Há três semanas do leilão de sobras de radiofrequências, provedores regionais de internet ainda analisam como transformar em negócios faixas de frequência que a Anatel coloca em oferta em 17/12 – ou melhor, uma semana antes no caso da apresentação dos lances para fatias de abrangência municipal do espectro.
“O prazo é muito curto. Não pela documentação, mas o problema é que a gente só consegue montar um plano de negócios depois que sabe o preço, depois que fala com os fabricantes”, ressaltou o diretor de legislação e regulamentação da Abrint, Basílio Perez. Um workshop em Brasília, nesta quarta, 25/11, tentou jogar luz sobre o leilão para os principais interessados.
A julgar pelas manifestações dos provedores regionais de internet, os preços são atraentes, ao menos na maioria dos mais de 20 mil lotes ofertados de olho nesses compradores em especial. Em razoável medida, no entanto, isso se deve a própria dificuldade em fazer desses nacos de radiofrequência negócios sustentáveis.
“Os preços estão baixos, mas não quer dizer que fique mais barato. Só em 258 municípios os 35 MHz custam mais de R$ 100 mil. Mais importante que o valor da faixa é o modelo de negócios. Estamos falando de investimentos de rede que vão de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões”, disse o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude.
O próprio Tribunal de Contas da União registrou essa ressalva ao dar o sinal verde para o leilão. “Considerando que para a maioria dos blocos TDD, tanto no serviço SCM como SMP, os projetos se mostraram inviáveis conforme a modelagem utilizada pela Agência, para esses lotes foi utilizado como preço mínimo o valor calculado do Preço Público pelo Uso de Radiofrequência.”
Ressalte-se que a conta considera um ‘novo entrante’. Mas o foco real está em pequenos e médios empresários que estão no negócio de provimento de acesso. “São empresários que já tem noção do que é o mercado e vão buscar a melhor forma de negócio. Nessa faixa será possível explorar outros serviços que não só banda larga, como voz sobre IP”, sustentou o presidente da Anatel, João Rezende.
As faixas permitem a exploração de serviços com 4G, mas como abordado, redes LTE implicam em custos significativos, particularmente no core, o que se transforma em uma questão de escala. Por isso, não será surpresa se diferentes ISPs se reunirem para ratear esse núcleo, ainda que em operações distantes e até bastante distintas em porte.
As expectativas variam. Há quem avalie que se surgirem 20 provedores na disputa, já será sucesso. Mas entre os empresários aposta-se em até mais. “No WiMAX eram mais de 100 interessados. Podemos ver algo por aí”, arriscou Perez, da Abrint. O vendedor diz que caprichou nas condições. “Em 4,3 mil municípios os valores são abaixo de R$ 10 mil ou R$ 15 mil, com 3 anos de carência, 7 anos para pagar e 3% de juro ao ano. Não vão encontrar taxas nessas condições em nenhum mercado, nenhum banco, nem com TJLP, no BNDES”, disse Rezende.
Site: Convergência Digital
Data: 25/11/2015
Hora: ------
Seção: Segurança
Autor: Luis Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=41217&sid=14