceito de “comunidades inteligentes”?
Aqui na cidade do Rio de Janeiro temos inúmeras experiências de projetos de comunidades inteligentes, como as Naves do Conhecimento, o portal de dados abertos Data.Rio, os programas Rio Ideias e Rio Apps, o portal de serviços Carioca Digital, a logo Rio 450 Anos e o Lab Rio (laboratório de participação). Todos eles são programas que abrem oportunidades para que os cidadãos possam propor políticas públicas, projetos a serem implantados pela Prefeitura ou se comunicar de forma mais integrada com a Prefeitura. Comunidades inteligentes são aquelas em que os cidadãos se apropriam da tecnologia e das inovações tecnológicas para se empoderarem e se constituírem como protagonistas de uma sociedade mais sustentável, democrática e humana.
Como será estruturado o seminário?
O seminário será estruturado trazendo as dimensões de um debate conceitual que pensa a transição de projetos de Cidades Inteligentes para o de Comunidades Inteligentes.
Quais os principais temas em discussão?
– Rio 450 Anos de Inovação (abertura – Jornal Extra/ Construindo Manchetes do Futuro).
– A Cidade em 3D e os Novos Caminhos de Planejamento Urbano;
– A Geografia da Inovação e a Micro Pequena Empresa;
– Saúde Inteligente;
– Flipped Classroom e uma Nova Pedagogia;
– Internet e Novos Caminhos de Aprendizagem;
– Startup Social e o Ecosistema de Inovação.
Quais os participantes?
Pretendemos manter um público diversificado como tem ocorrido nos outros anos, envolvendo usuários das Naves do Conhecimento, empreendedores, comunidade acadêmica, agentes locais de inovação e gestores públicos.
Durante a solenidade de lançamento do evento, em abril, o senhor afirmou que é um dever da Prefeitura estar presente no Rio Info e colaborar para potencializar o evento em âmbito nacional e internacional. Por quê?
Porque acredito que temos que valorizar em termos de legado o capital empresarial, tecnológico e inovador presente na cidade do Rio de Janeiro. O Rio Info tem se constituído numa referência de debate sobre as experiências inovadoras implantadas na cidade e, neste sentido, deve ser apoiada para que este capital social ganhe repercussão e presença em termos nacionais e internacionais.
O senhor anunciou que fará a premiação do Concurso Rio Apps durante o Rio Info. Qual a importância do prêmio e quem participa?
A ideia é que possamos trazer para o Rio Info a participação imensa que temos tido neste projetos com mais de 4.000 ideias de aplicativos e cerca de 120 apps desenvolvidos.
Outro anúncio foi o da participação dos cem agentes locais de inovação. Como será esta presença?
Da mesma forma, queremos levar para o Rio Info o relatório desta experiência de 100 agentes locais de inovação que durante dois anos avaliaram o grau de inovação de 5.000 pequenas empresas na Cidade do Rio de Janeiro.
Como analisa a presença da cidade Rio de Janeiro no quadro da Tecnologia da Informação brasileira?
Do ponto de vista da demanda e agenda de inovação que a Prefeitura tem colocado no âmbito de projetos de Ciência e Tecnologia, podemos afirmar que estamos procurando discutir não o que existe hoje, mas o que é inovação daqui a 10, 30 ou 50 anos. Isto é claro nos prêmios que temos ganhado referente à programas de Cidades Inteligentes ou ainda em seminários, como o que estive recentemente no Canadá, onde posso afirmar que estamos nos tornando em referência mundial nos programas de Big Data Urbano e de formulação de novas formas de gestão com informação em tempo real.
O mote central do Rio Info 2015 é a tecnologia de uso. De que forma esse modelo impacta nas administrações municipais e, se possível, citar exemplos práticos de suas aplicações?
Não gosto muito do termo, mas de tudo que falei até agora são tecnologias aplicadas, seja na saúde, na educação, na gestão urbana ou a participação cidadã.
Como as empresas de TI cariocas e fluminenses podem participar das iniciativas desenvolvidas pela Prefeitura no setor de TI?
Creio que um projeto estratégico de Comunidades Inteligentes não será concretizado sem a participação das empresas e das instituições representativas do setor. O caminho é por meio destes seminários de Cidades Inteligentes, no qual procuramos integrar a oferta das empresas com as demandas de inovação que a cidade exige. O deste ano é especial porque estamos comemorando 450 anos de história de inovação.