Iniciativas de impacto social têm campo fértil no Brasil

30/10/2015

Não é filantropia. Os negócios de impacto social ­- que combinam a oferta de produtos e serviços em benefício da população de baixa renda com obtenção de lucro -­ têm grande potencial no Brasil. Soluções inovadoras podem preencher lacunas no mercado. Hoje, cerca de 80% dos brasileiros pertencem às classes C, D e E, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda segundo o instituto, o país tem 13 milhões de analfabetos, 16 milhões de moradias inadequadas e 75% da população com acesso exclusivo ao Sistema Único de Saúde. Cerca de 40% não têm conta em banco, conforme a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

"É um caminho sem volta. A partir de modelos inovadores, é possível alcançar essa população", destacou Daniel Izzo, sócio e diretor executivo da Vox Capital, gestora de fundos de venture capital. Ele participou da 25ª. Conferência da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), realizada este mês, em Cuiabá (MT). A Vox, com foco em negócios sociais, tem um fundo de R$ 85 milhões. Foram realizados investimentos na forma de participação acionária, de 20% a 30%, em 20 empresas. Entre os investidores, empresários, famílias e órgãos de fomento.

Esse fundo figura entre os 50 principais em negócios de impacto social no mundo. Em 2016, a Vox abrirá outro fundo de R$ 120 milhões. Os setores alvo são educação, saúde e serviços financeiros. Izzo diz que, no Brasil, há recursos disponíveis aos empreendedores com bons projetos. Do lado dos investidores, o momento também é oportuno. "São ciclos. É sempre interessante investir quando a economia está fraca para depois vender em um momento melhor", diz.

A Yunus Negócios Sociais Brasil, ligada ao grupo de Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz e fundador do Grameen Bank, iniciou sua operação no início de 2014 em duas frentes, como aceleradora e fundo de investimentos. "Aceleramos 28 negócios, sendo que seis estão no caminho para receber investimentos", comenta Rogério Oliveira, co-­fundador da Yunus no país. O objetivo é captar R$ 40 milhões até março de 2016 para fomentar startups. A Solar Ear é uma das empresas que receberá recursos para ganhar escala. Essa startup desenvolveu um aparelho auditivo de baixo custo, que funciona com bateria recarregável com energia solar. O fundo não visa retorno, é constituído por doações de indivíduos, famílias ou de fundações de empresas.

 

Site: Valor Econômico
Data: 30/10/2015
Hora: 05h
Seção: Tecnologia
Autor: Daniela Rocha
Link: http://www.valor.com.br/empresas/4293642/iniciativas-de-impacto-social-tem-campo-fertil-no-brasil