Sobreviver ao aperto econômico exige vigor para os fabricantes e muitos não terão essa 'força', observou o presidente da Dell Brasil, Luis Gonçalves. A fabricante, que recuperou a primeira posição na venda de PCs no Brasil no primeiro trimestre de 2015, diz não vai garantir a liderança com 'guerra de preços'.
"Vamos manter a postura premium, com preços adequados para todas as classes. Guerra de preço não leva a nada. Um bom exemplo são os tablets. Muitos que foram vendidos com preços muito baixos estão encostados, quebrados e sem assistência técnica. Isso 'matou' um mercado promissor", afirmou o executivo, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira, 22/07, em São Paulo.
Para Gonçalves, é uma realidade que as vendas de PCs caíram mundialmente e o Brasil não ficaria de fora desse cenário, mas ele aposta na tendência apresentada pela pesquisa Ibope Conecta, contratada pela fabricante, que 46% dos 1000 entrevistados estão dispostos a trocar de PC nos próximos seis meses. O estudo também mostra que 34% dos entrevistados falaram que o último PC comprado foi há mais de dois anos.
"O momento é de renovação de PCs para o consumidor final e nas empresas. No mundo, por exemplo, há 600 milhões de PCs para serem trocados. Aqui no Brasil, há instituições no segmento financeiro que ainda usam o XP (sistema operacional que perdeu assistência da Microsoft há mais de um ano). Nos servidores, boa parte não vai migrar do Windows Server 2003, que também não terá mais assistência. Eles podem não mudar agora, mas terão de mudar em pouco tempo. As aplicações exigem bom processamento", destaca Gonçalves.
Sem citar nomes ou concorrentes, o presidente da Dell Brasil diz ter certeza que haverá consolidações e fusões no mercado. "Muitos que estão aí não vão aguentar esse momento", pondera. Indagado sobre os concorrentes chineses, o executivo afirma que 'guerra de preço' não vai trazer resultado de médio e longo prazo. "O brasileiro quer assistência técnica. Ele quer ser bem-atendido. E quer comprar um equipamento de qualidade, que dure o máximo de tempo possível", reforça.
O modelo de negócio é essencial para o sucesso no mundo dos PCs. A Dell tem adotado a loja própria online - a do Brasil é a segunda maior, perdendo apenas para a dos Estados Unidos - e também no varejo. "O brasileiro gosta de pegar a máquina, de ver o equipamento, apesar de também apostar no comércio eletrônico. O importante é fazer um mix entre os dois e estamos fazendo isso", diz Gonçalves. Para o mercado corporativo, além da venda direta, há os canais especializados. "Mas não buscamos os canais que vendem caixas apenas. Queremos parceiros de soluções", destaca.
Os smartphones estão, de fato, fora da estratégia da Dell. Segundo Luis Gonçalves, o modelo de negócios - que envolve o varejo e as operadoras como canal - não agrada e encarece muito o preço de produção dos equipamentos. "Não nos sentimos à vontade nesse jogo", resume. Exportação também não está no plano de momento. "Toda a demanda da nossa fábrica está voltada para atender ao mercado brasileiro", completou o presidente da Dell Brasil.
Site: Convergência Digital
Data: 22/07/2015
Hora: ------
Seção: Negócios
Autor: Ana Paula Lobo
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=40158&sid=5