Erros comuns cometidos pelos departamentos de TI

16/07/2015

Nem todas as empresas seguem procedimentos, rotinas funcionais e rigorosos processos definidos nas melhores práticas. De certa forma, tais organizações servem como escolas, ensinando aos profissionais de TI como as coisas não deveriam funcionar.

É comum que a vida profissional dos que trabalham com tecnologia pareça uma série interminável de crises impulsionadas pelo alto volume de reclamações e pedidos vindos dos usuários.

Steve Aponte, diretor da Intelligent Product Solutions, entende bem essa situação. Em suas experiências anteriores, via o departamento de TI ser bombardeado com ligações urgentes de pessoas cujos desktops e dispositivos móveis apresentavam defeito, falhando nos momentos mais inoportunos.

De acordo com ele, a empresa em questão falhou ao não colocar em prática um plano de manutenção e troca proativa de equipamentos. “A substituição desses aparelhos no momento certo teria ajudado muito”, afirma.

A prática recomendada seria a do uso de um sistema de inventário de hardware e software que rastreasse semanalmente o vencimento da garantia dos dispositivos. “O setor de TI precisa refletir e criar uma estratégia de prevenção de coisas que exijam respostas rápidas”, defende Aponte.

O caso citado apenas revela como as coisas podem ser melhoradas. A seguir, separamos outros exemplos de práticas não recomendadas exercidas por empresas e profissionais de TI (e as lições que podemos aprender a partir diss):

Monopólio da tecnologia

A rápida evolução da tecnologia leva as organizações a valorizarem profissionais que se mantenham atualizados, mas não compartilhar esse conhecimento ou a própria inovação é um problema. Ken Piddington, CIO da MRE Consulting, deparou-se com tal desafio quando serviu de consultor em uma iniciativa para um novo sistema de operações transacionais.

O executivo acabava uma demonstração dos avanços desenvolvidos quando o líder de operações expressou a preocupação de que sua equipe não seria capaz de usar a ferramenta exposta.

“Eu perguntei ‘É complicado demais?’ e ele negou, explicando que os funcionários não seriam capazes de trabalhar os recursos em seus monitores, que eram pequenos demais”, explica Piddington. De fato, os monitores eram inadequados, com tela de 13 polegadas.

A situação era muito diferente no escritório do diretor de TI. “Parecia que ele pilotava um avião com seu monitor de 22 polegadas, na época ainda raro, um telefone novo, um tablet, todas as coisas”, conta Piddington. 

Os equipamentos dos profissionais de TI eram bem melhores que os demais. “Eles retinham a tecnologia ao invés de educar a comunidade de usuários sobre o que estava disponível para ajudá-los em seu trabalho”, expõe o executivo. Segundo ele, é comum que a TI se mantenha à frente dos usuários por testar tecnologias de ponta e rodar protótipos, mas no caso em questão “era como se mantivessem o resto da empresa no escuro”.

Ao projetar o novo sistema, Piddington exigiu que os monitores fossem mais adequados a parque de máquinas utilizado pela organização. “Os profissionais do setor não devem possuir tecnologias melhores do que as utilizadas pelo resto da empresa para desempenhar seu trabalho”, defende.

Títulos

As contratações em TI só aumentam e responsáveis pelo seleção de talentos devem aprimorar seus critérios. Um erro muito cometido por esses profissionais é buscar títulos e negligenciar habilidades que nem sempre se pronunciam de maneiras óbvias, aponta Matt Leighton, diretor de recrutamento da Mondo.

“Eles costumam procurar por certos títulos e palavras-chave nos currículos que revisam e se eles não estão presentes em abundância ou não incluídos nos cargos mais recentes dos candidatos, é comum que sejam desqualificados”, admite.

Por exemplo, se um empregador procura alguém habilidoso em VMware mas o candidato refere a si mesmo como engenheiro de sistemas, o responsável pelas contratações pode negligenciá-lo. “Eles procuram pelos tópicos mais relevantes, ignorando os possíveis tesouros escondidos quando o título não aparece”, atesta. Para evitar que isso aconteça, é importante que os profissionais de contratação analisem o contexto das experiências do candidato.

Hierarquia

É natural dedicar muita atenção quando um executivo de alto nível entra em contato, mas a inclinação não deve se traduzir na priorização de pedidos. Steve Aponte lidou com essa situação em seu antigo emprego.

“Havia uma equipe de suporte a desktops dedicada exclusivamente a atender os executivos da diretoria, o que eu achava muito estranho. Para mim, a prioridade deve ser baseada no problema, não na pessoa”, defende.

Um executivo cuja impressora não funciona não deve ser priorizado em relação a um funcionário de cargo inferior com um problema tecnológico que afete sua capacidade de ajudar um cliente da companhia.

“As necessidades dos demais funcionários não devem ser preteridas em relação aos pedidos que vêm de cima”, ressalta Aponte.

Ambientes imperfeitos

Se você é um profissional de TI à procura de emprego, é bom se certificar de que não acabará em uma situação inferior à ideal.

Chris Tynan, diretor do Addison Group, afirma que as más práticas de TI podem se apresentar em qualquer lugar, até mesmo em startups, onde o foco está na velocidade do mercado. “A falta de maturidade processual costuma ser a regra, não a exceção”, conta Tynan.

Nas pequenas e médias empresas, os processos podem ser bem definidos, mas é comum que as organizações flexibilizem suas regras para atender aos pedidos do setor de vendas.

Em grandes companhias, os ambientes compartimentados de trabalho podem dissuadir os profissionais de serem expostos a múltiplas áreas do negócio ou a tecnologias que estão sendo implementadas.

Para Tynan, não há soluções rápidas para nenhum dos cenários, mas todos as pessoas do setor – sobretudo as que procuram emprego – devem estar cientes dessas tensões. Cabe aos candidatos saberem onde estão se metendo.

“As pessoas que entram não fazem todas as perguntas que deveriam”, argumentou. “Elas são entrevistadas para conseguirem a vaga e esquecem que também devem entrevistar a empresa, de modo a terem certeza de que desejam trabalhar lá”.

Site:  Computerworld
Data: 15/07/2015
Hora: 15h31
Seção: Gestão
Autor: ------
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