Governo estuda uso da IoT como política pública no Brasil

19/09/2016

 

A cada dia o mundo digital se posiciona com mais força no mercado global. As mudanças trazidas pelo avanço tecnológico prometem ser um diferencial nos próximos anos. Um estudo realizado em 2015 pelo Fórum Econômico Mundial estima que o impacto da economia digital em negócios tradicionais será de US$ 100 trilhões até 2025. Cerca de US$ 25 trilhões serão movimentados somente nos setores elétrico, logístico, automotivo e na indústria de consumo.

Para o Brasil aproveitar as oportunidades geradas pela economia digital, o investimento em novas tecnologias como a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) foi apontado por representantes do governo como uma estratégia promissora para o desenvolvimento social e econômico do País. Durante o seminário “A internet na América Latina e a Contribuição econômica do Ecossistema Digital”, realizado na quinta-feira (15), em Brasília (DF), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) revelou que elabora um estudo sobre IoT que balizará a criação de políticas públicas.

De acordo com o gerente do Departamento de TIC do BNDES, Ricardo Rivera, o estudo terá um plano de ação que vislumbra medidas a serem implementadas entre 2017 a 2022. Para isso, será feito um levantamento do ecossistema de inovação no Brasil, além de elucidar os impactos que o uso da IoT terá em setores diferentes do País. “Neste contexto se insere parcerias, onde o Brasil pode ser protagonista, além de propor uma política de incentivos para apoiar a implantação dessa agenda, seja com uma nova legislação ou a estruturação de um novo modo de governança”, informou.

A Internet das Coisas permite interligar um objeto a vários outros dispositivos inteligentes que interagem entre si e com as pessoas. Segundo Rivera, a IoT pode ser usada em diferentes frentes no Brasil, como por exemplo no agronegócio, para reduzir a perda de produtos. Na saúde pública, poderia auxiliar na informatização do Sistema Único de Saúde (SUS). Também poderia ser utilizada para desenvolver soluções inteligentes para o crescimento ordenado das cidades.

“São diversas oportunidades. A partir disso, surge a questão: onde focar? O olhar do estudo é atacar as questões como segurança, privacidade, conectividade e olhar duas dimensões: onde a IoT vai gerar impacto na sociedade, seja econômico ou socioambiental? Em que área temos vocação para se apropriar financeiramente dessa onda?”, explicou Rivera.

A expectativa do BNDES é que o estudo seja concluído na metade de 2017. No momento, o edital está na fase final, em que será escolhido uma consultoria para auxiliar na pesquisa. “Com o estudo, esperamos  a alteração do quadro regulatório e o aprimoramento de novas forma de financiamento, desenvolvimento de recursos humanos, incentivos fiscais, integração internacional e a criação de um observatório de IoT como instância de governança para tocar e monitorar as novas propostas que vão surgir”, disse o gerente do BNDES.

Manufatura avançada

Segundo o secretário de Inovação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Vinícius de Souza, o governo aguarda ansioso pelo levantamento do BNDES. “Para IoT, uma das vertentes estudadas pelo governo será na manufatura avançada. Por isso queremos ter evidências e saber onde atuar com políticas públicas em todo um mar de oportunidades na questão de manufatura avançada”, comentou Souza.

Também chamada de Indústria 4.0, a manufatura avançada já deu seus primeiros passos na Alemanha e Estados Unidos, tendo fábricas inteligentes, com altos níveis de comunicação e capacidade de monitoramento de processos. No Brasil, a velocidade na adoção de tecnologias digitais não é percebida nos negócios locais. De acordo com o secretário, o governo tem dificuldade em definir estratégias claras para o desenvolvimento tecnológico.

“Nossos instrumentos estão permitindo isso? Ou seja, os incentivos, não só de financiamento, mas de contrapartida de Lei da Informática, ou da própria Lei do Bem, estão permitindo novas formas de se fazer inovação? Eu acredito que não. Acho que a primeira reflexão que temos que fazer dentro do governo, dentro das nossas políticas, é o que a gente está buscando realmente no final”, comentou.

 

Fonte: Agência Gestão CT&I
Data: 16/09/2016
Hora: 13h10
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Autor: Leandro Cipriano
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