Poucas coisas são tão sedutoras no atual mundo dos negócios do que a ideia de criar uma startup de sucesso, conquistar o mundo digital, crescer rapidamente na internet, ganhar muito dinheiro, ficar conhecido e tudo o mais que muitas vezes ocorre em casos como esse.
Mas é preciso que se saiba que esse propalado mundo maravilhoso dos negócios digitais não é assim feito só de flores. Muito pelo contrário.
Mas é preciso que se saiba que esse propalado mundo maravilhoso dos negócios digitais não é assim feito só de flores. Muito pelo contrário.
Prova disso é o que um estudo recente divulgado pela Allmand Law, uma companhia dos EUA referência nessa área de negócios digitais, revelou: a grande maioria das startups – mais de 90% delas – simplesmente fracassa nos primeiros anos.
É claro que os motivos disso ocorrer são os mais diversificados possíveis e precisam ser analisados caso a caso. Muitas vezes, a “ideia” da startup é original, inovadora e representa um produto ou serviço importante. Mas nesse universo, em que as empresas são muito novas, constituídas por jovens lideranças empreendedoras, marcadas por atuarem num ambiente de “alta velocidade” e extrema incerteza dos negócios, é preciso aumentar o grau de reflexão do setor sobre como novas práticas de gestão podem ajudar a aumentar a taxa de sucesso dessas empresas e na criação de novos negócios.
A boa notícia é que estão cada vez mais frequentes as startups que começam a aproveitar muitas das ideias da filosofia lean de gestão, visando ampliar a “taxa de sucesso”. E isso ocorre não apenas no mundo digital, pois trata-se de uma mentalidade que pode ajudar todo o tipo de startup.
E como é possível fazer isso?
Para começar, questionando o processo inicial de geração de ideias que será o embrião da startup. Muitos pensam em gerar isso a partir de brainstorms; outros, em pesquisas de mercado etc.
Sugerimos que esse processo siga um modelo de mentalidade particular em que as pessoas aprendam a pensar de um modo diferente, procurando entender com profundidade qual “o propósito” da empresa que se quer fazer. Em outras palavras, é preciso refletir se os produtos e/ou serviços da startup que se está pensando realmente agregam valor aos clientes.
Para isso, os empreendedores que buscam ter ideais de startups precisam ter um senso crítico mais aguçado. Trata-se de buscar um modo de pensar mais aberto e criativo, com capacidade de observar criticamente a realidade social para ser capaz de perceber não aquilo que os clientes dizem querer, mas identificar mais concretamente o que eles efetivamente necessitam.
Mas mesmo tendo todo esse cuidado, é preciso ter em mente que no mundo das startups muitas ideias sempre fracassarão, de qualquer maneira.
Nesse contexto, pensar de forma lean significa criar conceitos para rapidamente desenvolver algum modelo do produto, tradicionalmente conhecido como “produto mínimo viável”, que pode ser usado como teste eficaz junto a clientes potenciais.
Nesse universo das startups, é muito comum que a “ideia inicial” que gera a empresa ainda seja muito vaga. Além disso, também é comum nesse setor não se conhecer com profundidade o mercado potencial que se quer atuar, nem o real interesse dos clientes.
Nesse sentido, realizar testes permite perceber de forma mais palpável a reação real dos clientes que se quer atingir. E, assim, aprender sobre quais características do produto o cliente tem interesse – as que realmente agregam valor – e as que não despertam interesse, os desperdícios.
Igualmente importante é ser capaz de rapidamente perceber que se uma ideia ou conceito não conseguiu capturar a atenção e interesse dos clientes, deve, portanto, ser abandonada rapidamente. Um dos maiores desperdícios de tempo e recursos é persistir com uma ideia que não tem futuro.
Desse modo, os empreendedores devem ser capazes de desenvolver o produto e o mercado da empresa simultaneamente.
Com o passar do tempo, a startup vai enfrentar os desafios de produzir e entregar, de entender seus custos e definir preços. Muitas vezes, nas empresas que conseguem avançar até chegar a essa fase, isso é essencial para continuar na busca pelos recursos financeiros necessários para viabilizar a continuidade do negócio em suas novas etapas.
Atualmente há enorme quantidade de recursos financeiros disponíveis em fundos de investimento de risco, que estão permanentemente em busca de ideias que potencialmente possam criar novos mercados e tornarem-se produtos de sucesso.
Passada essa fase, as startups começam a sofrer os mesmos problemas e ter os mesmos desafios da empresa já estabelecidos.
Há sempre enormes incertezas na criação de um novo negócio. E sempre haverá uma substancial quantidade de fracassos e aprendizados advindo daí. Mas podemos ajudar a reduzir muitas dessas perdas adotando algumas práticas lean.
Pois para contribuir com o avanço desse setor, o Lean Institute Brasil vai promover um encontro (http://www.lean.org.br/workshop/121/startup-lean-como-comecar-uma-empresa-de-sucesso.aspx) de interessados no tema para discutir como técnicas e conceitos lean podem aumentar as chances de sucesso em startups.
Numa economia cada vez mais globalizada e digitalizada como a nossa, trabalhar para aumentar o sucesso e reduzir as perdas nesse setor certamente é uma das frentes mais estratégicas e importantes. Em qualquer país.
José Roberto Ferro é presidente do Lean Institute Brasil
Site: Época Negócios
Data: 12/04/2016
Hora: 15h28
Seção: ------
Autor: José Roberto Ferro
Foto: ——
Link: http://epocanegocios.globo.com/colunas/Enxuga-Ai/noticia/2016/04/startups-precisam-de-pensamento-lean.html