Mais notíciasDispostos a ocupar nichos ignorados pelas grandes operadoras, provedores de médio e pequeno porte de acesso à internet fixa via banda larga expandiram sua base de clientes numa velocidade três vezes superior à das teles em 2016. Apesar do quadro econômico recessivo, os pequenos provedores e os de atuação regional contavam em 30 de abril com 2,55 milhões de acessos, um total 4% superior ao registrado no fim de 2015.
Enquanto isso, as sete maiores empresas do segmento, juntas, ampliaram sua base em 1,33% nos primeiros quatro meses do ano, segundo dados compilados pela consultoria Teleco. As limitações de alcance e velocidade de conexão da banda larga móvel, principalmente em regiões no interior do país, contribuem para a atratividade dos provedores regionais.
"Há muita área a cobrir no interior do país, devido à falta de estabilidade da banda larga móvel em termos de velocidade", disse Carina Gonçalves, analista da indústria de telecomunicações para a América Latina da consultoria Frost & Sullivan. Ela destaca também a falta de interesse das grandes operadoras em investir em áreas sem perspectiva clara de retorno financeiro.
Independentemente das condições, os pesos pesados do segmento de banda larga fixa continuam a se expandir. "Operadoras grandes, como Net (grupo Claro) e Telefônica Vivo, estão ganhando mercado empacotando serviços", disse a analista, referindo-se à venda de pacotes com diferentes modalidades (telefonia fixa e móvel, banda larga e TV paga).
As operadoras nacionais e regionais (Claro, Vivo, Oi, Algar, TIM, Sky e Sercomtel) somavam 23 milhões de acessos de banda larga fixa ao fim de 2015. Esse total significa um incremento de 4,9% na comparação com o ano anterior. Entre os pequenos e médios provedores, a taxa de expansão foi bem superior: 21,5% para o período.
O avanço também é perceptível em termos de participação de mercado. A fatia dos provedores regionais cresceu mais de um terço desde o fim de 2013, passando de 7,2% para 9,9% em abril deste ano, de acordo com dados da Teleco.
"Pesquisas apontam a banda larga fixa como uma despesa relevante no orçamento das classes D e E. Essas classes já veem o serviço como essencial. Se tiverem de diminuir despesas, preferem cortar a TV paga", compara Carina, da Frost & Sullivan.
Diretor-executivo da empresa de consultoria e pesquisa de mercado Plano CDE, Maurício de Almeida Prado reforça a importância do serviço para a classe C e outros segmentos de menor renda. "As famílias estão trocando carne por frango para não cortar a internet", afirma ele, com base em levantamentos próprios. "A web é a principal fonte de informação, além de ser opção de lazer, meio de comunicação e de ter um papel educacional."
O apetite pelo mercado de serviços de comunicação multimídia (SCM) - categoria que abrange a banda larga fixa - pode ser medido pelo número de autorizações concedidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a empresas interessadas em oferecer o SCM. Até abril, o total acumulado de autorizações concedidas era de 6.179 um salto de quase 50% em pouco mais de dois anos.
"Parte desse movimento é expansão e outra parte, regularização de empresas já existentes", explicou Basílio Rodriguez Perez, presidente do conselho da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint).
Perez conta que a associação sempre considerou o número de licenças concedidas inferior à realidade do mercado. Embora nem todas as licenças resultem efetivamente na abertura de empresas, o presidente do conselho da Abrint disse que a demanda aquecida pelo serviço tem gerado uma onda de regularizações no segmento. "As empresas existentes estão crescendo e, com isto, sentindo necessidade de se regularizar", afirmou.
O aumento no número de licenças de SCM também está relacionado à simplificação pela Anatel do processo de requisição das autorizações, diz Huber Bernal Filho, diretor da Teleco. Desde 29 de abril, a agência reguladora permite a solicitação de outorga do serviço de comunicação multimídia pela internet.
Site: Valor Econômico
Data: 08/06/2016
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Rodrigo Carro
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Link: http://www.valor.com.br/empresas/4592903/provedores-de-banda-larga-crescem-mais-que-teles
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