Grandes empresas perceberam que podem inovar e reinventar seus processos à medida que se aproximam das startups. Por isso, companhias como Natura, Coca-Cola e Itaú têm estreitado relacionamento com pequenos empreendedores e sua forma ágil e diferenciada de pensar os negócios.
Quando criou a plataforma de inovação aberta Coca-Cola Open Up, a fabricante de bebidas estava em busca de ideias que agregassem valor ao seu negócio. Na edição que buscava soluções na área hídrica, uma startup participante do projeto se destacou. Foi a Agrosmart, de Campinas.
O negócio da empresa é monitorar plantações com sensores para ajudar os agricultores a tomar decisões mais precisas em relação à irrigação. "Nossas pesquisas mostram que, com o monitoramento adequado, a economia de água chega a 60% e a de energia, a 20%", afirma Mariana Vasconcelos, fundadora da Agrosmart.
Graças aos sensores conectados, os agricultores conseguem - além de tomar decisões com base em dados fazer - o trabalho a distância, sem precisar estar no campo diariamente.
Quando tomou contato com a solução, a Coca-Cola logo se interessou. Luiz Andre Soares, gerente de valor compartilhado da multinacional, diz que a empresa está levando a tecnologia da Agrosmart para as fazendas dos produtores de maracujá que fornecem para a Coca-Cola. "Faremos um piloto em breve com um número reduzido de produtores.
" Neste ano, o Open Up trouxe mais um desafio. Em parceria com a aceleradora de negócios de impacto social Artemisia, a Coca-Cola vai selecionar 12 startups para uma imersão de três dias em um barco que viajará pelo rio Amazonas em junho. A ideia é reunir pequenas empresas que desenvolvam iniciativas para impulsionar o desenvolvimento socioambiental da região em setores como agricultura sustentável, água e sociobiodiversidade. "Startups têm insights que olham também para grandes processos e podem, dependendo, entrar na nossa cadeia de fornecedores e parceiros." A Coca-Cola não informa quanto investe no Open Up.
A Natura começou a interagir com startups cerca de dois anos atrás. Em um primeiro momento, a fabricante de cosméticos fez uma busca ativa e foi atrás de pequenos negócios que pudessem, de alguma forma, trazer inovações para a companhia. "Fomos filtrando, conversamos com 33 startups e com 13 formalizamos parcerias", afirma Luciana Hashiba, gerente de inovação da Natura.
Uma delas é a Já Entendi, de Curitiba, especializada em educação corporativa para a base da pirâmide. O que a startup faz para a fabricante de cosméticos é traduzir informações técnicas dos benefícios dos produtos em uma linguagem acessível para as consultoras da marca. "Conseguimos mostrar o conteúdo de forma interativa, com o uso, inclusive, de hologramas."
Apesar de a aproximação com as pequenas empresas já vir de dois anos, foi em maio deste ano que a Natura oficializou o lançamento do seu programa Startups. Em uma plataforma online, pequenas empresas apresentam suas ideias e, a partir daí, caso haja oportunidade, podem se tornar parceiras da Natura.
Neste momento, a empresa busca startups que atuem em algumas áreas - todas listadas no site natura.com.br/startups. Entre elas estão tecnologias verdes e materiais de embalagem com menor impacto ambiental, tecnologias que ampliem a experiência de bem-estar dos consumidores com produtos e serviços Natura e novos ingredientes cosméticos e ativos da biodiversidade brasileira.
A Natura não informa o investimento no programa Startups. Diz apenas que investe, anualmente, 3% da receita líquida em inovação.
O Itaú lançou, em 2015, junto com a Redpoint e.ventures, o Cubo-espaço de mais de 5 mil metros quadrados na zona sul da capital paulista que abriga cerca de 50 startups. Conseguir um local de trabalho no coworking do Cubo não obriga a startup a fornecer ou apresentar ideias ao Itaú. Mas a aproximação da instituição financeira com essas pequenas empresas pode, claro, gerar algum tipo de negócio para o banco.
"Nosso objetivo com o Cubo é fomentar o empreendedorismo tecnológico na América Latina", afirma Erica Jannini, superintendente de gestão de TI do Itaú Unibanco. "A proximidade com as startups, no entanto, gera muito aprendizado para as grandes empresas, que atuam em estruturas mais complexas."
Nesse sentido, segundo Erica, o Cubo é aliado do banco, pois permite entender como trabalhar em parceria com as startups e assim identificar oportunidades de melhorias ou inovações em processos, produtos e serviços.
Erica conta que a aproximação já rendeu, inclusive, alguns negócios e projetospiloto para o banco.
Site: Valor Econômico
Data: 30/05/2016
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Adriana Fonseca
Foto: ——
Link: http://www.valor.com.br/empresas/4580093/startup-ajuda-os-grandes-inovar