O quanto as organizações podem economizar com DevOps

26/07/2016

quinta edição do mais completo estudo sobre DevOps, publicada recentemente, oferece uma visão detalhada das implantações, da segurança, da estabilidade e da lealdade dos funcionários em organizações que têm (ou não não) práticas DevOps adotadas com sucesso. Também olha para o quanto as organizações podem economizar com DevOps.

Ao longo dos últimos cinco anos mais de 25 mil profissionais foram entrevistados nestes estudos. A equipe por trás do relatório tem trabalhado de forma incremental, somando novas descobertas às já existentes. A cada ano, eles criam novas hipóteses para ser testadas, o que influencia as perguntas do questionário e a análise das respostas.

Eles afirmam que esta é a quinta edição anual do relatório, mas, na verdade, é a quarta edição disponível publicamente. Para analisar o relatório, eu fiz uma pequena retrospectiva sobre as principais descobertas, veja!

A edição de 2013 afirmou que organizações que implementam as práticas promovidas pelo movimento DevOps tem cinco vezes mais chance de atingir alto desempenho do que aquelas que não praticam. Como alto desempenho, entenda ter uma frequência maior de deployment (publicação em produção), menor lead time (tempo entre o momento em que o time se compromete com alguma entrega e o momento em que ela está disponível em produção), menor volume de falhas ao se fazer mudanças, e recuperação mais rápida, quando uma falha acontece.

Não existem números mágicos sobre essas métricas para dizer que uma organização é ou não de alta performance. Por exemplo, fazer 1, 10 ou 50 deployments por dia. É um processo de melhoria contínua. Quando você atinge a meta, você dobra a meta.

O relatório constatou que quanto mais as práticas DevOps são levadas a sério pelas organizações, melhor o desempenho alcançado. Sim, os melhores estão ficando ainda melhor. Isso explica por que os indicadores de performance continuam melhorando. Onde antes, as empresas de alto desempenho faziam deploy 30X mais frequente, agora é 200X, segundo o relatório. Claramente, o que era considerado estado da arte há três anos, hoje não é mais.

Em 2014, o relatório constatou através dos dados da pesquisa, que o desempenho da TI afeta linearmente o desempenho organizacional como um todo. Essa constatação foi excelente para ajudar a desconstruir a ideia da TI apenas como um centro de custo e ajudar executivos a entenderem o quão estratégico é a TI nessa era de guerra digital.

Além disso, em 2014 eles também introduziram as perspectivas de pessoas e cultura, com a constatação de que a cultura organizacional é determinante e que a satisfação das pessoas no trabalho é o principal fator que influencia o desempenho organizacional. Em outras palavras, uma empresa com pessoas felizes produz melhores resultados.

Em 2015, o relatório veio com indicadores de performance completamente diferentes das edições anteriores. O lead time que antes, para organizações de alto desempenho, era 8.000x mais curto, agora foi reportado “apenas” como 200x menor. As empresas passaram a falhar 10% menos, e segundo o relatório passaram a se recuperar de falha 168X mais rápido do que empresas classificadas como de baixo desempenho. Esse número costumavam ser "apenas" 12x mais rápido. Essas mudanças radicais nos números de um ano para o outro, soa para mim mais como eles reavaliando o entendimento de como interpretar os números da pesquisa, do que realmente esses números sofrendo tal variação de um ano para o outro.

Também em 2015, o relatório começou a ligar DevOps com eficiência do fluxo, afirmando que a gestão Lean - limitar o trabalho em progresso (WIP); introduzir gestão visual; usar dados de monitoramento para ajudar na tomada de decisões; - e as práticas de Continuous Delivery criam as condições necessárias para entregar valor mais rápido, de forma sustentável.

Outra grande descoberta foi que não importa se suas aplicações são “greenfield”, “brownfield” ou legadas. Contanto que suas arquiteturas sejam construídas pensando em “testabilidade” e “deployabilidade”, é possível atingir alto desempenho.

