6 requisitos para sua startup crescer sem investimento externo

09/11/2016

 

Fundada em 2013, a MaxMilhas foi criada com base em uma ideia simples: conectar gente que quer viajar a pessoas que desejam vender as próprias milhas. Max Oliveira, o criador da startup, pensou nisso ao tentar comprar uma passagem aérea de Vitória a São Paulo para visitar a namorada.

Depois de um problema no site de vendas, ele precisou reiniciar todo o processo e viu o preço inicial saltar de R$ 100 para R$ 500. “Resolvi sair ligando para amigos, parentes, qualquer um que pudesse me vender suas milhas”, diz. “Por ser pão duro, tive a ideia para a minha startup.”

Hoje, a MaxMilhas, que no mês inicial vendeu apenas sete passagens, espera movimentar 2,3 bilhões de milhas neste ano. O número responde a 3% do total de milhas do mercado brasileiro e, se corresponder às expectativas de Oliveira, deve chegar a 12% em 2017. Um dos principais valores da startup desde o princípio é crescer se utilizando do bootstrapping.

O termo, muito comum no mundo das startups, remete à estratégia de crescer sem investimento externo, apenas com os próprios recursos. Oliveira, entusiasta da tática, falou sobre o assunto no segundo dia do CASE 2016, conferência de startups que acontece nesta semana.

Contando a própria experiência bem-sucedida, ele falou dos requisitos para ter sucesso no uso do bootstrapping e deu dicas à uma plateia de empreendedores para tirar melhor proveito da técnica.

1. Bootstrapping não é para iniciantes

“Geralmente se diz que o bootstrapping é para quem já tem muita experiência e passou por várias startups. Comigo não foi assim. Eu não fui o garoto de 13 anos que, aos 16, já estava vendendo a sua primeira empresa. Mas tive muita experiência no mercado de trabalho, passando pela Vale e pela Ambev como engenheiro de produção, e percebi que eu era empreendedor dentro dos lugares por onde eu havia passado. Essa experiência foi fundamental conforme apareceram as primeiras dificuldades da MaxMilhas. Se fosse dez anos antes, teria sido muito mais difícil.”

2. É impossível

“O termo vem de ‘alça de botas’, no inglês, e era usado no século 19 para designar algo tão impossível quanto levantar a si próprio pela alça das botas. Portanto, sim, é muito difícil. Há quatro anos dizíamos que eu e mais dois ‘zé manés’ iríamos criar algo que revolucionaria o mercado aéreo, falavam ‘impossível’. Gosto muito de uma frase que ouvi certa vez: ‘se não existisse o impossível, até onde você conseguiria ir?’. É preciso dar o primeiro passo e ele é o booststrapping.”

3. É necessário um grande esforço do empreendedor e do time inicial

“No começo pensamos que os todos os vendedores emitiriam suas passagens dentro do prazo e logo vimos que isso não aconteceria. Eles estavam trabalhando ou viajando, não tinham tempo. Pensávamos também que as pessoas iriam fornecer facilmente as informações de acesso aos programas de fidelidade, o que também se mostrou errado. Por isso, tivemos que que nos desdobrar para atender a todas essas demandas no começo. Hoje temos uma equipe que atua de madrugada, mas antes nós cumpríamos esse papel.”

4. Várias hipóteses, muitas validações

“Não tínhamos planejamento, mas algumas hipóteses a serem validadas. Uma delas era a de que não havia a presença de fraudadores. Entretanto, quando completamos quarenta vendas, a primeira fraude aconteceu. Um vendedor lesou uma compradora. Quando se usa o bootstrapping é preciso aprender e agir rápido. Consertamos logo o problema e estipulamos novas regras, por exemplo, a de que só o titular das milhas pode vendê-las. A compradora lesada é nossa cliente até hoje.”

5. Dê importância à sua intuição

“Pouco depois desse episódio, estava voltando para Belo Horizonte e me ligaram dizendo que as vendas estavam aumentando. A sensação de felicidade logo deu lugar à de desconfiança: não havíamos feito nada para que elas crescessem. Desconfiamos e descobrimos que era a segunda fraude, dessa vez do lado dos compradores. Deu tempo de retirar o nosso dinheiro do banco e evitar o golpe que tinha potencial de falir a empresa. Sou engenheiro e adoro dados, mas às vezes a gente precisa confiar na intuição, nem sempre dá tempo de levantar e avaliar todas as informações necessárias.”

6. Foco claro no cliente desde o primeiro momento

“Falar em ‘foco no cliente’ pode ser um clichê, mas, no bootstrapping, isso é ainda mais fundamental. No fundo são os clientes que estão investindo no negócio e mantendo ele de pé. É preciso saber o que eles querem e fazer da sua ideia algo que realmente mude a vida das pessoas. Caso contrário, o produto ou serviço não terá tração, escala.”

 

Fonte: PEGN
Data: 08/11/2016
Hora: ------
Seção: ------
Autor: Luan Freires
Link: http://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2016/11/6-requisitos-para-crescer-uma-empresa-sem-investimento-externo.html