Inclusão digital pode ter 'nova roupagem' em março

26/01/2016

O programa Banda Larga para Todos será relançado em março com uma série de mudanças programadas pelo Ministério das Comunicações. O ministro André Figueiredo disse que vai propor à presidente Dilma Rousseff uma "nova roupagem" que passa inclusive pela possibilidade de mudança do nome do programa.

"Defendo a saída do nome 'banda larga' porque ninguém sabe o que é isso, a não ser quem está na área técnica. Uma coisa é você falar sobre o Água para Todos ou Luz para Todos. Outra coisa é chegar para quem é leigo em internet e dizer que chegamos na cidade com o Banda Larga para Todos. Se olharmos as pessoas que queremos atingir, elas vão perguntar: O que é isso?", disse o ministro ao Valor.

Não é a primeira vez que o principal programa de inclusão digital do governo muda de nome. Na gestão do ex­presidente Lula foi lançado como Plano Nacional de Banda Larga. "Não batemos o martelo dentro do ministério sobre o novo nome, mas precisamos, antes de tudo, levar à presidente", disse.

Figueiredo explicou que os ajustes partiram de uma visão crítica da eficácia do programa. Para ele, faltou construir maior integração com outras iniciativas do governo federal coordenadas pelos ministérios da Educação, da Ciência e Tecnologia e das Cidades.

Com cada um destes órgãos, Figueiredo vê a oportunidade de melhorar a qualidade do acesso à internet. "Os telecentros, por exemplo, têm um potencial de qualificação que é inexplorado. Boa parte dessas salas com computadores no Brasil viraram 'lan houses' [ voltadas basicamente para o acesso a redes sociais]. A juventude que chega lá poderia usar a estrutura para sua qualificação profissional", afirmou ao se referir às tratativas com a pasta da Educação.

Com o Ministério das Cidades, Figueiredo discute levar rede de fibra óptica a todas residências. A estratégia envolve parcerias com os provedores e as administração dos condomínios. "É possível oferecer internet de 30 Mbps ao custo de até R$ 50 por mês", afirmou o ministro das Comunicações.

As metas para 2018 serão mantidas. Elas incluem a cobertura de 70% dos municípios brasileiros, que alcançam 95% da população, com redes de fibras ópticas e a velocidade média 25 Mbps.

O ministro das Comunicações afirmou que entre as medidas planejadas para incrementar a política de inclusão digital está a criação de fundo garantidor para facilitar a obtenção de crédito pelos cinco mil provedores regionais de conexão à internet do país.

"Acabamos de dar início à definição de um fundo garantidor para os pequenos provedores, com funding de R$ 400 milhões de reais. Isso vai permitir que eles façam os investimentos necessários para levar fibra às localidades aonde não chegam as grandes operadoras", disse Figueiredo.

O ministério constatou que os pequenos provedores crescem a partir da utilização de recursos próprios e as barreiras de acesso ao crédito tem freado a expansão que poderia ser ainda maior. Concluiu­se que a principal barreira está na falta de disponibilidade de garantias bancárias a serem apresentadas às instituições financeiras.

O fundo garantidor poderá ter os recursos administrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na prática, o provedor terá acesso a crédito de bancos como Banco do Brasil, Banco do Nordeste e o próprio BNDES. Uma consulta feita pelo ministério a fornecedores indicou que as prestadoras de pequeno porte são as que mais compram redes de fibra óptica e sem causar problema de inadimplência.

Site: Valor Econômico
Data: 26/01/2016
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Rafael Bitencourt
Link: http://www.valor.com.br/empresas/4407974/inclusao-digital-pode-ter-nova-roupagem-em-marco