Eles também aprofundaram nos aspectos pessoas e cultura, falando sobre a importância da diversidade, sobre o esgotamento das pessoas no trabalho e como os gerentes de TI desempenham um papel crítico em qualquer processo de transformação.

Em 2016 eles vieram novamente com diferentes indicadores de performance. A frequência de deployment que até então estava sendo reportada como 30X mais frequente para organizações de alto desempenho, dessa vez foi 200x mais frequente. O lead time, que na edição anterior foi reportado como 200x mais curto, este ano veio como 2.555x menor, o que é realmente impressionante! Em contrapartida, onde antes se recuperava de falhas 168X mais rápido, agora esse número é de "apenas" 24x.

O relatório explorou também como iniciativas de transformação pode produzir redução de custos consideráveis para qualquer organização. Isso ajuda executivos e gerentes de TI a entenderem o ROI das iniciativas de DevOps.

Falando um pouco de produtos agora, o relatório afirmou que melhorar qualidade é trabalho de todos e que times de alto desempenho gastam 50 por cento menos tempo corrigindo problemas de segurança do que times de baixo desempenho.

Também, pela primeira vez, o relatório começou a explorar a questão da eficácia, com a constatação de que ter uma abordagem experimental para o desenvolvimento de produtos pode melhorar ambos o desempenho da TI quanto o desempenho organizacional.

Novamente falando de pessoas, o relatório constatou que organizações de alto desempenho possuem funcionários mais fiéis, o que pode fazer uma enorme diferença no jogo de longo prazo.

Observe como os principais indicadores evoluíram ao longo do tempo:

Para mais detalhes, sugiro você baixar e ler os relatórios que contém os fatos que mais chamaram a sua atenção. Só dar um Goolge no nome do relatório que você consegue baixa-lo gratuitamente do site da Puppet Labs, responsável por ele.

Análise de relatório
Mesmo que o número de pessoas participando da pesquisa represente menos de 0,5% dos profissionais de TI em todo o mundo e que as vezes alguns dados parecem meio esquisitos - como por exemplo a variação do lead time ao longo dos anos - este ainda é, sem dúvidas, o estudo mais confiável e abrangente sobre o tema DevOps disponível hoje no mercado.

O relatório tem desempenhado um papel importante na indústria, causando movimento e inspirando organizações a iniciarem suas jornadas!

Em 2014 eu organizei um evento em São Paulo, o ALM Practices, onde esteve presente a Dra. Nicole Forsgren, principal pesquisadora por trás deste estudo. Ela falou para uma plateia de executivos de grandes organizações sobre os resultados encontrados na edição de 2014 e no final do dia, Nicole, eu, e representantes da Odebrecht, TV Globo e Grupo Boticário participamos de uma mesa redonda para discutir como as organizações estavam conduzindo suas jornadas de transformação.

Na mesma oportunidade, seis gerentes de TI compartilharam suas histórias de transformação. Eles compartilharam seus desafios iniciais, estratégias e resultados parciais. Foi realmente uma grande oportunidade, onde todos puderam ouvir histórias reais de jornadas reais. Puderam fazer perguntas e debater pontos de vista diferentes. Eu gosto de pensar que aquele dia nós quebramos alguns mitos, além de desafiar o status quo e expandir a visão de todos os presentes.

Para o próximo ano do relatório, eu gostaria de ver mais histórias como estas, das trincheiras - de pessoas conduzindo e sendo parte de jornadas reais de transformação. Ouvir daqueles que estão trabalhando duro para criar seus próprios unicórnios.

Eu gostaria de ver histórias que retratam os principais motivadores que estão fazendo as organizações se moverem. Será que elas estão se movendo pela visão ou pela dor? Quais são os desafios que estão enfrentando em suas jornadas de transformação? Que estratégias serão usadas para superá-los? Quais são os maiores obstáculos que ainda estão por aí quando falamos de DevOps? Onde essas iniciativas falham? O que podemos aprender com isso?

