Aplicativos desenvolvem base para depois dos Jogos

09/08/2016

Um verdadeiro exército de aplicativos trabalha nos bastidores da Olimpíada para auxiliar os visitantes a transitar a pé, de ônibus ou de carro pelo Rio de Janeiro, a chamar um médico a um toque de tela e a encontrar a programação mais próxima, seja ela esportiva, gastronômica ou cultural. Empresas de tecnologia ou não estão investindo em aplicativos para smartphones para aumentar suas bases de clientes pós­-Jogos Olímpicos.

De olho na demanda de potenciais pacientes que estão no Rio para a Olimpíada, médicos cariocas lançaram, em abril, um aplicativo bilíngue que leva atendimento 24 horas por dia aos hotéis. Foi assim que nasceu o Beep Saúde, para sistema iOS ou Android. Ele funciona segundo a localização do paciente e mostra as opções de médicos disponíveis para atendimento em um raio de até dez quilômetros.

A partir daí, o usuário visualiza o currículo de cada profissional, podendo "beepar" o preferido. Ao final da consulta, o paciente avalia o atendimento, concedendo de 1 a 5 estrelas para o médico. A avaliação conta para a permanência do profissional na rede do Beep. Já são mais de 1,2 mil médicos bilíngues cadastrados.

Até o início dos Jogos, foram investidos mais de R$ 500 mil no aplicativo, que continuará disponível após o evento, não só no Rio, mas também em São Paulo. A ideia é que os turistas peçam reembolso do valor da consulta às operadoras de seguro viagem, mediante apresentação de nota fiscal ou recibo.

"A expectativa é atrair um volume de mais de mil atendimentos durante todo o período dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos", explica o médico e empreendedor Vander Corteze, do Beep Saúde. A cada atendimento, o aplicativo recebe um fee. O download é gratuito e não é cobrada mensalidade do médico ou paciente.

Na área de mobilidade urbana, a Moovit, aplicativo oficial de transporte público da Prefeitura do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos, espera um aumento de 30% de usuários sobre a base pré-­Olimpíada, o que demandou um investimento extra na ferramenta. Vários de seus recursos foram atualizados, a exemplo do mapeamento de cerca de 50 quilômetros de linhas extras e mais de 2,3 mil alterações de trajetos. Para indicar a melhor maneira de chegar ao destino com vários transportes como ônibus, trens ou metrôs, além de bondes, barcas e teleféricos.

"Com a interdição de certas ruas e movimentação alta em outras, já estamos oferecendo mudanças de rotas e atualizações corretas para o usuário não perder tempo", afirma Pedro Palhares, diretor de operações da Moovit no Brasil. No país desde 2013, a Moovit é de Israel e acumula hoje 40 milhões de usuários no mundo ­ 13 milhões deles de mais de 100 cidades brasileiras.

A empresa também faz parte do Centro Integrado de Mobilidade Urbana, que opera no COR (espaço de monitoramento e gerenciamento de crises de trânsito, clima e segurança) junto com operadores das esferas municipais e estaduais. O intuito é ajudar a minimizar transtornos e problemas de deslocamento enviando alertas informativos via aplicativo, conforme o plano de contingência.

O aplicativo compartilha com o COR, em tempo real, os relatórios enviados por usuários referentes à superlotação de trens e ônibus. Com isso, a ideia é mobilizar o órgão competente para intervir e antecipar possíveis problemas

A Moovit também é parceira do RioCard Jogos Rio 2016, cartão de transporte especial durante o período olímpico. Com isso, os usuários que baixam o aplicativo recebem informações atualizadas sobre as opções de integração que o bilhete oferece.

O Waze também trouxe novidades para o seu aplicativo de mobilidade. Uma é divertida e refere­-se a uma nova voz de navegação, batizada de "O Treinador", disponível em inglês e português. A outra é uma funcionalidade que promete ajudar o usuário a descobrir o que está acontecendo nas ruas do Rio em tempo real. O novo microsite do Waze para o Rio permite observar o trânsito em tempo real nas principais áreas e vias da cidade.

A Cisco, apoiadora oficial dos jogos com servidores e infraestrutura de rede, também criou alguns aplicativos para os usuários que estão no Rio de Janeiro durante os Jogos. Dentre eles, destaque para quem estiver na área cada vez mais turística chamada de Porto Maravilha, projeto que visa a revitalização urbana da Região Portuária do Rio de Janeiro. "Implementamos serviços inteligentes lá, que contarão com a colaboração e o engajamento do cidadão", conta Gabriel Bello Barros, gerente de parcerias da Cisco.

Um exemplo é o "App Guia Inteligente", em português e inglês, que gera roteiros turísticos customizados para os visitantes no Porto Maravilha, a partir de seus interesses pessoais e horários desejados como restaurantes, shows e atrações turísticas. Isso é feito a partir das respostas dadas a um questionário inicial. A solução oferece opções de roteiro com base nos dados coletados pela plataforma da Cisco.

Além disso, quatro tótens com a função de estação interativa foram instalados pela companhia. Durante os jogos, o Porto Maravilha funciona como um ponto de concentração dos cariocas e turistas, dada a transmissão de algumas competições e realização de shows. Outro aplicativo desenvolvido pela Cisco é o "Ouça a Cidade", que transforma os dados de Rio de Janeiro em música. Ou seja, dados sobre mobilidade urbana, tempo e engajamento nas redes sociais, podem ser codificados e transformados em melodias originais disponíveis em diferentes canais para o usuário.

A velocidade média dos ônibus, por exemplo, dita o ritmo da música, enquanto a quantidade de pessoas conectadas é representada pelos sons abstratos e atmosféricos. O ritmo e o estilo das músicas mudam de acordo com o fluxo de dados em tempo real, com a curadoria do compositor e designer de som Robert Thomas.

 

Site: Valor Econômico
Data: 09/08/2016
Hora: 5h
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Autor: Françoise Terzian
Foto: ——
Link: http://www.valor.com.br/empresas/4663885/aplicativos-desenvolvem-base-para-depois-dos-jogos