Na luta contra a Shadow IT, os CIOs têm enfrentado os mais significativos desafios. Entre eles, os problemas decorrentes do uso intensivo dos modernos aplicativos de mensagens.A popularidade de aplicativos como WhatsApp, Facebook Messenger, iMessage e Google Hangouts tem, em muitos casos, levado a uma abordagem de TI mais abertas a ferramentas de comunicação concebidas para uso no mercado de consumo também no mundo corporativo.
Ao permitir o BYOD, é quase certo que vários aplicativos de mensagens populares também entrem em jogo. E a responsabilidade pelo uso recai, em parte, sobre o CIO e a equipe de TI. É deles a tarefa de mitigar potenciais problemas gerados pelo uso descuidado de tais aplicativos de trabalho, de acordo com Adam Preset, diretor de pesquisa do Gartner. CIOs devem compreender que os aplicativos de mensagens podem aumentar a eficiência da equipe, mas também ameácar suas organizações. Por isso preciso orientar a escolha e o uso mais seguros, diz ele.
Felizmente para os CIOs, a segurança tornou-se uma prioridade para muitas das empresas que fazem uso intesivo desses aplicativos. O WhatsApp, que tem mais de um bilhão de usuários ativos mensais (MAU), adotou a criptografia ponta-a-ponta como padrão para as mensagens desde fevereiro deste ano, e o Facebook Messenger, que superou um bilhão de MAUs no segundo trimestre, diz já estar testando a criptografia pnta-a-ponta. O Telegram, que tem cerca de 100 milhões de MAUs, gaba-se de ser uma alternativa "mais segura" para "mensageiros do mercado de massa. E o Google também adotou a criptografia ponta-a-ponta para seu aplicativo de vídeo-chamada lançado recentemente, o Duo, bem como e planeja fazer o mesmo para o próximo aplicativo de mensagens, o Allo.
Muitos CIOs reagiram favolravelmente ao uso dos protocolos de criptografia nesses aplicativos de mensagens, mas suas preocupações não deveriam se limitar ao "envio" e "recebimento" de mensagens seguras. "Os termos e condições dos aplicativos de consumo não favorecem o seu uso por empresas. No melhor dos casos, a informação transmitida dentro desses aplicativos é propriedade do indivíduo", diz Preset. Mas esses CIos não podem esquecer que a ausência de ferramentas de controle os torna "dependentes dos proprietários dos disporitivos para administrar grupos, por exemplo. O que pode significar que dados sensíveis podem estar acessíveis a pessoas erradas."
Lapsos de segurança e vulnerabilidades da rede são outras fontes de preocupação quando se trata de aplicativos de mensagens criados para o mercado de consumo, de acordo com Josh Lesavoy, CIO da Nextiva, um fornecedor de VoIP. "Nós não temos controle sobre o que está sendo discutido e compartilhado nesses aplicativos, bem como quem pode invadir o dispositivo onde está instaldo e acessar as informações", diz ele. "A segurança será sempre uma preocupação enorme, mas temos tido uma abordagem mais positiva para educar nossa equipe sobre o uso correto de aplicativos de mensagens."
Trabalhadores mais cautelosos
Lesavoy tenta limitar o impacto negativo potencial dos mensageiros mais populares, reforçando a necessidade dos funcionários estarem mais conscientes da importância da informação que compartilham e armazenam usando esses aplicativos. Os trabalhadores também tendem a ser mais cautelosos quando sabem que seus departamentos de TI monitoram o uso de aplicativos de mensagens, diz ele. "Quando [os funcionários] têm uma compreensão clara dos impactos destas aplicações para toda a organização, descobrimos que eles são mais cuidadosos."
CIOs devem tentar avaliar a frequência com que aplicativos de mensagens são usados ??em suas organizações. "Mesmo um pouco de informação quantitativa é melhor do que nenhuma informação e suposições ruins", diz ele.
Uma vez que os líderes de TI entendam os motivos que levam os funcionários a usar determinadas aplicações, eles podem começar a cultivar uma cultura organizacional baseada em diretrizes capazes de promover um comportamento responsável. Entre outros pontos, é preciso atualizar as políticas de comunicação, lembrar os trabalhadores onde as conversas confidenciais devem ocorrer e prestar especial atenção aos grupos ou indivíduos que gerenciam informações críticas. "A comunicação é como a água", diz Preset. "Flui através do caminho de menor resistência".
Muitos dos clientes do Gartner usam aplicativos de mensagens populares para comunicações comerciais internas. De acordo com uma pesquisa recente da empresa, o WhatsApp é o mais popular na empresa. Como tal, também é alvo da maior preocupação dos profissionais de TI.
Na Nextiva, Lesavoy sabe que muitos trabalhadores da empresa usam o Facebook Messenger e o WhatsApp, e reconhece que a equipe de TI não pode manter o controle sobre esses aplicativos em dispositivos pessoais. Em vez de bloquear esses aplicativos completamente, a melhor opção, na opinião dele, é promover as melhores práticas capazes de mitigar o risco associado.
Do ponto de vista estratégico, visando mobilidade e competitividade, a TI deve servir ao negócio, logo, a opção de permitir o uso desses menageiros sob certas condições e com requisitos claros de conformidade legal e segurança da informação, parece ser um caminho sustentável.
De fato, advogados e profissionais de segurança concordam que a primeira coisa que deve ser feita é a definição clara do escopo de uma norma interna sobre uso de aplicativos sociais. Ela deve conter instruções sobre procedimento de backup (para não perder a documentação da comunicação corporativa), nível de segurança aplicável conforme a classificação da informação (ex: se terá que usar codificação, criptografia ou se há restrição para uso deste canal devido ao grau de sigilo e confidencialidade), entre outros.
Uma das alternativas é prever que o uso destes recursos é uma prerrogativa relacionada a determinados níveis hierárquicos ou funcionais, ou ainda que depende de uma autorização prévia acompanhada da justificativa do negócio.
Por último, deve-se sempre reforçar o dever de cautela e sigilo profissional de todo equalquer colaborador, inclusive dos terceirizados. E deixar claro que quando o conteúdo tiver algum tipo sigilo legal, seja ele bancário, fiscal, judicial ou de propriedade industrial ou intelectual, deve-se buscar usar um canal mais seguro de comunicação, sempre!
Fonte: CIO
Data: 24/09/2016
Hora: 9h38
Seção: Tecnologia
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Link: http://cio.com.br/tecnologia/2016/09/24/os-mensageiros-a-criptografia-e-os-riscos-para-as-empresas/