Internet.org: Para Anatel, discutir esse modelo de negócios é perda de tempo

01/07/2015

Favorável aos modelos de ‘acesso gratuito’, o vice-presidente da Anatel, Marcelo Bechara, disparou nesta terça, 30/6, contra o próprio debate sobre o eventual lançamento do aplicativo Internet.org, do Facebook, no Brasil. A empresa e o governo reafirmaram que não há nenhum acordo sobre o tema, mas o debate apresentou muitas divergências sobre a própria legalidade do aplicativo no Brasil.

“Discutir o projeto é uma perda de tempo enquanto modelo de negócios. Se toda a vez que uma empresa quiser lançar um modelo de negócios tivermos que fazer uma audiência, vamos parar a atividade legislativa. Sou completamente favorável ao ‘zero rating’, a qualquer modelo que permita acesso. 100 milhões de pessoas não têm internet no país. Nossa grande obsessão deveria ser essa. Como vai ser o acesso, pouco importa se tivermos instituições fortes funcionando”, afirmou.

“O objetivo do Facebook é ganhar dinheiro, quanto mais gente tiver na base, mais eles ganham. E não tem nenhum problema nisso. Mas ficar discutindo modelos de negócios é quase impossível na internet. Se a gente tentar fechar uma porta, a internet abre duas janelas. O importante é termos instituições fortes, como esta própria Casa, a Anatel, o Cade. Se o Facebook fizer um acordo que fere o ambiente harmônico da concorrência, temos o Cade para resolver isso”, disse.

Ainda que sem a mesma eloquência, representantes das operadoras e, naturalmente, do próprio Facebook, seguiram em linha semelhante. “Modelos de negócios que permitem acesso gratuito precisam ser considerados no contexto de uma realidade onde há infraestrutura e não há renda”, destacou o diretor do Sinditelebrasil, Alexander Castro.

O gerente de Relações Governamentais do Facebook no Brasil, Bruno Magrani, defendeu o aplicativo como uma forma de acesso aos excluídos digitais. “Só um terço da população mundial tem internet, embora 90% das pessoas vivam perto de onde tem sinal ao menos 2G. No Brasil, 50% não tem internet. O Internet.org é uma porta de entrada”, sustentou.

Já para Flávia Lefèvre Guimarães, conselheira da PROTESTE Associação de Consumidores e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil, o objetivo real do internet org é o de fisgar usuários para a plataforma e para as empresas parceiras que atuam na camada de infraestrutura e na camada de conteúdos e aplicações, especialmente, nas camadas de renda mais baixa da população.

"O Facebook não explica durante quanto tempo os beneficiários poderão manter o acesso gratuito nem quais os critérios serão utilizados para definir as áreas de implantação do projeto", pontuou a representante da PROTESTE.

Site: Convergência Digital
Data: 30/06/2015
Hora: ------
Seção: Internet
Autor:  Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=40001&sid=4