Treinamento Organizacional: O setor de RH como parceiro em tempos de crise.

Vivemos um tempo de instabilidade econômica, moral e organizacional, proveniente de distúrbios econômicos acometidos nos últimos anos no Brasil por um processo de investigação que busca descobrir e evidenciar um complexo sistema de crimes cometidos por políticos, assessores, empreiteiros, executivos de grandes empresas estatais brasileiras dentre outros. Um complexo sistêmico instalou na nação brasileira um clima de tensão e desordem, reivindicações de todas as formas foram vistas às ruas das mais diversas cidades. Tal processo investigativo fez despencar o grau de investimentos do país em função da desconfiança internacional em torno das descobertas e de todo o processo instaurado por terras tupiniquins.

A crise traz consigo um sentimento de que o setor de RH é de grande utilidade para a demissão dos colaboradores e dessa forma os colaboradores passam a temer um convite para se fazer presente à sala do RH. Esse é o momento de desmistificar essa ilusão, pois é nesse momento em que a maioria das empresas passa por uma queda na receita que o verdadeiro papel do setor de RH deve ser exposto aos colaboradores: O setor responsável pelo Desenvolvimento de Recursos Humanos. O setor capaz de modificar realidades negativas no potencial humano, resgatando para mais próximo da gestão aqueles profissionais que estejam necessitados de capacitação, treinamento e orientação.

É fato que nunca antes tivemos tantas empresas fechando seu capital na bolsa de valores por exemplo. Mas temos que lembrar que esse não é o fim de nossas empresas, esse clima de fragilidade serve também para rever processos, rever produtos e rever toda nossa equipe, pois, após um furacão sempre vem à calmaria, contudo, volta à estabilidade e a possibilidade de crescimento e se não tivermos uma equipe preparada, se as pessoas nas organizações não estiverem prontas para o crescimento, a oportunidade de crescer jamais será vista. É fato que grandes empresas surgiram em meio a momentos de crise.

O contexto é sugestivo para pararmos um tempo e dedicarmos nossos olhares para dentro de nossas empresas, avaliarmos o conhecimento de nossos colaboradores e aprimorar aquilo que for necessário para o crescimento da organização em que trabalhamos. Evidenciar os pontos fortes, reavaliar os pontos fracos, pontuar as ameaças e agendar as oportunidades, afinal, essa última pode aparecer a longo prazo. É nesse momento que o Setor de Gestão de Pessoas precisa trabalhar em conjunto com toda a direção da organização para desenvolver as pessoas, e organizarem juntos, novos projetos para a capacitação organizacional. Um treinamento organizacional preciso, tanto quanto cirúrgico, se faz por modular as pessoas a ponto de aprimorarem sua capacidade técnica e crítica para transformar o processo produtivo em um momento empreendedor. É de colaboradores empreendedores que nós Administradores precisamos dentro das organizações.

Identificar qual tipo de treinamento e qual setor será o primeiro a receber o projeto de capacitação deve ser o primeiro passo do setor de RH que tem por finalidade a Gestão de Desenvolvimento Humano (GDH) dentro das organizações. É válido reforçar que a necessidade de treinamento pode ser apreendida como lacunas nos repertórios de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHAs) disponíveis nos colaboradores de uma organização para o trabalho individual ou de determinados grupos e equipes profissionais (ABBAD; FREITAS; PILATI, 2006; SILVA; MENESES, 2012). Elevar o nível dos clientes internos é primordial para a era da informação e do conhecimento, pois não é novidade que o conhecimento passou a ser algo fundamental para as organizações contemporâneas. O conhecimento traz consigo a segurança, contudo, a resiliência necessária para não perder o foco nesse momento de instabilidade.

O treinamento contínuo das pessoas que fazem o processo produtivo organizacional faz parte de uma gestão que de fato visa a qualidade produtiva, e que prima pela qualidade necessária para o crescimento organizacional. Vale destacar que o treinamento é apenas uma das intervenções que afetam o desempenho no trabalho humano nas organizações, dessa forma, deve ser visto como uma das tentativas formais de garantir a aquisição de novos conhecimentos, habilidades e maior compreensão da tarefa, não afetando, necessariamente, condições organizacionais relacionadas ao desempenho (LACERDA; ABBAD, 2003).

É preciso treinar nossos colaboradores, é preciso focar esforços na manutenção dos investimentos nas pessoas, o capital humano é um investimento a curto prazo que forma um legado de capital intelectual sem precedentes quando bem estruturado. De certo, um bom projeto organizacional pode transformar todo clima empresarial, bem como transpor para o ambiente uma segurança capaz de injetar motivação nos funcionários, afastando os sentimentos de medo, angústia e instabilidade que são sintomas de um ambiente que está permeado pela sensação de crise. É momento de descobrir que setores são potenciais para uma reversão do cenário atual, convide o gestor de recursos humanos a se fazer presente no momento do planejamento e trace novos horizontes.

Referências

ABBAD, G.S.; FREITAS, I.; PILATI, R. Contexto de Trabalho, Desempenho Competente e Necessidades em TD&E. In: BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo; ABBAD, Gardênia da Silva; MOURÃO, Luciana. (Org.). Treinamento, Desenvolvimento e Educação em Organizações e Trabalho: Fundamentos para a Gestão de Pessoas. Porto Alegre - RS, v. 1, cap. 12, p. 231-254, 2006.

LACERDA; E. R. M.; ABBAD, G. Impacto do treinamento no trabalho: investigando variáveis motivacionais e organizacionais como suas preditoras. RAC, v. 7, n, 4, p. 77-96, 2003.

SILVA, G. G.; MENESES, P. P. M. Necessidade de treinamento organizacional e motivação para trabalhar. REAd. v. 71, n. 1, p. 27-62, 2012

Site: Administradores
Data: 08/08/2016
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Seção: Carreira
Autor: Ismael de Mendonça
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