Oportunidades de Big Data na área de Saúde no Brasil

17/02/2016

A tecnologia tem cada vez mais assumido um papel de “enabler” na medicina atual. É possível que os cientistas estejam aptos para erradicar a “maioria” das doenças em aproximadamente 15 anos? O renomado inventor-futurista Ray Kurzweil de 67 anos diz que sim!

Ele é particularmente otimista sobre os “nanobots” que são microscópicos robôs projetados para “perambular” pelo corpo lutando contra as doenças. Kurzweil diz que milhões de “nanobots” serão inseridos no corpo humano por volta dos anos 2030 para aumentar a nossa imunidade, subjugando a maioria das doenças!

Ele também acredita que os seres humanos, na sua maioria, tornem-se “imortal” por volta de 2040 devido aos avanços da tecnologia e da medicina... você vai querer ser imortal? Who knows!

Quem vem a ser esse “cidadão” Ray Kurzweil? Ele é um inventor, empresário, futurista e co-fundador da Singularity University que promove o conceituado evento Exponential Medicine em San Diego todo ano. As ideias acima constam da entrevista publicada pelo jornal The San Diego Union Tribune no domingo passado antes do último evento em novembro de 2015. Ver aqui a Capa do jornalWill scientists wipe out disease by 2030?, 08.nov.2015.

Ray Kurzweil foi “capturado” em 2012 na academia biomédica para ir trabalhar no gigante Google. Hoje além de TUDO isso, o “tal senhor” vem a ser o Diretor de Engenharia do Google!

No evento de San Diego foram discutidos diversos temas inovadores atuais em medicina e saúde, a saber: “nanobots”, genética humana, medicina personalizada, microbioma, edição de DNA (CRISPR), biopsia líquida, robótica, big data, inteligência artificial, nanotecnologia, deep learning, tecnologia 3D, etc e etc.

A medicina atual sofre uma enorme “pressão inovadora” provocada pela “brutal” evolução da tecnologia nos últimos anos.


Big Data

Inteligência Artificial (AI) vai representar um grande “boom” de oportunidades na saúde nos próximos anos segundo a avaliação do analista de indústria Frost & Sullivan. O uso de AI na Saúde vai crescer 10 vezes nos próximos cinco anos em várias áreas da Saúde, desde o diagnóstico de câncer até dicas de dietas.

Esse “boom” vai representar um crescimento de mercado de 600 MUS$ para 6 BUS$ (ver Paging Dr. Robot: The Coming AI Health Care Boom, Fast Company, 08.jan.2016 e From $600 M to $6 Billion, Artificial Intelligence Systems Poised for Dramatic Market Expansion in Healthcare, Frost & Sullivan, 05.jan.2016).

Dentro da AI temos a área de “Machine Learning”. Essa é uma área da ciência da computação que evoluiu bastante a partir do estudo de reconhecimento de padrões (“pattern recognition”) e da teoria da aprendizagem computacional em inteligência artificial. “Machine Learning” tem uma “íntima” ligação com o big data pois é a base da análise preditiva (predictive analytics or predictive modelling). A análise preditiva é muito importante para fazer estimativas na área de Saúde (ver The Future of Personalized Health Care: Predictive Analytics by @Rock_Health, 27.oct.2014).

Mas o que a tecnologia de big data pode fazer pela medicina?

A Tecnologia de Big Data tem interessado muito ao segmento de Saúde de uma forma geral (ver The “big data” revolution in healthcare, McKinsey, January 2013). Big Data em Saúde interessa a vários “stakeholders”: Governos, Operadoras, Administradoras de Planos, Hospitais, Farmacêuticas, entre outros.

Endereçando ao Brasil – onde a tecnologia ainda “engatinha” - destacamos algumas ações/exemplos, possíveis em curto e médio prazo, para alavancar o “negócio” de big data no segmento de Saúde para alguns desses “stakeholders”, a saber:

[a] Governo Federal: esse setor pode explorar de forma inteligente o Big Data alavancando (e/ou estimulando) o TISS (padrão da ANS para a Troca de Informações da Saúde Suplementar) como núcleo básico de informação para a Saúde Populacional. Uma outra fonte de informação para o Big Data na Saúde pública é o cartão digital do SUS recém-anunciado (ver Ministério da Saúde lança versão digital do cartão SUS, Exame, 27.ago.2015).

