A crise econômica derrubou mais do que resultados das empresas ao longo do ano passado — o número de trocas de CEOs no Brasil, Argentina e Chile dobrou em 2015. Ao invés de apostar nas pratas da casa, as companhias estão optando por buscar seus novos presidentes no mercado em maior quantidade.
Os dados são de pesquisa da Strategy& PwC, que analisou a rotatividade nos cargos mais altos de 175 companhias de capital aberto da região Cone Sul — que inclui Brasil, Argentina e Chile — bem como nas 2.500 maiores empresas do mundo. Ao longo de 2015, mais de 20% das companhias da região Cone Sul trocaram seus comandantes — quase o dobro dos 11% registrados em 2014. Globalmente, 16,6% das empresas trocaram CEOs, maior número desde o início da pesquisa, há 16 anos.
De acordo com Paolo Pigorini, sócio da Strategy& PwC, o aumento nas trocasde CEOs na região Cone Sul é consequência dos últimos anos de turbulência economia. “A crise econômica e política levou a uma série de situações de baixa performance das empresas, e os escândalos não ajudaram”, diz. Dentre essas trocas, quase 5% foram demissões, 13% foram casos de sucessão planejada e 3,4% foram situações em que o CEO saiu decorrente de uma fusão ou aquisição.
Com resultados fracos e, no caso de empresas envolvidas na Operação LavaJato, a necessidade de renovar a imagem perante o público, a saída de muitas empresas foi apostar em executivoschefes de fora da companhia. Dentre as trocas das empresas do Cone Sul em 2015, 43% trouxeram profissionais do mercado, quase o dobro da média global (23%). Ambos os números, no entanto, representam incremento em relação a anos anteriores e apontam, na opinião de Pigorini, para uma tendência de as empresas estarem mais abertas a candidatos de fora como parte do planejamento sucessório da companhia. “Nos últimos três anos, as empresas estão deliberadamente trazendo CEOs de fora como parte do plano de sucessão, e não apenas em casos de emergência”, diz.
De acordo com o estudo, essa situação acontece com mais frequência quando a companhia está indo mal e quando o presidente do conselho de administração não foi CEO anteriormente e, portanto, tem menos ligação com a empresa. “CEOs de fora também são mais considerados quando o executivo substituído também é de fora, pois a chegada dele motivou uma troca de talentos no time de liderança e acabou criando um vácuo de candidatos”, diz.
Embora a maior parte dos dados aponte os efeitos da crise econômica, Pigorini vê tendências positivas na pesquisa. “Nossas economias passaram por momentos muito turbulentos, mas as empresas não estão simplesmente observando, elas estão se mexendo”, diz o consultor. O maior número de trocas também levou à contratação de mais mulheres — elas representam 12% dos novos CEOs, quando em 2014 não houve nenhuma. Também subiu o percentual de profissionais de setores diferentes da empresa e de executivos mais jovens que no resto do mundo. No Cone Sul, a mediana de idade dos novos CEOs é 51 anos, enquanto globalmente é 53.
Site: Valor Econômico
Data: 19/04/2016
Hora: 9h14
Seção: Carreira
Autor: Leticia Arcoverde
Foto: ——
Link: http://www.valor.com.br/carreira/4529965/empresas-trocam-mais-ceos