Empresas brasileiras priorizam projetos de otimização, observa IDC

14/08/2015

As empresas no Brasil estão mais cautelosas em suas apostas. “Não vejo projetos inovadores entre as principais prioridades das companhias brasileiras no momento”, comenta Luciano Ramos, analista da IDC. O contexto reflete o cenário de turbulência vivenciado no País.

O especialista baseia a opinião em conversas com executivos de mercado. “Só vão adiante iniciativas [inovadoras] que possuem visibilidade muito clara de retorno sobre investimentos”, pondera especialista. Sobre o cenário atual, ele observa um foco das empresas nos esforços que trazem mais produtividade e redução de custos.

Segundo Álvaro Mello, vice-presidente de pesquisas do Gartner, há pouca experimentação de tecnologias inteligentes (robótica, impressão 3D, computação cognitiva, realidade aumentada e internet das coisas) na América Latina.

“Quase metade das empresas diz que essas tecnologias não são relevantes para elas no momento. Quer dizer que elas não as colocam no horizonte de seus projetos. Isso nos fez ligar o sinal de alerta", avalia o especialista, em entrevista concedida à Computerworld Brasil há alguns meses. Na sua opinião, essa postura tem relação com a característica de curto prazo das organizações, que trata os assuntos de maneira "muito operacional".

 

Áreas usuárias


Na outra ponta, executivos das áreas de negócio ganham cada vez mais peso nas definições de orçamento e direcionamento das verbas alocadas em projetos de tecnologia da informação. Essa informação deve ser assimilada com bastante critério – considerando um contexto de retração macroeconômica e desaceleração dos investimentos em soluções tecnológicas.

Ramos, da IDC, aconselha que os CIOs precisam se posicionar de maneira diferente frente a tal cenário. Na visão do especialista, o contexto deve se concretizar e se acentuar nos próximos anos. “Mais de dois terços do orçamento alocado em tecnologia deve ser definido pelos executivos de negócio em 2020”, reforça.

Como embasamento para tal contexto, a consultoria exemplifica que 35% dos orçamentos para projetos relacionados à big data virão das mãos de executivos das áreas negócio já nos próximos meses. Contratação de software no modelo como serviço (SaaS) tende a seguir a mesma tendência.

Lado da indústria


Em um cenário de desaceleração econômica, é compreensível que as empresas reduzam investimentos e adotem medidas de corte nos custos. No caso das companhias brasileiras de TI, uma pesquisa divulgada pela Assespro Nacional, indica que a área afetada neste ano foi a de Pesquisa e Desenvolvimento.

No total, 22,4% das empresas brasileiras não realizam qualquer tipo de aporte nesse tipo de iniciativa. O número subiu quase três pontos percentuais em comparação a 2013. Além disso, segundo a entidade, 4,4% dos entrevistados sequer souberam responder a questão que tratava do tema. O contexto faz soar um sinal de alerta.

“A área de P&D não oferece benefícios a curto prazo para as organizações e muitas vezes acaba esquecida pelos empresários. É um fato preocupante, pois mostra que as companhias brasileiras não investem justamente na categoria mais indicada para driblar a crise econômica”, avalia Jeovani Salomão, presidente da entidade.

Das empresas nacionais que realizam algum tipo de investimento em P&D, 12,9% destinam entre 4 e 8% do faturamento para a área – o maior índice do Censo. Outro destaque é o aumento das empresas que investem mais de 15% das receitas para produzir conhecimento. Agora, são 9,7% dos entrevistados, dois pontos percentuais acima, em relação à 2013.

Mais amplo

A observação reforça um cenário delicado e mais amplo. Seis em cada dez líderes empresariais que comandam negócios inovadores consideram que o grau de inovação no Brasil deixa a desejar. A conclusão está em uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada com 100 executivos – responsáveis pela tomada de decisão em suas companhias.

De acordo com o estudo divulgado em maio, 54% dos entrevistados responderam que o grau de inovação da indústria brasileira é “baixo” e outros 8% responderam “muito baixo”; 35% afirmaram “nem alto, nem baixo” e apenas 3% classificaram como “alto”. 

 

Os empresários que consideram o grau de inovação “baixo” ou “muito baixo” justificaram que, para eles, o principal motivo disso reside no fato que o Brasil está atrasado em relação a outros países, reflexo de defasagem tecnológica acumulada ao longo dos anos. A consequência é que a indústria, muitas vezes, acaba por importar ou copiar o que é feito em outros países.

De acordo com os entrevistados, falta cultura de inovação nas empresas brasileiras em geral. Os participantes da pesquisa também elencaram como entraves que sustentam o cenário atual a falta de políticas de incentivo, a dificuldade de interação entre empresas e universidades e o baixo nível de educação dos profissionais.

Site: Computerworld
Data: 13/08/2015
Hora: 16h41
Seção: Negócios
Autor: ------
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