Estamos no meio de uma guerra política que está causando prejuízos drásticos ao país. Hoje temos mais de 4 milhões de empresas inadimplentes, em um total de 5,5 milhões que existem no Brasil. Temos 57,2 milhões de pessoas inadimplentes, em uma população total de 200 milhões, e para comparar temos 28 milhões de declarações de imposto de renda. Segundo os economistas, terminaremos 2015 na maior recessão que o país já viveu desde 1930.
O governo estima que, no final de 2016, a dívida do setor público chegue a 71% do PIB. O Banco Central anunciou que a taxa de câmbio só voltará a patamares saudáveis no final de 2017. Deus, e vários outros brasileiros, foram morar em Miami em busca de uma situação melhor.
Em recente pesquisa de mercado a Advance Consulting identificou que o setor de tecnologia não pode reclamar da vida. A crise tem sido muito bondosa com este setor que estima crescer 4,2% este ano, quando a economia terá uma redução de -3%. Apenas para comparar, o segmento de tecnologia crescia a uma média de 12% nos anos dourados, de 1990 a 2010, enquanto que a média de crescimento da economia era de 3,6%.
Mas nem todas as empresas estão sendo beneficiadas, segundo a pesquisa. Cerca de 18% das empresas tiveram redução de mais de 15% no período de janeiro a setembro de 2015, e comparando-se com o mesmo período do ano passado. Do outro lado temos 26% das empresas que tiveram crescimento de mais de 15% neste período. A crise tem criado extremos e, quanto mais passa, mais intensifica estes extremos.
Dentre as empresas com maior crescimento temos aquelas envolvidas com as novas tecnologias de apps, mobilidade, Cloud, data center e as empresas que oferecem produtos e serviços relacionados com a conformidade da lei, ou seja, sistemas de gestão empresarial, fiscais, tributários e correlatos. O governo tem intensificado as políticas de aumento de arrecadação e fiscalização contra a sonegação. As empresas com soluções nestas áreas estão aumentando o quadro de colaboradores, investimentos em marketing e vendas, e projetando expansão da carteira de clientes e geografias.
Dentre as empresas com maior retração estão as que vendem produtos e serviços de infraestrutura básica (computadores, rede, voz e dados), distribuidores e empresas de treinamento. Do ponto de vista de atendimento, as empresas com maior retração são as que atendem o governo, setor automotivo, construção civil e manufatura. Mais de 90% das empresas que atendiam exclusivamente o governo, decidiram expandir sua atuação e passar a atender, também, a iniciativa privada – o que, muito provavelmente, trará benefícios positivos, a longo prazo, para todo o mercado.
A variação cambial, segundo a pesquisa, teve um grande impacto em 62% das empresas, fazendo com que os projetos fossem reduzidos, adiados ou cancelados. Para minimizar o impacto do câmbio as empresas tiveram que ajustar suas carteiras de ofertas e reduzir custos. Os empresários acreditam que a taxa esteja alta, mas estável, e estimam que 2015 terminará com uma taxa de dólar de 4,2. Esta taxa de câmbio alta tem feito vários investidores olharem com carinho e interesse para empresas Brasileiras de tecnologia, aumentando as ofertas e transações de fusões e aquisições.
Os empresários de tecnologia estão otimistas para 2016, acreditando que conseguirão atingir uma taxa de crescimento de 12,6%, com uma estratégia de expansão e muito foco em vendas.
Quem olha os indicadores de desempenho do setor de tecnologia não acredita que a crise Brasileira seja tão drástica. Aparentemente este é um "porto seguro" para estar e para investir, aqui no Brasil, nos próximos anos.
(*) Dagoberto Hajjar é diretor-presidente da Advance Consulting
Site: CIO
Data: 11/11/2015
Hora: 16h50
Seção: Opinião
Autor: Dagoberto Hajjar
Link: http://cio.com.br/opiniao/2015/11/11/setor-de-ti-deve-crescer-4-2-este-ano-no-brasil-diz-advance-consulting/