A Accenture criou o protótipo de um novo recurso que permite edição de blockchain em circunstâncias excepcionais para resolver erros humanos, acomodar exigências legais e regulatórias, assim como tratar potenciais falhas ou outras complicações, porém preservando as principais características criptográficas.
De acordo com a companhia, a solução representa um avanço significativo no uso corporativo da tecnologia, particularmente para bancos, seguradoras e mercados de capitais.
A invenção é projetada para blockchains privados, também conhecidos como "permissionados", os quais são gerenciados por administradores designados sob regras de governança pré-estabelecidas.
A Accenture afirma que o protótipo não é projetado para sistemas "não permissionados", como o sistema de criptomoeda que suporta o Bitcoin - que é aberto e descentralizado, em que a ausência de uma única autoridade governante faz com que o armazenamento permanente, ou "imutável", seja absolutamente vital."À medida que focamos em novos usos para a tecnologia blockchain, além do campo da criptomoeda, a imutabilidade absoluta vai se tornar tanto uma virtude quanto um vício", destaca Richard Lumb, executivo da prática de serviços financeiros da empresa.
O executivo reforça que para sistemas de criptomoeda descentralizados, essa contabilidade permanente tem sido crucial na construção da confiança entre os participantes. “Mas para as instituições de serviços financeiros, que enfrentam uma série de requisitos regulatórios e de risco, a imutabilidade absoluta é um obstáculo em potencial. Nossa invenção estabelece um equilíbrio para o uso empresarial, que preserva o valor fundamental da tecnologia, enquanto permite a adoção corporativa".
Como o blockchain editável funciona
Com a tecnologia de blockchain convencional, se alguém tentar fazer uma alteração em um bloco, ele "quebra a matemática", ou a cadeia de algoritmos, que mantém os blocos de informação juntos. A menos que um número suficiente de participantes aceite a mudança, o sistema essencialmente a rejeita, deixando o blockchain intacto e criando um rastro de evidência da adulteração.
Assim, se um número suficiente de participantes concordar com a mudança, uma bifurcação pode ser adicionada, com uma ponta terminando ou divergindo do bloco com defeito e outra que continua adiante a partir do bloco corrigido. Depois que um bloco é corrigido, todos os subsequentes devem ser reconstruídos, o que pode ser arriscado e caro e, em alguns casos, praticamente impossível.
O protótipo da Accenture proporciona uma alternativa à tecnologia existente. Os blockchains propostos são imutáveis para os usuários do sistema, mas, quando necessário, os administradores designados, atuando dentro das regras acordadas de governança, podem editar, reescrever ou remover blocos de informação sem quebrar a cadeia. Isso é possível por meio da utilização de uma nova variação da função hash conhecida como "camaleão", que pode recriar algoritmos que ligam dois blocos separados, utilizando chaves privadas seguras.
A invenção também oferece um recurso no qual qualquer edição feita para um bloco deixa uma "cicatriz" imutável, indicando que o bloco foi alterado. A Accenture e o cocriador do protótipo, Giuseppe Ateniese, entraram com pedidos de patente para a invenção nos Estados Unidos (US 15 / 253.997) e na União Europeia (EP 164 250 86.2).
Demanda no mundo real
Para a companhia, a necessidade de recursos de redação para sistemas blockchain permissionados surgiu recentemente, quando dezenas de milhões de dólares foram furtados de outro sistema de moeda digital, devido à problemas de codificação em um "contrato inteligente" - um programa de software que reside em blockchains, e que automaticamente executa as transações quando eventos pré-acordados ocorrem.
"À medida que as soluções de blockchain ganham impulso nos serviços financeiros e demais indústrias, mais e mais situações do mundo real vão surgir em que as informações numa blockchain precisam simplesmente ser alteradas ou removidas", comenta David Treat, diretor executivo da prática de blockchain para o Mercado de Capitais da Accenture.
"Nossa solução faz com que seja possível lidar com situações de uma forma previsível quando as coisas dão errado, e atender as novas exigências legais e regulatórios em constante transformação, como o "direito de ser esquecido", e outras regras de privacidade e retenção de dados. Um formato editável de blockchain vai tornar a tecnologia mais prática e útil para sistemas corporativos e acelerar a sua adoção. Ela combina a confiança que vem da imutabilidade com o pragmatismo necessário em um mundo imperfeito".
Fonte: Computerworld
Data: 08/11/2016
Hora: 12h01
Seção: Tecnologias Emergentes
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Link: http://computerworld.com.br/accenture-cria-prototipo-de-blockchain-editavel