O Google compartilhou sua visão sobre o futuro da computação em nuvem na última quarta-feira. De acordo com a gigante de buscas, a próxima geração da cloud computing terá padrões mais elevados de segurança, será recheado de recursos de inteligência artificial e permitirá integração mais simples entre ambientes públicos e privados.
O conceito de compra de tecnologia sob demanda como serviço, que começou a ser moldado a partir de temas de colocation e virtualização de servidores em data center, atingiu um contexto onde o gerenciamento, configuração e manutenção passou a ser mais automatizado. Isso, porém nunca foi simples para as companhias – o que deve mudar a partir de agora.
A ideia da empresa é que o futuro será cada vez mais simples, até atingir um contexto de total abstração da camada de infraestrutura, para os usuários, que não precisarão se preocupar mais com aspectos técnicos dos serviços que contrata.
“Vivemos um ponto de inflexão. As empresas apenas começam a adotar o modelo de nuvem pública. No futuro, praticamente tudo será feito na nuvem, porque, além de mais simples, será mais eficiente”, enfatizou Sundar Pichai, CEO da provedora.
A companhia investiu pesado para fortalecer suas ferramentas. A Alphabet, grupo criado para abrigar as diversas divisões de negócio do Google, canalizou US$ 9,9 bilhões em recursos, ao longo de 2015, para reforçar suas linhas de produtos. Grande parte desse dinheiro se direcionou a ofertas de cloud.
Eric Schmidt, CEO da Alphabet, afirmou que a companhia trabalha para construir a próxima geração da nuvem, que será a plataforma que impulsionará aplicações de aprendizado de máquinas.
Não por acaso, o Google apresentou uma nova plataforma de machine learning. O serviço foi disponibilizado de forma limitada e em preview. A Cloud Machine Learning engloba diversas aplicações da provedora – como Photos, Translate e Inbox. “Nossa plataforma trará escala gigantesta e velocidade às aplicações de negócio de sua empresa”, garantiu o executivo.
A oferta divide-se, basicamente, em duas partes principais. A primeira permite que desenvolvedores criem modelos de machine learning a partir de seus próprios dados, enquanto uma segunda parte oferece estruturas pré-treinadas.
O executivo sinalizou que uma nova arquitetura está surgindo. Na sua visão, a próxima revolução virá a partir das conexões (cada vez mais comuns) entre recursos de crowdsourcing e inteligência artificial. A inteligência artificial começa a se fazer cada vez mais presente em nosso dia a dia. E, a medida que grandes provedores de ferramentas tecnológicas em suas rotinas, o passo seguinte é que aplicativos passem a ser mais eficientes e, consequentemente, mais úteis às pessoas e empresas.
Além disso, há um outro componente importante na estratégia da companhia. “Segurança. Não há como fugir disso”, resumiu Diane Greene, fundadora da VMware, que assumiu a vice-presidência do Google em dezembro de 2015. A ideia é que temas como proteção, mitigação de riscos, resposta a ameaças e compliance passem por uma onda de automação, com uma abordagem mais profunda e abrangente.
Ela reforçou a ideia de que a nuvem da companhia entrega um bom desempenho por um custo adequado, riscos reduzidos e acesso à inovação contínua. O plano contempla manter esses focos estratégicos na evolução da oferta.
Futuro exponencial
O Google projeta que o futuro da nuvem será influenciado por um volume de transformações tecnológicas jamais vistas na história da indústria. A pressão pela inovação em produto tem puxado os provedores de TI a repensarem praticamente tudo na infraestrutura computacional.
Dessa forma, as capacidades criadas acelerarão a evolução da tecnologia de forma exponencial. Assim, o software será melhor, mais rápido e mais útil na tarefa de trazer retornos às empresas. A expectativa frente aos recursos computacionais será mais elevada com relação aos recursos de TI.
Além disso, as aplicações precisarão prever o que os usuários querem, logo, precisarão recursos de análise e machine learning. O cenário desencadeará uma postura de NoOps, que tende a acelerar a entrada de sistemas em produção em escala.
A companhia também reconhece que grande parte dos processos rodaram em um modelo híbrido e trabalha para adequar seus produtos, ao mesmo tempo que direciona ofertas para ajudar empresas que não levarão a totalidade das cargas para ambientes públicos.
Essa, talvez, seja uma das respostas direcionadas ao que o mercado presencia em relação a evolução da nuvem. A Google foi uma das pioneiras na propagação do conceito de cloud computing. O conceito remodelou a forma como empresas compram tecnologia e, com isso, desestruturou o modelo comercial de players tradicionais de TI.
Mas a indústria, com o tempo, assimilou o golpe e conseguiu ajustar suas abordagens, equilibrar as disputas e conter o avanço de players como Amazon, Salesforce e o próprio Google.
A gigante de buscas, além de todas apostas em temas de inovação e segurança, ajusta suas estratégias para manter posição de destaque nesse cenário. Com um discurso mais alinhado ao contexto de híbrido, reforça sua posição na luta contra players como Microsoft, Cisco e IBM, que apostam alto na integração de ambientes privados e públicos.
(*) O jornalista participa do GCP Next 2016, nos Estados Unidos, a convite do Google Brasil.
Site: CIO
Data: 24/03/2016
Hora: 11h32
Seção: Tecnologia
Autor: Felipe Dreher
Foto: ——
Link: http://cio.com.br/tecnologia/2016/03/24/cloud-massificara-o-aprendizado-de-maquinas-afirma-google/