Startup usa inteligência artificial para revolucionar o mercado de moda

17/05/2016

A Stitch Fix nasceu em 2011 como um serviço online de compras por assinatura. A ideia central da startup é que consumidores não precisem ir ao shopping center para comprar roupas. Isso porque, estilistas profissionais fazem um trabalho de curadoria e os produtos sejam entregues na porta dos compradores. 

Os especialistas em moda da empresa ganharam um reforço extra para aumentar a satisfação da clientela. A companhia aplicou recursos de IA (Inteligência Artificial) e uma equipe com 60 cientistas de dados para fortalecer o processo.

"Este é o aspecto mais relevante do nosso negócio”, avaliou Eric Colson, Chief Algorithms Officer na Stitch Fix. "Estamos nos tornando mais relevantes e não poderíamos fazer isso apenas com as máquinas ou somente com pessoas”, resume, sinalizando que o segredo está na união dos dois mundos.

Com cerca de 4.400 funcionários – sendo que 2.800 deles trabalham como estilistas, a Stitch Fix ganhou muitas seguidoras mulheres -- e, desde fevereiro, homens também. Foi nessa época em que a empresa lançou a versão beta de serviços para homens.

Os serviços da empresa são voltados para as pessoas que não gostam de fazer compras ou simplesmente não têm tempo de ir até uma loja física ou ficar navegando por páginas e mais páginas em busca de camisetas, calças, suéteres e jaquetas.

Logo de cara, os usuários começam informando o estilo online deles. Você gosta de tops compridos ou curtos? Quais as suas cores favoritas? Você é mais urbano ou hipster, chique Sex in the City ou boêmio? Você prefere jeans em vez de vestidos?

Com base nesses dados, estilistas da Stitch Fix, tanto humanos quanto máquinas, realizaram uma seleção de cinco peças de roupas e acessórios que se adequava ao perfil de cada cliente, alinhando budget e lifestyle. Os clientes informavam o que eles queriam e retornavam com o restante.

Colson, que foi vice-presidente de ciências de dados e engenharia na Netflix antes de se juntar a Stitch Fix em 2012, notou que a companhia estava usando um algoritmo básico de critério de filtros. Se a cliente usasse o tamanho médio, isso poderia ser filtrado com camisetas do tamanho grande ou pequeno. Se ela não gostasse da cor amarela, todos esses itens seriam excluídos.

Com a sua experiência na empresa de entretenimento, cuja base de negócio é a recomendação de filmes e programas para os usuários, executivo sabia que seu projeto de moda poderia fazer muito mais usando todo o aprendizado de máquina.

"Um gerente de produtos da Netflix costumava dizer que se a gente estivesse realmente forte, nós não iríamos querer apresentar algo como cinco recomendações. Apresentaríamos uma e, se fizéssemos isso, nós somente faríamos a recomendação quando o usuário estivesse online", afirma. "Aqui a Stitch Fix foi audaciosa para dizer 'Não se preocupe sobre escolher coisas. Nós faremos isso por você'. Isso era excitante e forte. Isso pode ser feito? É possível?

Sim, é possível.

No final de 2012, a companhia adquiriu seu primeiro algoritmo de aprendizado de máquina, que foi desenvolvido para ficar mais inteligente à medida que lida com mais dados.

"Nós pudemos aumentar o julgamento humano com algoritmos de máquinas", disse Colson. "Nós tivemos que combinar máquinas com a expertise humana. E acabou funcionando melhor do que eu poderia imaginar”.

Hoje a companhia tem centenas de algoritmos, como um algoritmo de estilo que cruza produtos com clientes; um algoritmo que liga estilistas a clientes; um algoritmo que calcula o quão feliz o cliente está com o serviço; e um que mostre quanto e que tipo de inventário a empresa deveria comprar.

A Stitch Fix também possui um algoritmo que aprende por meio das imagens para poder ver os pins de uma cliente no Pinterest e aprender quais os estilos ela mais "favorita" mesmo que não consiga interagir muito bem em um formulário online ou nos comentários.

De acordo com Jeff Kagan, um analista independente do mercado, a empresa provavelmente está à frente de uma tendência pela qual o aprendizado de máquina está chegando às empresas.

"Eu acho que isso é só o começo”, diz ele. "Muitos novos modelos de negócios são formados com a Inteligência Artificial, como o centro dos seus Universos...Nós temos que lembrar que isso é avançado e legal, mas ainda estamos muito no início do processo. Esse é o modelo T para a revolução da Inteligência Artificial. Isso ficará maior e melhor, ano após ano".

