As startups de serviços financeiros, ou "fintechs", ainda estão dando os primeiros passos no Brasil, mas isso não impede que um movimento de consolidação já comece a se desenhar no setor. E engana-se quem pense apenas em bancos buscando as iniciantes para, muitas vezes, incorporar inovações. Operações entre startups também serão uma realidade.
A primeira operação desse tipo acaba de ser fechada pela Vindi, que ajuda empresas e pessoas físicas a receberem pagamentos recorrentes por produtos e serviços vendidos. Por R$ 500 mil, a companhia de três anos comprou 90% da mineira Aceita Fácil, que faz um sistema de pagamentos on-line. Com a operação, a Vindi amplia seu alcance e passa a atuar também como meio de pagamentos.
"Percebemos que estávamos perdendo muitos negócios para outras empresas [ PagSeguro, MoIP etc.] por não oferecer essa opção aos clientes. Agora, ganhamos força para entrar em mercados em que não atuávamos, como o comércio eletrônico", disse Rodrigo Dantas, presidente e fundador da Vindi.
A compra acelera os planos da empresa, que levaria ao menos seis meses para desenvolver do zero um sistema de pagamentos próprio. Pelo acordo, a Vindi vai investir mais R$ 700 mil na Aceita Fácil - mesmo valor que seria desembolsado para o desenvolvimento interno. De acordo com Dantas, a Aceita Fácil será mantida como uma empresa independente.
Segundo o Radar FintechLab, o Brasil tinha, em setembro, mais de 200 "fintechs" praticamente um terço na área de pagamentos. Um número considerável para um setor que começou a se desenvolver, de verdade, a partir do fim de 2013. Dentre as iniciantes, 95% ainda não têm receita, ou vendem apenas R$ 50 mil por mês. A falta de um modelo de negócios sólido não é incomum entre empresas de tecnologia em estágio inicial de desenvolvimento.
Mas, se nos Estados Unidos e na Europa isso é considerado saudável e até esperado, no Brasil não costuma ser um modo de operação aceito por muito tempo. Como por aqui a tolerância ao risco é bem menor por conta da remuneração oferecida pelos títulos públicos, empreendedores são levados a traçar planos com perspectivas bem mais concretas para os seus negócios. E o horizonte de ter negócios que, somados, valham mais do que cada empresa, deve ser o grande impulsionador para que transações entre startups sejam fechadas.
Os especialistas ponderam que não é possível dizer, obviamente, que isso vai começar a acontecer de forma acelerada no curtíssimo prazo. Uma operação de fusão ou aquisição leva tempo para ser fechada e começar a dar resultado, o que pode tirar um pouco da atenção ao dia a dia do negócio. Mas consideram certo que mais anúncios desse tipo surgirão em breve.
Fonte: Valor Econômico
Data: 03/11/2016
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Gustavo Brigatto
Link: http://www.valor.com.br/empresas/4763847/fusao-entre-fintechs-da-primeiros-passos-no-pais