TechCrunch Disrupt 2015: O que rolou no maior evento de startups do mundo

06/10/2015

Que o Vale do Silício é uma referência mundial da inovação há mais de 50 anos, todos já devem saber. Empresas como HP, Apple, Google, LinkedIn, Paypal e Tesla são alguns dos grandes exemplos nascidos e criados por lá.

O interessante é que com o aprendizado gerado em épocas boas e ruins (Bolha da Internet) e mesmo com o aparecimento de outras regiões no mundo que estão investindo em inovação, a região próxima a San Francisco (Califórnia) continua sendo o centro das atenções tanto de empreendedores quanto de investidores e empresas consolidadas e estabelecidas.

Conseguimos perceber e sentir isso no TechCrunch SF Disrupt 2015, que sem dúvida é o maior evento de inovação e empreendedorismo digital do planeta. O formato despojado, porém profissional, direto e sem enrolação, atrai pessoas e empresas de todo o mundo.

A começar pelo local do evento: o Pier 70. É realmente disruptivo levar o evento para um local praticamente abandonado, com o objetivo de revitalizar e dar visibilidade para uma parte não tão nobre da grande metrópole da inovação.

O formato do evento também é interessante onde a prática e o hands on sempre se sobressaem em relação ao conteúdo teórico. Praticamente 70% do espaço do evento é destinado para que startups exibam seus produtos, o que é fantástico. Os empreendedores são agrupados por assuntos, como por exemplo redes sociais, realidade virtual, hardware e marketing, assim como por países.

Fiquei surpreso com a quantidade de brasileiros por lá e isso é um forte indicador de que estamos no caminho certo. O Brasil foi a delegação com o maior número de startups sendo exibidas durante o evento. Realmente me senti orgulhoso! Argentina, Uruguai, Japão, Hungria, Polônia, Taiwan, entre outros, também estavam bem representados.

Os grandes destaques do evento foram os setores de realidade virtual, hardware e internet das coisas (IoT). Nesses segmentos, vimos coisas interessantes como um “Lego” tecnológico controlado por tablets e smartphones, compostos que permitem o uso de telas sensíveis ao toque mesmo com as mãos molhadas, dispositivos para realizar exames cardíacos e respiratórios de forma simples e até máquinas para produção adequada de cannabis. O grande vencedor do concurso de startups foi a Agrilyst, que demonstrou sensores e um software capaz de ajudar o setor agrícola a ser mais efetivo.

No campo da realidade virtual, vimos tecnologias mais aprimoradas de captura de experiências externas e aplicações para a educação, transportes, marketing e arquitetura. Mas uma tecnologia chamou a atenção: a imersão total de uma pessoa física em tamanho real em um ambiente virtual em tempo real. Bastava entrar numa sala e pronto, nós aparecíamos como um personagem em um jogo, por exemplo. Nesse caso, as aplicações são inúmeras e agora vamos esperar para ver o que vem por ai.

Percebemos também que o setor de vídeos é a menina dos olhos dos investidores, que mostravam bastante interesse em parar e conversar com todas startups que possuíam produtos nesse segmento. Tecnologias que reduzem o tamanho dos arquivos, que aumentam a velocidade de carregamento em sites e que melhoram a qualidade da experiência de consumo eram os destaques. Não é a toa que o fundador da GoPro prestigiou o evento.

Notamos também que as boas e velhas redes sociais ainda estão firmes e fortes, especialmente as que focam em nichos específicos. Vimos revitalizações dos chats de bate-papo por telefone. Basta escolher o assunto e o idioma e somos colocados numa sala de bate-papo com toda discrição e segurança e nesse caso, deixamos o teclado de lado e usamos a voz.

Outra questão interessante foi ver que o modelo de financiamento desse ecossistema agora conta fortemente com a ajuda de astros da música, cinema e esportes, como por exemplo Snoop Dogg e Andre Iguodala, além dos tradicionais investidores anjo, semente, aceleradoras e venture capitals.

Notamos também a grande presença de empresas tradicionais e estabelecidas, que estava por lá tanto como patrocinadores quanto como visitantes ou caçadores de talentos e inovação. Ford, Microsoft, UBS, UPS, Walmart, Mastercard, IBM e Cushman & Wakefield são alguns exemplos dos que patrocinaram e participaram do evento, reconhecendo que a próxima inovação disruptiva pode estar por ali.

E havia investidores de peso por lá? Sim havia, mas eles estavam escondidos e para chegar a eles, o bom e velho relacionamento precisa ser colocado em prática. Grandes ícones como Sequoia, 500 Startups, Redpoint, Y Combinator, True Ventures, SV Angel e Cowboy Ventures estavam presentes.

E como era de se imaginar, os wearables tiveram destaque com a participação da Peeble, Fitbit e outras startups demonstrando seus novos dispositivos, especialmente focados no esporte, saúde e bem estar.

Fique atento ao nosso próximo artigo, pois abordaremos quais foram as startups estrangeiras e brasileiras que se destacaram no evento e que podem servir de referência para CIOs e grandes empresas no Brasil.

*Roberto Coelho Jr. é CEO da Inovive e do vitrinU.com. Foi CIO da Dell para a América Latina e da KPMG. É certificado em Inovação e Empreendedorismo pela Stanford University.

 

Site: Computerworld
Data: 06/10/2015
Hora: 9h
Seção: Negócios
Autor: Roberto Coelho Jr.
Link:http://computerworld.com.br/techcrunch-disrupt-2015-o-que-rolou-no-maior-evento-de-startups-do-mundo