UFRJ cria Frente contra a extinção do MCTI

02/06/2016

A comunidade acadêmica recebeu a notícia da extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com pessimismo. A pasta foi unida ao Ministério das Comunicações após o presidente interino Michel Temer assumir o comando do Palácio do Planalto. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) criou uma Frente contra a extinção do MCTI.

De acordo com o professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor de Relações Institucionais do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), a união das pastas coloca os assuntos de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) em segundo plano. “Numa entrevista à TV Brasil o ministro [Gilberto Kassab] basicamente só falou sobre comunicações. Falou apenas um minuto sobre CT&I, mostrando que a comunicação engole a CT&I. Se pressionarmos podemos ter êxito”, disse o diretor referindo-se à revogação da união das pastas. “A área de comunicações tem interesses muito maiores. Grupos empresariais vão ocupar o ministério.”

A Frente contra a Extinção do MCTI promete fazer reuniões, manifestos e pedidos de audiência para unir as entidades representativas dos setores acadêmicos, científicos, tecnológicos, empresariais a professores, pesquisadores e estudantes para sensibilizar o governo Temer sobre a importância da independência do MCTI.

Em carta, a reitoria da UFRJ traça um paralelo da evolução científica e tecnológica do País com a criação e consolidação do ministério que esteve atuante por 31 anos. Em um trecho, a reitoria destaca a relação estreita entre educação, ciência e tecnologia como parte fundamental das pesquisas desenvolvidas nas universidades públicas.

“A institucionalização da pesquisa nos institutos e universidades públicas em todo o País não seria possível sem o Ministério. Em um curto período histórico, o Brasil passou a compor o rol das nações com capacidade de produção de conhecimento em domínios cruciais para lograr avanços sociais e econômicos extraordinários, em virtude do vigor de sua ciência e tecnologia. É inadmissível que todas essas conquistas republicanas e nacionais venham a sofrer retrocessos em virtude do ajuste fiscal”, apontou. Clique aqui para ler a íntegra da carta da Reitoria da UFRJ.

Na semana passada, o ministro Gilberto Kassab se reuniu com a membros da comunidade científica pela primeira vez desde que assumiu o cargo. No encontro, ele afirmou que a união do MCTI e do Ministério das Comunicações traria mais peso político para a nova pasta. Nesta terça-feira (31), ele voltou a defender a criação do novo ministério. Em encontro com a a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Kassab disse haver sinergia e vínculos entre as comunicações, a ciência, a inovação e a pesquisa. “Serão cinco secretarias diretamente ligadas ao ministro, que terá mais força perante à sociedade, e o legitimará a conseguir avançar mais em todos os setores desse novo ministério”.

Na próxima terça-feira (7), o ministro participará de audiência pública no Senado Federal para falar sobre a fusão das pastas. A comunidade científica e tecnológica também pressiona o MCTIC para revogar a decisão de excluir a Secretaria de Política de Informática (Sepin). Em carta enviada ao gabinete do ministro Gilberto Kassab, a Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI) e a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) apontam que a decisão é uma “ameaça de retrocesso” para a indústria de tecnologias da informação e comunicação (TICs).

 

Site: Agência Gestão CT&I
Data: 31/05/2016
Hora: 14h02
Seção: ——
Autor: Felipe Linhares
Foto: ——
Link: http://www.agenciacti.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9044:ufrj-cria-frente-contra-a-extincao-do-mcti&catid=3:newsflash