Como as grandes empresas podem unir forças com as startups

28/11/2016

 

O momento atual do país aponta para uma recuperação lenta da economia. Um dos motivos apontados pelos economistas é a ausência de gatilhos. As exportações estão prejudicadas por um mundo cada vez mais protecionista, pós-Trump e pós-Brexit, as famílias e as empresas estão endividadas, a ociosidade da indústria está elevada e o gasto público está como todos sabem. Neste cenário, a saída é através da exploração de mercados ainda não explorados e/ou com ainda grande potencial para serem trabalhados, e este caminho pode ser trilhado se as empresas se aproximarem das startups.

Essas empresas nascentes que possuem alto grau de inovação no seu produto/serviço e/ou modelo de negócio, utilizam da tecnologia da informação como plataforma para modelos que buscam a escala. E com a aceleração do desenvolvimento tecnológico, vemos cada vez mais negócios que não eram possíveis de ser imaginados há poucos anos resolvendo questões complexas da sociedade e explorando mercados bilionários praticamente intactos.

Vale ressaltar que o envolvimento das grandes organizações é um dos elementos importantes de um ecossistema inovador maduro. Elas são responsáveis pela transferência de tecnologia, conhecimento e contatos. Além disso, através dos seus canais de distribuição já estabelecidos, podem colaborar muito na distribuição de serviços e produtos das startups que estão nascendo e não conseguem fazer essa mesma tarefa com tanta facilidade.

Sim, é uma relação ganha-ganha óbvia. Contudo, isso não é tão simples. Fazer uma hackathon e acreditar que só isso irá fazer da sua empresa mais inovadora é o primeiro e mais comum equívoco das grandes empresas. E até mesmo para aquelas que possuem projetos mais avançados como realizar investimentos, comprar ou contratar startups, também podem esbarrar numa série de questões que podem levar à uma frustração nesta experiência. As diferenças de cultura corporativa, processos complexos e longos ou falta de clareza sobre quais negócios terão real impacto podem dificultar e desandar essa relação.

Se é assim, como podemos proceder? Para que esta aproximação seja produtiva para ambos os lados, é importante seguir um passo a passo que permita tirar um melhor proveito desta parceria. Este passo a passo vem sendo construído pela Startup Farm em seu trabalho de apoio a empresas desde o seu primeiro dia de operação.

A primeira coisa a fazer é ajudar a empresa a ajustar o seu mindset e a cultura corporativa, e torná-los mais próximos de uma cultura startup. Isso significa levar para dentro da empresa um espírito mais empreendedor e inovador. Eric Ries, criador do conceito lean startup, acredita que empresas de quaisquer porte podem ser inovadoras, se sua cultura corporativa assim o permitir. Combinado a isso, a formação dos executivos que estiverem nesta frente como mentores e defensores da causa é passo crítico neste processo.

Com isso, é possível posicionar as empresas como startup friendly, ou seja, ser reconhecida no mercado como parceria das startups, como uma empresa aberta para tal e, principalmente, preparada para se relacionar com uma startup. Isso envolve um trabalho que parte desde comunicação, ou seja, a adoção de um tom de voz mais amigável a pessoas de perfil inovador. Também inclui a adequação de processos corporativos. Por exemplo, as políticas tradicionais de compras corporativas impedem contratos com empresas sem histórico de faturamento, como acontece com muitas das startups.

Outro passo importante é se relacionar com os demais atores do ecossistema. Além das startups em si, este relacionamento envolve universidades, investidores, prestadores de serviço, mídia especializada, órgãos públicos incubadoras e aceleradoras, por exemplo. Essa rede de suporte que se forma cria o ambiente adequado para que o empreendedor, fundador, encontre os insumos necessários para iniciar seu negócio de risco, a startup.

Também é importante mapear tendências, para identificar quais as tecnologias que vão mudar o negócio da empresa. A Startup Farm, por exemplo, consegue antecipar em até dois anos quais tecnologias estarão disponíveis em cada mercado ou setor da economia, uma vez que trabalhamos com startups que estão nascendo.

Por fim, e só por fim, fazer negócios, ou seja, contratar, adquirir ou investir em startups.

Como disse, a Startup Farm vem aplicando e desenvolvendo esta metodologia desde sua fundação em 2011. Entre os diversos projetos de consultoria para empresas destacam-se:

Visa: parceria firmada em 1 de setembro de 2016, envolve patrocínio a todas as iniciativas realizadas pela Startup Farm no período de um ano, incluindo programas, workshops, meetups e outras iniciativas próprias. Além disso, nessa parceria, a Farm será responsável por uma série de atividades de disseminação da cultura startup na organização e formação dos executivos para se relacionarem com este ecossistema.

IBM: parceria estratégica, que abarca, entre outras iniciativas, patrocínio ao programa de aceleração e edições do Startup Farm Day e a curadoria do IBM Smart Camp Brasil, competição anual de startups promovida pela empresa em todo o mundo

Futurecom: desde 2013 a Startup Farm organiza o Startup Session da Futurecom

Quando esta interlocução dá certo, o ecossistema empreendedor gera diversas oportunidades para as empresas: apresenta novos mercados criados pelas startups, identifica oportunidades de economia de recursos ou torna os processos mais eficientes. Para as startups, é uma oportunidade de ter acesso ao conhecimento destes executivos, sua rede de contatos, tecnologia, canais de distribuição e, assim, desenvolver e escalar o seu negócio. Para a economia como um todo, acredito ser uma saída inteligente para nos tornarmos mais competitivos no cenário global e finalmente encontrarmos um caminho sustentável para o crescimento de longo prazo.

Alan Leite - CEO da Startup Farm

 

Fonte: Administradores
Data: 26/11/2016
Hora: 13h17
Seção: Negócios
Autor: Alan Leite
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Link: http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/como-as-grandes-empresas-podem-unir-forcas-com-as-startups/115113/