Nanotecnologia precisa de investimentos mais robustos no Brasil

15/10/2015

Segundo Adalberto Fazzio, o SisNano já recebeu recursos da Finep, mas ainda é preciso dar um impulso maior - Foto: Divulgação/MCTI

De São Paulo (SP) - A nanotecnologia tem avançado nas mais diversas aplicações. O conhecimento na área é utilizado em setores como o da saúde, da energia e das tecnologias da informação e comunicação (TICs). Uma das principais medidas do governo para expandir o uso dessas inovações no País e, com isso, atender diretamente os interesses da população, é a Iniciativa Brasileira de Nanotecnologia (IBN).

O carro chefe da IBN foi a criação do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNano), cujo objetivo é ampliar o acesso de pesquisadores e empresas à infraestrutura laboratorial brasileira. Apesar da iniciativa ter perdurado desde 2012, neste ano o programa tem sofrido dificuldades para continuar seus trabalhos, principalmente por causa dos contingenciamentos sofridos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A pasta perdeu R$ 2 bilhões do orçamento previsto.

Segundo o subsecretario de Coordenação das Unidades de Pesquisa do MCTI, Adalberto Fazzio, a expectativa é que no próximo ano seja possível dar continuidade aos serviços que foram afetados pela diminuição de recursos. "Ele [SisNano] não está parado. Já recebeu recursos na ordem de R$ 8 milhões da Finep [Financiadora de Estudos e Projetos]. Mas agora precisa dar um impulso maior", comentou Fazzio, durante participação na Nano TradeShow, evento que acontece de terça (13) a quinta-feira (15), no Transamérica Expo Center, em São Paulo (SP).

Na avaliação de Fazzio, é essencial um olhar estratégico para a rede de laboratórios apoiada pelo SisNano. Para isso, é necessário um aporte de recursos que garanta infraestrutura laboratorial adequadan para as pesquisas desenvolvidas, uma vez que elas têm uma forte interação do setor produtivo.

"No SisNano temos 200 empresas interagindo com os laboratórios. Companhias preocupadas com pesquisa e desenvolvimento [P&D] e não somente na utilização do conhecimento de nanotecnologia. São empresas interessadas na parte da aplicação, ou seja, agregar valor ao produtos nacionais, do contrário nossa indústria vai continuar caindo", pontuou o representante do MCTI

Também presente no evento, o presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Maurício Laplane, ressaltou que o Brasil tem dado passos importantes para desenvolver tanto competências tecnológicas como empresariais no campo da nanotecnologia. Contudo, investimentos de maior porte são essenciais para dar prosseguimento aos avanços no setor.

"O volume de recursos que estamos colocando é pequeno se comparado com outros países. No SisNano, estamos falando de investimentos na ordem de dezenas de milhões, mas quando se fala de programas de países do G7 estamos falando de casos de bilhões de dólares", comentou.

Sibratec

Apesar das dificuldades orçamentarias, uma novidade para incentivar o progresso da nanotecnologia no Brasil ocorreu dentro do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), programa coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec) do MCTI. O Sibratec recebeu, em 2015, R$ 30 milhões direcionados exclusivamente para laboratórios de nanotecnologia em cooperação com empresas.

De acordo com Fazzio, o sistema, apesar de ser executado pelo MCTI, agora recebe aporte financeiro que não é atrelado ao governo. "Ele recebe de uma fundação, o que facilita todo esse recurso para pesquisa. Essa fundação que presta o relatório à Finep não tem entraves burocráticos e, por isso, tem uma facilidade muito maior para conseguir aporte."

O Sibratec tem a finalidade de apoiar o desenvolvimento tecnológico do setor empresarial nacional e as atividades de pesquisa e desenvolvimento voltadas para a inovação em produtos e processos, em consonância com as prioridades das políticas industrial, tecnológica e de comércio exterior.

(Leandro Cipriano, da Agência Gestão CT&I)

 

Site: Agência Gestão CT&I
Data: 14/10/2015
Hora: 9h44
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Autor: Leandro Cipriano
Link: http://www.agenciacti.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=8093:nanotecnologia-precisa-de-investimentos-mais-robustos-no-brasil&catid=3:newsflash