Para não ficar de “bla-bla-blá” e nem especulando muito, tem duas aplicações de saúde pública que fazem o maior sentido a utilização do Big Data no nicho do Governo Federal: (1) Gestão de Doenças Crônicas e (2) Redução de Custos de Saúde. Para ver mais detalhes do que pode ser feito – pelo menos – inicialmente nessas áreas ver aqui a referência: Internet das Coisas: Como “Big Data” pode guiar a transformação da Saúde?, Convergência Digital, 06.abr.2015. Big Data pode ser uma grande ferramenta de Saúde para o Governo Federal – quando ele “acordar” evidente! A tecnologia pode ser – também - excelente instrumento de gestão da Saúde no Brasil (ver Big data in global health: improving health in low- and middle-income countries, World Health Organization, 30.jan.2015; What can big data do for public health?, Healthcare IT News, 10.jun.2014; Big data will improve patient care and public health, DO expert says, The DO, 18.jun.2015; e Applying Big Data in Public Sector Healthcare, Economic Times Healthworld.com, 22.jun.2015);

[b] Operadoras de Saúde: aqui é um bom nicho para se aplicar a tecnologia de big data nas áreas de administração e financeira, tais como: monitoração de perdas e fraudes, análise financeira, análise do faturamento, gestão de benefícios de farmácia (PBM), melhorias clínicas, análise do atendimento a clientes, entre outras. Nós já temos no mercado internacional um bom exemplo a ser “copiado”: trata-se nada mais nada menos do que a United Healthcare dos EUA (dona da brasileira Amil). Ver essa excelente referência do que a United Healthcare está pensando em big data: How Big Data Keeps United Healthcare Nimble, Information Management, 01.apr.2015;

[c] Administradora de Planos de Saúde: similar ao caso das Operadoras de Saúde anterior. Cabe destacar que a parte de análise do atendimento a clientes que pode ser muito interessante – e oportuna nos tempos “bicudos” atuais - pois permitiria que fossem utilizados os dados não estruturados de gravação de “call center” (arquivos tipo “wav”) e formulários em papel contendo as reclamações dos clientes. Uma boa idéia hein e que não é 51!;

[d] Hospitais: aqui temos uma grande área para utilização da tecnologia de big data no processamento de dados clínicos, a saber: (1) reinternações de pacientes; (2) gestão de doenças crônicas; (3) gestão de pacientes de alto custo; e (4) gestão de pronto socorro como alguns exemplos. Uma aplicação muito inovadora para hospitais pode ser a gestão de risco clínico de pacientes. Citamos aqui dois casos: (a) o caso da Kaiser Permanente do  Risco de Efeito Adverso em UTI (ver Video: Kaiser Permanente Northern California, Trace Lieu, Stanford Big Data, May 2015); (b) e o Salvamento de Bebês Prematuros (ver Research in big data analytics working to save lives of premature babies, Global News, 05.jul.2013 e Big Data Saves Small Babies by Detecting Nosocomial Infections Earlier Than Clinicians, Nuviun, 19.nov.2014).

Pelo que vimos já existem grandes oportunidades de big data no segmento de saúde no Brasil e o negócio ainda é um “terreno completamente virgem” a ser explorado.

Outras Referências de Big Data em Saúde:

[1] Internet das Coisas: Como “Big Data” pode guiar a transformação da Saúde?, Convergência Digital, 06.abr.2015
http://bit.ly/23E2ogM

[2] Saúde Populacional: um novo “approach” através do “Big Data”, Saúde Business, 08.jun.2015
http://bit.ly/1QC5N8y

[3] Por que “big data” é “big” em Saúde?, Saúde Business, 27.jun.2015
http://bit.ly/1P9Sutl

[4] Como ganhar dinheiro com big data em Saúde?, Saúde Business, 03.set.2015
http://bit.ly/1P0xXcP

Eduardo Prado é consultor de mercado em novos negócios, inovação e tendências em Mobilidade e “Big Data” em Saúde.

 

Site: Convergência Digital
Data: 12/02/2016
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Seção: Opinião
Autor: Eduardo Prado
Foto: ——
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=41603&sid=15