As aceleradoras, empresas criadas para ajudar startups de tecnologia a cresceram mais rapidamente por meio de aportes financeiros e programas de treinamento, ganharam destaque no Brasil a partir de 2010 fomentando negócios que se tornaram conhecidos, como ZeroPaper e Easy Taxi.
Mas depois de cinco anos de avanço, os aportes feitos pelas aceleradoras engataram a marcha a ré em 2015. Segundo levantamento da Fundacity e da Gust, redes sociais que conectam investidores e startups, antecipado ao Valor, foram mais de US$ 5,5 milhões aplicados, menos da metade dos US$ 11,4 milhões registrados em 2014.
O número de empresas que recebeu dinheiro, no entanto, subiu de 265 para 297. Segundo o estudo, a aceleradora mais ativa foi a paulistana Startup Farm, com 58 investimentos.
A queda no volume de recursos pode ser explicada por dois fatores. O primeiro é a valorização do dólar. Como a maioria dos investimentos é em moeda local, a variação da do dólar impacta diretamente no valor total.
Outro fator que puxou o número para baixo foi a falta de recursos de importantes programas de financiamento: o Startup Brasil, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações? o Seed, do Governo de Minas Gerais, e a aceleradora carioca 21212.
Os programas governamentais foram congelados em 2015 por questões orçamentárias, enquanto a 21212, que investiu em 42 empresas entre 2010 e 2015, mudou seu modelo de negócios após a venda da ZeroPaper para a americana Intuit, passando a gerenciar só um portfólio de 21 empresas.
Para Miklos Grof, cofundador da Fundacity, o resultado de 2015 não pode ser interpretado como sinal de que o segmento vai mal, ou que o modelo de aceleradoras não funciona. Para ele, os eventos do ano são isolados, e não reflexo de alguma tendência. "A crise não afetou tanto o ecossistema. Há uma espécie de mundo paralelo, com startups crescendo a dois dígitos", disse. Para Grof, os investimentos voltarão a subir em 2016.
Grof destaca que houve uma mudança no perfil das aceleradoras. O modelo de negócios inicial, que se baseava na proposta de investir dinheiro nas startups para obter retorno mais à frente com a venda da fatia para outro investidor, não se mostrou o mais eficiente e está sendo substituído por uma aproximação cada vez mais forte de empresas já constituídas. Sob esse modelo, as aceleradoras ajudam as companhias a se aproximar e se relacionar com as startups. A tendência é que esse modelo de atuação se torne cada vez mais comum, disse.
Segundo o levantamento da Fundacity e da Gust, os investimentos de aceleradoras somaram US$ 192 milhões no mundo em 2015, com aportes em 8.836 empresas feitos por 387 aceleradoras. Na América Latina, os aportes totalizaram US$ 31,5 milhões, em 1.333 empresas. O Chile liderou a lista com US$ 15,1 milhões em recursos e 442 aportes.
Site: Convergência Digital
Data: 14/06/2016
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Gustavo Brigatto
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Link: http://www.valor.com.br/empresas/4599139/em-2015-aportes-de-aceleradoras-caem-pela-metade