Como crescer em um mercado com menos compradores e maior competição?

01/07/2015

Já vivemos outros cenários de instabilidade econômica no Brasil e posso dizer que o atual tem um tom diferente, com uma sociedade impulsionada pela digitalização e globalização, a qual tem mudado a forma de atuação de muitas marcas, principalmente as do setor FMCG (Fast Moving Consumer Goods) ou conhecido no País como “produtos de giro rápido”. Como se reinventar? Como crescer em um mercado enxuto, com menos compradores e maior pressão competitiva?

A inovação vem como uma resposta-chave a essas questões, desde que seja transversal e aplicada a toda a cadeia de valor em uma companhia e não apenas no produto. A empresa precisa entender as mudanças culturais na sociedade e, consequentemente, na sua própria organização e em seus processos. Esse é o ponto principal que deve redirecionar o foco de atenção dos empresários para proporcionar ao cliente uma experiência diferente. Oferecer essa experiência é uma tendência traduzida pela grande variedade de informação existente sobre comportamento e desejo das pessoas. Afinal estamos na era do business intelligence, inteligência artificial e big data.

Para entender melhor o que quero dizer, listo abaixo alguns importantes desafios que direcionam as empresas para um reposicionamento institucional e de marketing com rentabilidade.

O novo marketing, caracterizado pelo investimento em reputação e marca, permite uma gestão mais inteligente de produtos, preços e promoções. Por esse motivo, é importantíssimo reformular as estratégias de marketing para o engajamento das marcas, entender o customer journey para adaptar-se rapidamente às suas necessidades ou surpreender e elaborar um modelo colaborativo que permita escutar o consumidor de forma bilateral e constante. Em mercados que não crescem, é vital aperfeiçoar o posicionamento de preços e promoções, alinhando-o ao valor agregado do produto e ao papel estratégico da marca das empresas e, consequentemente, conseguir maior rentabilidade.

Na outra extremidade, temos o consumidor, com forte presença do nativo digital, ou seja, jovens entre 15 e 24 anos, com comportamentos e necessidades diferentes. Nesse caso, a estratégia deve evoluir e adaptar-se às suas demandas, comunicar-se com eles nos lugares onde estão, adaptando-se aos seus hábitos e atendendo suas expectativas. O Brasil está entre os cinco países no mundo com a maior população de nativos digitais, segundo a União Internacional das Telecomunicações (UIT), totalizando uma população de 20 milhões de jovens.

Por último está o desafio organizacional. É necessário criar um novo modelo com um organograma que diferencie o negócio atual do negócio futuro. Existe também uma tendência de criar novas categorias transversais, integradas por profissionais com uma visão global que prestem serviço aos diferentes canais, produtos e mercados e permitam homogeneizar estratégias e conseguir sinergias no investimento. E, é claro, não podemos nos esquecer do sangue novo. O fato de incorporar pessoas jovens às nossas empresas nos ajudará a entender melhor o consumidor e a “empurrar” a organização em todas as áreas.

Sem dúvida vamos viver mais mudanças nas próximas décadas que no último século, fazendo que os protagonistas da indústria mudem radicalmente. Os novos players, empresas digitais, como os que têm a habilidade de transformação formarão a nova liderança do setor FMCG no Brasil e no mundo.

*Frederico Guilherme de Moura Barbosa é partner da Indra Business Consulting.

Site: Computerworld
Data: 01/07/2015
Hora: 8h15
Seção: Gestão
Autor: Frederico Guilherme de Moura Barbosa
Link: http://computerworld.com.br/como-crescer-em-um-mercado-com-menos-compradores-e-maior-competicao