A cada dia a sociedade e a economia mundial estão mais envolvidas com os benefícios da internet. O desenvolvimento das tecnologias da informação (TI) possibilita o surgimento de novos mercados de serviços e conteúdos digitais, proporcionando a criação novos métodos de interação entre os usuários, as empresas e os provedores de internet.
Os países da América Latina ainda enfrentam alguns problemas para tornar os serviços mais acessíveis, no entanto a região registra altos índices de desenvolvimento. Entre 2006 e 2013, o número de usuários de internet na região mais que duplicou, saltando de 20,7% para 46,7%. Os dados são do estudo “O ecossistema e a economia digital na América Latina”. Algumas estimativas de especialistas apontam que essa proporção já atinge a marca de 60%.
Um dos principais desafios da região, de acordo com o professor Raul Katz, da Universidade da Columbia, é inserir a internet na estrutura produtiva dos países sul-amaricanos. “Temos que aproveitar todo o investimento feito em TI, promover mudanças nos modelos de negócios, capacitar em massa os empregados e ao mesmo tempo promover pesquisas para incorporar as novas tecnologias na indústria, como a robótica e os sensores. Isso é o que chamamos de Indústria 4.0”, explica o professor. “É isso que dará impulso na produtividade e promoverá o desenvolvimento da nossa região nos próximos cinco ou dez anos.”
Katz foi um dos palestrantes do seminário “A internet na América Latina e a Contribuição econômica do Ecossistema Digital”, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta quinta-feira (15), em Brasília. De acordo com o estudo organizado pelo diretor de Pesquisa de Negócios Estratégicos da Columbia Business School, o crescimento de serviços e aplicativos locais não acompanhou a popularização da internet na América Latina.
Um dos caminhos para vencer as barreiras da inclusão digital e aumentar a produtividade por meio do incremento de tecnologia da informação é a construção de uma política industrial para o setor digital que garanta maior eficiência na alocação de recursos públicos. Segundo Raúl Katz, isso demanda uma agenda nacional estratégica, com objetivos de longo prazo, que unam governos e setor privado, focados em eliminar as lacunas digitais na região.
É necessário também acelerar a disponibilização de espectro eletromagnético às operadoras para atender ao crescimento exponencial do tráfego de dados previsto em função do aumento do número de usuários e da chegada de novas tecnologias, como a "Internet das Coisas" (IoT).
Katz também defende a criação de um mercado digital latino-americano único que permita tirar proveito da do idioma comum (com exceção do Brasil), criatividade e a capacidade de empreender da população da América Latina. “Temos exemplos de que a concorrência pode regular esse mercado. A Netflix vem perdendo clientes na América Latina para a Claro Video, que por ser sediada na região, detém mais conteúdos sul-americanos”, aponta Katz.
A pesquisa propõe a busca por um modelo produtivo baseado no empreendedorismo e na inovação, capazes de desenvolver um setor local de conteúdos, serviços e aplicativos potentes e impulsionar a colaboração público-privada para criar mais riqueza, empregos, serviços e oportunidades para a sociedade.
Dos 100 sites mais visitados da Internet, apenas 26 são locais, e 63% do tráfego é internacional, principalmente em direção aos Estados Unidos, onde estão sediadas as principais empresas da economia digital.
A disparidade do impacto econômico dos diferentes integrantes dessa rede também é grande. A pesquisa mostra que provedores de conectividade (operadoras) geram praticamente dois de cada três empregos e contribuem com três vezes mais impostos – em termos percentuais – do que os outros atores do ecossistema.
Esforço nacional
Estudo produzido pela Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) mostra que os investimentos em hardware, software e serviços no Brasil tiveram um crescimento de 9,2% em 2015 sobre o ano anterior, ao passo que o indicador mundial foi de 5,6%, na média. A expectativa para 2016 é de um crescimento de 3% no Brasil.
O Brasil se destaca como o primeiro em investimento no setor de TI na América Latina, respondendo por uma fatia de 45% da região, ou US$ 59,9 bilhões. De acordo com o secretário da Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Maximiliano Martinhão, o governo federal tem se esforçado para fortalecer o ecossistema digital brasileiro.
“As oportunidades estão aí, mas temos que trabalhar para aperfeiçoar a legislação e as políticas públicas brasileiras, como a Lei de Informática e o Marco Legal de Telecom”, destacou o secretário, que destacou ainda os programas Brasil Mais TI e o Startup Brasil, voltados para alimentar o mercado de TI, respectivamente, com profissionais capacitados e empresas nascentes de base tecnológica fortes.
O diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, Sergio Sgobbi, apontou que o Brasil tem alguns entraves que podem dificultar o crescimento da digitalização de serviços. “Somos um dos países mais caros em investimento para datacenters por causa do custo da energia. Além disso, as empresas do setor tinham mecanismos de deduções fiscais que foram suspensos por conta do ajuste fiscal”, lamentou.
Fonte: Agência gestão CT&I
Data: 15/09/2016
Hora: 15h27
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Autor: Felipe Linhares
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