A economia compartilhada poderá mudar a forma como moramos?

21/08/2015

A ideia de compartilhar carros, bicicletas, casas, eletrodomésticos e até mesmo roupas têm deixado de lado um certo estranhamento inicial para se tornar algo cada vez mais comum. Prova disso são startups como Uber e Airbnb, que ganham não só a atenção de investidores como conquistam um número crescente de usuários ao redor do globo.

“É uma tendência irreversível”, pontua Octavio Noronha, diretor de negócios da Gafisa. Há oito meses, a incorporadora decidiu que poderia ser uma boa ideia levar o conceito para um fórum mais íntimo e pessoal: o lar das pessoas.

O Smart Santa Cecília, nome do empreendimento imobiliário, está na região central da cidade de São Paulo – tendo como vizinhos o Largo do Arouche e o elevado Costa e Silva.

No edifício, moradores terão recursos “compartilháveis” no quesito mobilidade: um bicicletário, 12 bicicletas disponíveis pelo condomínio e três carros para locação por hora. O prédio ainda reservará uma piscina com bar, um espaço gourmet e outro de co-working e um apartamento decorado à disposição dos moradores. A ideia é que, na iminência de receber visitas, um morador poderá reservar o apartamento – um estúdio de 26 m2 – para acomodar família ou amigos, isso sem ônus extra ao condomínio.

A tendência do home e share também parece se alinhar com outra realidade dos últimos anos. Com metragens cada vez mais enxutas, novos apartamentos suprimem áreas de convivência para se tornarem pequenos estúdios integrados. Resumindo, com 30 m² pode ser um desafio ser um bom anfitrião de festas ou reuniões na sua casa. Logo, incentivar áreas de convivência compartilhadas pode ser o diferencial dos próximos lançamentos imobiliários.

Para gerenciar todos os recursos do prédio, a Gafisa criou um aplicativo, algo que Noronha compara com “um novo interfone inteligente”. Por meio dele, moradores terão um perfil e poderão administrar reservas dos espaços e serviços do prédio, incluindo aí as áreas de convivência e os carros. Na ferramenta, uma espécie de mural online servirá para compartilhar informações do condomínio, serviços e até mesmo pedir emprestado objetos domésticos – uma furadeira ou quem sabe a velha xícara de açúcar.

O projeto ainda não está de pé – ou melhor – andares acima, mas a expectativa é que o edifício receba seus primeiros moradores em 2017, data prevista de entrega do Smart Santa Cecília. O edifício terá 261 unidades no total, com apartamentos de três tamanhos – 26 m², 36 m² e 52 m².

“Há oito meses seria difícil lançar um empreendimento como esse, as pessoas não estavam muito familiarizadas com o assunto no Brasil. Agora, com tantas notícias sobre Uber, Airbnb, as pessoas começam a abraçar mais a ideia. Acho que o timing é perfeito”, avalia Noronha.

Bem, 2017 pode ser um ano para o qual você não tenha planos tão concretos. Mas é bem provável que até lá, você esteja cada vez mais emprestando coisas de pessoas que você conheceu por meio de um aplicativo, alugando seu carro para turistas da Bélgica e até mesmo dividindo sua expertise com pupilos conhecidos através de um site. Segundo a consultoria PwC, a estimativa é que os principais setores da economia compartilhada seja responsável por gerar uma receita de 335 bilhões de dólares até 2025.

Site: Computerworld
Data: 20/08/2015
Hora: 12h27
Seção: Negócios
Autor: Carla Matsu
Link: http://computerworld.com.br/economia-compartilhada-podera-mudar-forma-como-moramos