Como naquele dia, eu gostaria de ver no relatório, mais experiências reais, vinda de praticantes. Experiências relacionadas com sucessos e fracassos. O que funcionou bem e o que não funcionou. Motivadores de negócio, desafios e soluções inovadoras.

Isso ajudaria tremendamente gerentes e profissionais de TI a se sentirem mais confiantes para agir, entendendo como reduzir riscos e tirar o máximo de suas jornadas.

Os dez princípios de DevOps
Antes de pousar na terra dos cangurus, eu liderei mais de uma dezena de iniciativas DevOps em grandes organizações no Brasil. Em todas elas, eu estava sempre seguindo os meus dez princípios pessoais sobre DevOps, que eu compartilho agora com vocês:

# 1 - DevOps é uma jornada. Você nunca vai chegar lá. Nunca acaba.

# 2 – Automatizar um monte de coisas pode fazer verdadeiros milagres, mas DevOps não tem a ver apenas com ferramentas e automação. Você precisa de muito mais do que isso para alcançar negócios de alta performance com pessoas felizes trabalhando.

# 3 - Atinja um estado de fluxo! O segredo está em fazer mudanças pequenas e frequentes.

# 4 - Como um time, todos devem trabalhar no mesmo backbone de ferramentas, processos, tecnologias e linguagens de script.

# 5 – Só existe um ciclo de vida, o do Negócio.

# 6 - Se você não tem a área de negócios envolvida no seu projeto de transformação, acredite em mim, o que você está fazendo não é DevOps!

# 7 – Se concentre em aplicações estratégicas para o negócio e melhore continuamente.

# 8 - Crie o seu próprio unicórnio! Escolha uma aplicação estratégica para o negócio, leve-a para o próximo nível e a torne referência para a sua organização, onde outros produtos e equipes vão buscar inspiração para fazer o próximo movimento.

# 9 - Faça o que precisar ser feito para ajudar o negócio a vencer!

# 10 - Compartilhe os resultados. Ajude outras pessoas a acreditar que elas também podem ajudar a mudar o mundo!

Se você se interessou em ouvir mais sobre cada um dos princípios, por favor, escreva nos comentários abaixo que eu prometo publicar sobre eles.

Jornada de transformação DevOps

Alcançar alto desempenho não é nada fácil. Caso contrário, as empresas que o fizeram não seriam referenciadas no mercado como unicórnios. Para ser honesto, a verdade é que a jornada DevOps é longa e desconfortável.

Ao longo dela, vocês vão precisar repensar algumas estruturas organizacionais; começar a pensar de forma consciente sobre a cultura da sua organização; sobre como é hoje o processo de aprendizado da empresa, como as pessoas aprendem novas coisas; rediscutir a arte de desenvolvimento de software; como tirar o máximo proveito de automação para reduzir os custos de transação; como tirar o máximo proveito da Nuvem para aumentar a escalabilidade, disponibilidade e outros "-dades" que você possa pensar.

Vocês precisam entender como gerenciar filas, explorar a questão da variabilidade, aprender a trabalhar com lotes menores, a controlar WIP, priorizar baseado em dados econômicos e acelerar os ciclos de feedback.

Essas coisas somadas permitem um jogo totalmente novo: o da eficiência do fluxo, da alta qualidade, dos ciclos curtos de feedback, da aprendizagem rápida, da felicidade pessoas. Isso aumenta exponencialmente a capacidade de resposta do Negócio num momento onde os alvos estão em constante movimento.

Para mim DevOps tem a ver com fechar o ciclo eficácia-eficiência. Tudo ao redor do movimento DevOps é para ajudar organizações a descobrir a coisa certa a ser feita (eficácia) e então fazê-la da maneira correta (eficiência).

DevOps é 90% transformação cultural e 10% transformação tecnológica!

 

(*) Márcio Sete é Head of DevOps na Elabor8

 

Site: CIO
Data: 26/07/2016
Hora: 8h31
Seção: Tecnologia
Autor: Márcio Sete
Foto: ——
Link: http://cio.com.br/tecnologia/2016/07/26/o-quanto-as-organizacoes-podem-economizar-com-devops/