O ano era 1989, e lá estava eu louco para assistir o segundo filme da trilogia “De volta para o futuro”. Estava ansioso, pois neste filme eles iriam para 2015 com seu DeLorean, e eu queria ver como seria 2015. Quem se lembra do filme, sabe que a visão do futuro previa que teríamos hologramas em todos os lugares, carros e skates voadores. Eu sonhava com um futuro cheio de inovações.

Aqui estamos em 2015, e minha reflexão é que a tecnologia avançou muito mais do que foi previsto pelo filme. Hoje as pessoas possuem tecnologia em suas mãos. A conexão provida pela união de smartphones, apps e redes sociais era impossível de ser prevista há 26 anos. O acesso à informação provido em real time por ferramentas de busca, canais de informação, ou sites de conteúdo dão ao indivíduo comum a faca e o queijo para aprenderem o que quiser, onde e quando quiser.

Tudo isso vem acelerando muito nos últimos anos. O fenômeno das startups, catalisadas por mobilidade e cloud, está mudando o mundo dos negócios. Dados de julho do The Statistics Portal apontavam para 1.500.000 apps disponíveis na Apple App Store. Imaginem que por traz de cada app desses existem empreendedores e startups. Algumas dessas apps estão mudando indústrias e outras já mudaram. Uber, Fiverr, Udemy, estão revolucionando transportes, freelancers e educação. Netflix e Spotify revolucionaram o entretenimento.

Mas o que essas startups têm de diferencial que as torna tão poderosas? Quando se convive nesse meio, ficam muito claras e nítidas as diferenças. Uma startup que cria um app não pode errar. Eu costumo sempre dizer em minhas reuniões com clientes que o propósito de existir de um app é resolver um problema de forma cirúrgica e simples.

Um app de GPS e roteirização não pode errar o caminho. Assim a startup tem que conhecer intimamente seu cliente e entender o detalhe de como ele resolve seu problema com a App. Reforçando cada vez mais o conceito de MVP (Minimum Viable Product). O menor produto viável dá a Startup a capacidade de testar conceitos, sentir o feedback de seus clientes e tomar as decisões corretas e mais direcionadas ao sucesso comercial do produto.

Para que investir meses desenvolvendo produtos completos e correr o risco de falhar, se você pode fazer inúmeros testes de conceitos e gerar um processo de aprendizado em paralelo ao desenvolvimento de seu produto.

Hoje o ciclo de entrega de valor das apps de mais sucesso é semanal. Toda semana tem uma atualização para seu app. Isso é a startup te entregando mais valor com o aprendizado que ela teve nas últimas semanas. E na sua empresa? Qual a velocidade que novos produtos ou serviços são criados? Quanto tempo sua empresa gasta diariamente focada em entender o cliente e sua interação com seus produtos/serviços? As pessoas da sua empresa conhecem os conceitos de MVP, Business Model Canvas, Lean ou Agile? Caso negativo está na hora de aprender com as startups.

*Henrique von Atzingen é executivo de Mobilidade da IBM Brasil. Twitter: @hvon

Site: Computerworld
Data: 18/09/2015
Hora: 8h40
Seção: Gestão
Autor: Henrique von Atzingen
Link: http://computerworld.com.br/o-que-grandes-empresas-estao-aprendendo-com-startups