No momento, os estilistas humanos da Stitch Fix, a maioria dos quais trabalha remotamente, usam uma interface em que podem ver todas as informações que a companhia possui sobre um cliente – como mensurações, preferências, desejo de se arriscar. O estilista usa a interface para ver comentários sobre fotos previamente publicadas e informações caso tenham um grande encontro ou um casamento para ir e precisem de algo novo para vestir, por exemplo.

Os estilistas também usam a interface para enxergar todas as imagens de produtos que os algoritmos tenham recomendado para o cliente. Isso, diz Layla Katz, uma diretora de estilistas da Stitch Fix, é inacreditavelmente útil.

"Eu percebi rapidamente que a ferramenta se tornou minha melhor amiga (Best friend forever)", afirma Katz. "Isso me deu confiança quando meu olho criativo está dizendo que isso é um match e a ciência diz a mesma coisa...A mágica é como eles se juntam".

Katz, que se tornou uma estilista na Stitch Fix há dois anos e meio, diz que gosta de trabalhar com a inteligência artificial, Segundo ela, isso torna o seu trabalho mais fácil e lhe dá mais tempo para ser criativa.

"Quando um cliente preenche um perfil e está pronto para ser vestido, nós estamos aptos para ver o que os algoritmos estão sugerindo com base nos dados coletados do seu perfil, desde tamanho e localização geográfica, tipo de corpo, preferências de fábrica, cores e preferências em geral”, explica. "Isso ajuda a não ter preocupação sobre a parte mais geral do que o cliente não quer. Então podemos tomar decisões criativas sobre o que vai caber em seu corpo e que tenha a ver com seu estilo de vida.

Sem a I.A. isso poderia levar os estilistas a semanas de trabalho com um cliente para saber o que funcionaria. Mas não entenda Katz da maneira errada, são os estilistas humanos que tomam as decisões criativas.

"Uma vez que nós construímos uma relação com a cliente, nós nos tornamos mais inteligentes (sempre que a vestimos) e os algoritmos tornam-se inteligentes todas as vezes", comenta Katz. "Quando uma cliente decide quais itens seguirão ou ficarão para trás, ela pode voltar ao seu perfil e deixar-nos saber item por item se ela gostou da opção, do preço e da qualidade. Isso vai para o algoritmo e nos ajuda a sugerir mais opções na próxima vez".

Os algoritmos, a princípio, pegam os comentários dos clientes e nos dão um feedback que pode, de forma rápida e fácil, calcular como eles se sentem sobre determinados produtos e estilos. Esse fluxo de informação poderia ser muito para os seres humanos.

"Os humanos são melhores em interpretar o tom e o significado de um feedback textual, mas não podem fazer muito", comenta Colson. "Depois de um tempo eles podem se cansar ou desperdiçar tempo. As máquinas podem guardar em suas memórias muito mais do que nós podemos...A parte desafiadora poderia ser não usar os algoritmos. Isso pode assustar. Pode ser um sopro de fé para colocar seu dedo para o alto e fazer a melhor aposta sobre o que as pessoas irão comprar. Nós temos o benefício dos dados."

Essa habilidade de digerir e analisar tantos dados pode ser o motivo que fez Katz se tornar uma fã do sistema de trabalho da Inteligência Artificial. De toda maneira, muitas pessoas tem medo de que máquinas inteligentes e robôs roubem os seus empregos, disse Dan Olds, um analista da The Gabriel Consulting Group.

"Esta é uma pequena surpresa que os analistas não vêem como tratamento na Inteligência Artificial, a maioria das pessoas acham que a Inteligência Artificial, irá eventualmente tirar os empregos deles", diz Olds. "Mas eu acredito que eles irão ver que I.A auxilia as pessoas em quase todos os trabalhos, particularmente aqueles em que há muitos dados a serem processados”. Quando você pensa na indústria de roupas, uma boa Inteligência Artificial pode ajudar a descobrir um universo de roupas e acessórios para ajudar os estilistas a realizarem seu trabalho de maneira melhor e com mais rapidez.

Katz disse: se unir a um sistema inteligente simplesmente torna o trabalho melhor. "Eu sou uma grande amante de todas as coisas com algoritmos. Sou realmente uma fã real. É genialmente insano o que os algoritmos podem trazer”, finaliza Katz.

 

Site: Computerworld
Data: 16/05/2016
Hora: 17h08
Seção: Negócios
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