COB treina atletas com alta tecnologia

Para preparar o Time Brasil para a Olimpíada de 2016, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) desenvolve desde 2010 um programa integrado, disponível para todas as confederações brasileiras, que usa as mais modernas tecnologias para melhorar o desempenho dos atletas.

Com um orçamento de R$ 5 milhões para o atual ciclo olímpico, o projeto da área de performance esportiva do COB utiliza acelerômetros, GPS, sensores de movimento, leitores de calor, laboratórios portáteis, softwares de análise de imagens e muitas outras tecnologias disponíveis para técnicos e atletas. Seu maior desafio, porém, é definir o que usar, quando e como.

"São muitas informações disponíveis. Nosso trabalho é gerar eficiência e evitar que as pessoas percam tempo com o que não é importante. É criar uma plataforma que dê acesso aos técnicos das diversas modalidades às ferramentas de suporte", explica a consultora em tecnologia esportiva Kristin Collins.

Kristin é uma técnica americana com mestrado em política econômica, para quem a análise das estatísticas geradas por esses equipamentos é a base do trabalho. Muitas vezes, começa na gravação de um treino ou partida e no chamado "scout", marcação dos principais lances da equipe ou do atleta.

Há três anos ela passa uma semana por mês no Brasil desenvolvendo esse trabalho com as confederações olímpicas brasileiras. Atua em parceria com outros 22 profissionais dos sete setores do departamento de ciência do esporte do COB: fisiologia (testes de campo e laboratório), bioquímica, nutrição, preparação mental (psicologia e coaching), meteorologia e geociência, cinemática (análise de imagens) e treinamento esportivo.

Para o COB, o acesso a novas tecnologias para incrementar a performance dos atletas é um dos legados da Olimpíada de 2016. Com os investimentos viabilizados pelo evento no Brasil, o comitê está investindo na compra de equipamentos e conseguiu até montar um laboratório próprio, no Estádio Aquático Maria Lenk, que está disponível para todas as modalidades.

Dos R$ 5 milhões previstos para o atual ciclo olímpico, R$ 2 milhões estão sendo aplicados este ano, praticamente o mesmo que foi investido para todo o ciclo passado, que preparou os atletas para Londres 2012. "As pessoas vão se acostumando e a demanda aumenta. Em 2016, esperamos ter mais R$ 1 milhão para a compra de equipamentos", diz o gerente de performance esportiva Sebastian Pereira, que conta com 100% de isenção fiscal na importação de equipamentos, menos na compra de produtos da Apple, os mais adequados para rodar softwares como Dartfish e Sports Code, programas de análise de imagens que são pesados e têm muitas interfaces gráficas.

As parcerias viabilizadas pela Olimpíada, porém, estão abrindo outras frentes. A Microsoft assinou um acordo de apoio com o COB e está disponibilizando diversas tecnologias. O fato da gigante ser ainda pouco reconhecida nesse segmento representa, na opinião de Kristin, uma grande oportunidade.

"Temos acesso aos melhores engenheiros da Microsoft. É uma grande oportunidade para desenvolvermos novas soluções", diz a consultora, que também auxilia a confederação canadense e mantém uma rede de contatos com técnicos de todo o mundo para superar desafios como o uso de acelerômetros na natação. No ambiente aquático, ainda não foi possível obter resultados acurados.

Para Pereira, as equipes brasileiras de polo aquático e hóquei sobre grama estão entre as que mais melhoraram a performance graças ao uso de tecnologia. O time de polo aquático chegou em terceiro no último mundial, resultado inédito para os brasileiros. E a equipe de hóquei conseguiu se classificar para os jogos, o que nunca tinha ocorrido antes.

Kristin chama atenção para o interesse dos próprios atletas pelas informações. "O atleta gosta de monitorar seu desempenho. Muitas vezes, é ele que acompanha e leva a demanda pela ferramenta para o treinador", diz, sinalizando para a mudança de cultura que está promovendo.

Site: Valor Econômico
Data: 04/11/2015
Hora: 5h
Seção: Tecnologia
Autor: ------
Link: http://www.valor.com.br/empresas/4299842/cob-treina-atletas-com-alta-tecnologia