Empresas brasileiras de TI estão acomodadas, avaliam especialistas

18/10/2016

 

O Brasil tem um dos maiores mercados de tecnologia de informação (TI) do mundo. Dados da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) apontam que o setor gera no País em torno de R$ 100 bilhões de receita líquida e comporta atualmente cerca de 82 mil empresas. O Brasil é considerado a sétima maior economia do planeta em consumo de softwares, movimentando US$ 76 bilhões por ano somente nesse segmento de TI.

No entanto, especialistas avaliam que, para permanecer atuante no setor, é preciso estar atento à crescente expansão do mercado mundial de TI, especialmente com novas tecnologias emergindo, como Internet das Coisas (IoT), big data, computação em nuvem, entre outras. De acordo com o vice-presidente de Operações da Softex, Diônes Lima, as empresas brasileiras de TI se mantêm focadas somente no mercado interno por gerar muitos dividendos. Isso cria barreiras para que os empresários pensem de forma global, deixando de inovar e perdendo competitividade.

“Embora TI e inovação nunca deveriam se separar, as empresas brasileiras desse setor não são tão inovadoras”, afirmou Lima durante o seminário “Sextas da Inovação”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) nesta sexta-feira (14), em Brasília (DF).

Segundo o representante da Softex, por ter um mercado interno aquecido, o enorme potencial do País de fornecer TI para o mundo é desperdiçado. “As empresas de TI do Brasil se ‘acomodam’ por ter um mercado interno muito bom. Por elas não terem um DNA global – e para isso tem que ser inovador –, elas perdem para quem chega no Brasil para competir com elas.”

Na visão do vice-presidente, esse comportamento terá como consequência um segmento de TI cada vez menos competitivo globalmente. “A missão é ajudar essas empresas, que tem um altíssimo potencial, a se tornarem globais. Por mais que elas não queiram exportar e internacionalizar, mas elas devem ter a capacidade de competir par a par com as companhias internacionais. É preciso perder o medo de testar novas tecnologias e ideias”, disse.

Comodidade

Tony Ventura, consultor em Inovação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), também destacou que uma das maiores dificuldades das grandes empresas brasileiras de TI em inovar é a comodidade.“Quem está ganhando muito dinheiro está cômodo e tem medo de mudar. E quem não está ganhando, quer seguir o mesmo caminho para lucrar. É um círculo vicioso”, comentou.

Também fundador da Associação de Start-ups e Empreendedores Digitais do Brasil, Ventura acredita que haja poucas empresas e startups que estão ‘fora da curva’ e ganhando dinheiro investindo em inovações. “Quando isso for comum, aí sim outras empresas vão inovar, tanto grandes como as que estão começando”, previu.

Startups

Iniciativas para auxiliar startups a se internacionalizar estão sendo planejadas, segundo o vice-presidente de Operações da Softex. Uma delas é na Start-Up Brasil, programa do governo federal de fomento às empresas nascentes de tecnologia. “Um dos futuros pré-requisitos de trabalho do processo de aceleração é que a startup se torne global e tenha capacidade de competir com as startups que querem se instalar no Brasil. Esse será um dos focos”, informou.

Para fazer isso, um novo modelo para a Start-Up Brasil está sendo discutido pelo governo. “Com a nova gestão de governo, estão pensando em conversar com a comunidade, e com isso criar uma nova cara para esse programa. Vamos tentar também fechar um convênio para facilitar a importação de insumos. Queremos criar algum modelo para que as aceleradoras, por exemplo, possam fazer as importações para entregar às startups”, ressaltou.

A previsão era que a quinta chamada do Start-Up Brasil fosse ser lançada em outubro deste ano, mas o edital não saiu. De acordo com Lima, a expectativa é que chamada pública seja liberada até o primeiro semestre de 2017. Nas últimas quatro fases do programa, um total de 183 startups foram aceleradas. Elas registraram juntas crescimento de 184% em faturamento durante os nove meses de acompanhamento.

 

Fonte: Agência Gestão CT&I
Data: 14/10/2016
Hora: 20h16
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Autor: Leandro Cipriano
Foto: Reprodução
Link: http://www.agenciacti.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9764:empresas-brasileiras-de-ti-estao-acomodadas-avaliam-especialistas&catid=1:latest-news

 

Comentários

  • Ricardo Donner 31.12.1969 21:00
    Prezados Srs. :
    bom dia ! Discordo totalmente das afirmativas desta materia. As empresas brasileiras de TI (de maneira geral) não estão acomodadas. Compitem em pe de igualdade com diversos fornecedores estrangeiros e atuam num mercado com poucos incentivos e alta carga tributaria. Sugiro fazer nova materia COMPARANDO a situação das empresas de TI no Brasil com outros paises (exemplo Mexico , Argentina , USA); especialmente carga tributaria e incentivos. Grato